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Aumento do IOF ameaça competitividade da indústria eletroeletrônica, alerta Abinee

Aumento do IOF ameaça competitividade da indústria eletroeletrônica, alerta Abinee

Entidade pede ao governo revisão urgente da medida que encarece o crédito e compromete investimentos na modernização industrial e na transformação digital do país

O recente aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações de crédito acendeu um sinal de alerta no setor eletroeletrônico brasileiro. A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) manifesta profunda preocupação com os impactos diretos dessa medida, que encarece o financiamento de insumos, equipamentos e investimentos produtivos — pilares fundamentais para a modernização da indústria nacional e para a transformação digital da economia.

Segundo a entidade, a majoração do IOF representa um obstáculo adicional para o desenvolvimento da indústria, especialmente em um momento em que o país enfrenta desafios estruturais para elevar sua competitividade no cenário global. Em nota oficial, a Abinee destaca que a elevação do custo do crédito impacta diretamente as empresas que operam com alta intensidade de capital, muitas das quais são voltadas à inovação, ao desenvolvimento tecnológico e à construção de soluções estratégicas para o país.

Setor estratégico sob pressão

A indústria eletroeletrônica é uma das que mais demandam operações de crédito, seja para aquisição de insumos e bens de capital, seja para financiar projetos de longo ciclo produtivo, como linhas de montagem, equipamentos industriais e sistemas de automação. O aumento do IOF sobre essas operações impõe não apenas uma elevação dos custos, mas também uma restrição direta à capacidade de investimento das empresas — sobretudo das pequenas e médias, que já enfrentam maiores dificuldades de acesso a financiamento.

Na prática, isso significa travar investimentos em modernização de parques fabris, desacelerar a digitalização da indústria e comprometer a expansão de setores estratégicos, como energia, telecomunicações, automação e infraestrutura. “Estamos falando de cadeias produtivas que são fundamentais para a segurança energética, a soberania tecnológica e o desenvolvimento sustentável do Brasil”, ressalta a entidade.

Competitividade em risco

O alerta da Abinee ganha ainda mais relevância quando comparado ao cenário internacional. Países desenvolvidos, cientes da importância da reindustrialização e da autonomia tecnológica, têm adotado políticas fiscais e financeiras voltadas à redução do custo do crédito, incentivo à inovação e estímulo à digitalização dos setores produtivos. No Brasil, no entanto, a elevação do IOF segue na contramão dessas diretrizes.

O aumento da carga tributária sobre operações financeiras que sustentam a atividade produtiva compromete a competitividade da indústria nacional e aprofunda a desigualdade no acesso ao crédito. Na avaliação da Abinee, medidas com esse caráter predominantemente arrecadatório não contribuem para a superação dos desafios fiscais do país e, ao contrário, fragilizam o ambiente de negócios, desincentivam investimentos e retardam a recuperação econômica.

O Brasil já figura entre os países com maior carga tributária incidente sobre o setor produtivo, cenário que limita a geração de empregos de qualidade, desestimula o empreendedorismo e reduz a capacidade de atração de investimentos estrangeiros.

Apelo ao governo e diálogo institucional

Diante desse quadro, a Abinee encaminhou formalmente ao ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, um pedido para que o governo reavalie com urgência a decisão de aumentar o IOF sobre operações de crédito. A entidade defende que o equilíbrio fiscal do país deve ser construído a partir do crescimento econômico sustentável, da ampliação da base produtiva e do estímulo à inovação, e não por meio de elevações tributárias que penalizam setores essenciais.

A Abinee destaca que a indústria eletroeletrônica representa um vetor estratégico para a transformação digital do Brasil, para a transição energética e para o desenvolvimento de uma economia mais limpa, eficiente e tecnologicamente avançada. Nesse contexto, a entidade considera incoerente a adoção de medidas que onerem esse setor justamente em um momento em que os demais países seguem na direção oposta.

O posicionamento da entidade reforça seu compromisso com o diálogo institucional e com a construção de uma política industrial que seja capaz de impulsionar o desenvolvimento econômico, preservar a competitividade das empresas nacionais e promover a geração de empregos qualificados.

Caminhos possíveis: crescimento com sustentabilidade

O setor industrial defende que o caminho para o equilíbrio das contas públicas passe por reformas estruturantes, melhoria do ambiente de negócios, ampliação da produtividade e incentivo à indústria de base tecnológica. A Abinee conclui que é fundamental criar condições favoráveis para que as empresas possam investir, inovar e crescer, o que resultaria em aumento da arrecadação de forma sustentável, sem impor penalidades àqueles que produzem e geram empregos.

Se o governo optar por manter a majoração do IOF, o impacto poderá ser profundo e prolongado, afetando diretamente setores que são alicerces da economia digital, da transição energética e da reindustrialização nacional.

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