Saída antecipada foi negociada com o Conselho de Administração; William França assume interinamente o cargo
Em um movimento estratégico que sinaliza ajustes internos na sua governança, a Petrobras anunciou, nesta terça-feira (27 de maio de 2025), o encerramento antecipado e negociado do mandato de Mauricio Tolmasquim, até então Diretor Executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia.
A decisão foi aprovada em reunião do Conselho de Administração (CA), que também deliberou que o atual Diretor Executivo de Processos Industriais e Produtos, William França, assumirá interinamente, de forma cumulativa e sem prejuízo de suas funções originais, o comando da Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade a partir do dia 28 de maio de 2025.
A mudança ocorre enquanto a companhia aguarda a definição e eleição do novo titular definitivo para a área, considerada hoje uma das mais estratégicas não apenas para a Petrobras, mas para todo o setor energético nacional, diante dos desafios globais da transição para uma economia de baixo carbono.
Sinalização de novos rumos na agenda de sustentabilidade
A saída de Mauricio Tolmasquim, que vinha ocupando um papel central na formulação das políticas de descarbonização e diversificação da matriz energética da Petrobras, abre espaço para reflexões sobre os rumos da companhia no contexto da transição energética, especialmente em um cenário global de crescente pressão por compromissos ambientais robustos.
Desde que assumiu a diretoria, Tolmasquim foi responsável pela condução de projetos voltados à expansão das energias renováveis, hidrogênio de baixo carbono, captura e armazenamento de carbono (CCUS) e eficiência energética, pilares centrais do plano estratégico da companhia para os próximos anos.
Embora o comunicado não detalhe as motivações específicas para o encerramento antecipado, a Petrobras destaca que a decisão foi tomada de maneira negociada, mantendo o alinhamento institucional e a continuidade das atividades até a transição para o próximo executivo.
Interinidade estratégica: William França assume a diretoria
Ao designar William França para assumir interinamente a Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, o Conselho de Administração sinaliza a necessidade de garantir a continuidade dos projetos em curso, ao mesmo tempo em que realiza uma avaliação criteriosa para a escolha do novo diretor.
William França já ocupa a posição de Diretor Executivo de Processos Industriais e Produtos e, portanto, traz para a função uma visão integrada dos desafios operacionais e industriais da Petrobras. A sua atuação cumulativa tem o objetivo de assegurar que não haja descontinuidade nas ações relacionadas à sustentabilidade e às metas ambientais da companhia.
A expectativa agora recai sobre quem será o profissional eleito em definitivo para liderar uma diretoria que se tornou central nas decisões estratégicas da empresa, especialmente considerando a pressão de investidores, mercados internacionais e órgãos reguladores por um avanço mais consistente nas metas de redução de emissões e diversificação da matriz energética.
Desafios e oportunidades na transição energética
A Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras é hoje uma peça-chave no planejamento e execução dos projetos que visam alinhar a companhia às diretrizes globais de sustentabilidade. Entre os desafios imediatos estão:
- Avançar nos projetos de hidrogênio de baixo carbono;
- Expandir os investimentos em energia renovável, como eólica offshore e solar;
- Desenvolver soluções de captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS);
- Acelerar a descarbonização das operações e ativos da companhia;
- Fortalecer o relacionamento com stakeholders, mercados e investidores atentos às práticas ESG (ambiental, social e governança).
O mercado observa com atenção os próximos passos da Petrobras, que nos últimos anos vem buscando equilibrar sua histórica atuação no setor de óleo e gás com a crescente demanda por uma transição energética responsável, eficiente e financeiramente viável.
Impacto no mercado e no setor energético
A mudança ocorre em um momento em que o setor energético global está em plena transformação. Empresas petroleiras em todo o mundo vêm sendo pressionadas a redefinir seus modelos de negócios, reduzir emissões e investir em fontes de energia renovável.
No Brasil, a Petrobras desempenha um papel central nesse processo, tanto pela sua relevância econômica quanto pela sua capacidade técnica e financeira para liderar a transição no país. A escolha do futuro diretor ou diretora de Transição Energética e Sustentabilidade será, portanto, determinante para definir não apenas os rumos da companhia, mas também os caminhos do setor energético brasileiro nas próximas décadas.
Continuidade e expectativa
A interinidade de William França sinaliza que, apesar da mudança na liderança, a Petrobras mantém seu compromisso com a agenda de sustentabilidade e com a transição energética. No entanto, o mercado, investidores, sociedade civil e especialistas do setor acompanham com atenção a escolha do novo nome que conduzirá uma das diretorias mais estratégicas da estatal.