Demanda crescente por infraestrutura digital, impulsionada pela IA, exige soluções inovadoras em eficiência energética, construção modular e refrigeração, enquanto o setor de energia se torna protagonista nessa transformação
A expansão vertiginosa da Inteligência Artificial (IA) vem impondo uma nova realidade para o setor de infraestrutura digital. A aceleração no desenvolvimento de modelos de IA, especialmente os Large Language Models (LLMs), como o ChatGPT e outros sistemas avançados, está levando os data centers a um ponto crítico de capacidade, tanto em termos de energia quanto de infraestrutura física.
A crescente dependência de processamento massivo de dados, aliada à escalabilidade das plataformas de IA, impõe desafios complexos que afetam diretamente o setor elétrico, a construção civil especializada e toda a cadeia tecnológica associada.
“O mercado que já vinha aquecido pela transformação digital e pela expansão da nuvem, agora se vê pressionado pela velocidade com que a IA exige processamento, armazenamento e disponibilidade energética”, afirma Marcos Paraíso, vice-presidente de Desenvolvimento e Negócios da Modular Data Centers, líder em soluções modulares na América Latina.
A era da Inteligência Artificial desafia os limites da infraestrutura digital
As projeções de crescimento do setor são expressivas: entre 20% e 35% ao ano na próxima década. Essa tendência, se mantida, levará a um déficit estimado de até 13 gigawatts (GW) de capacidade apenas nos Estados Unidos até 2030. Para se ter uma ideia, esse volume é suficiente para abastecer uma cidade com mais de cinco milhões de habitantes.
O principal gargalo não está apenas na expansão física dos data centers, mas na capacidade de suprir a crescente demanda energética e térmica que a IA impõe. Os servidores utilizados para IA possuem uma densidade computacional muito superior aos convencionais, o que gera mais calor e requer mais energia para operar e para resfriamento.
Soluções modulares e refrigeração líquida: a resposta para o colapso iminente
Diante desse cenário, soluções tradicionais de construção e operação já não são suficientes. O modelo que desponta como solução viável é o dos data centers modulares, compostos por unidades pré-fabricadas, transportáveis e escaláveis.
“A construção modular permite acelerar em até 60% o tempo de entrega de um data center, além de ser mais sustentável e adaptável às demandas crescentes da IA”, destaca Paraíso.
Essas estruturas são desenhadas para rápida implementação e expansão progressiva, otimizando não apenas custos, mas também consumo energético e manutenção.
Outro ponto crítico está no sistema de resfriamento. As tecnologias de refrigeração líquida direta estão se tornando essenciais para suportar cargas térmicas que chegam a 200 kW por gabinete, patamar que ultrapassa em muito os limites da refrigeração a ar tradicional.
“A adoção da refrigeração líquida deixou de ser tendência e passou a ser necessidade operacional. Sem ela, não é possível atender a escalabilidade que a IA exige”, explica o executivo da Modular.
Energia: o novo epicentro da discussão global sobre data centers
Se a refrigeração é um dos grandes desafios técnicos, o fornecimento de energia assume papel central na equação. A infraestrutura elétrica atual, em muitos mercados, não foi desenhada para suportar o ritmo de crescimento que a IA impõe aos data centers.
Soluções antes consideradas futuristas começam a ganhar espaço nos planejamentos estratégicos, como a implantação de Small Modular Reactors (SMRs), pequenos reatores nucleares capazes de fornecer energia dedicada, segura e limpa para data centers de alta densidade.
Nos Estados Unidos, esse modelo já está em fase de estudo, impulsionado pela necessidade de reduzir a dependência das redes públicas de energia e mitigar os riscos de apagões em regiões onde a demanda supera a capacidade instalada.
Além disso, há uma busca crescente por fontes renováveis integradas diretamente aos data centers, como solar e eólica, associadas a sistemas robustos de armazenamento de energia, garantindo operação estável mesmo em picos de consumo.
A Modular Data Centers como protagonista na transição digital sustentável
A Modular Data Centers ocupa hoje uma posição estratégica nesse novo mercado. Atuando no modelo Engineering to Suit (Engenharia Sob Medida), a empresa oferece desde soluções de eletrocentros até data centers completos, modulares e escaláveis, desenhados para suportar operações de alta performance e atender às exigências da IA.
“Nossas soluções não apenas reduzem tempo e custo, mas também contribuem diretamente para os compromissos ESG das empresas, com menor geração de resíduos, menor pegada de carbono e maior eficiência energética”, ressalta Paraíso.
A empresa atende grandes players do mercado financeiro, de telecomunicações, indústria, saúde e, agora, empresas de tecnologia voltadas à inteligência artificial.
O elo entre tecnologia, energia e sustentabilidade
A evolução dos data centers não é apenas uma questão tecnológica, mas um desafio sistêmico que envolve também a matriz energética, as políticas públicas e o compromisso com a sustentabilidade.
Se o crescimento da IA parece inevitável, ele carrega consigo uma exigência igualmente urgente: garantir que a infraestrutura que sustenta essa revolução digital seja eficiente, escalável e, acima de tudo, sustentável.