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Brasil conduz articulação inédita no BRICS por transição energética justa e cooperação internacional

Brasil conduz articulação inédita no BRICS por transição energética justa e cooperação internacional
Foto: Tauan Alencar/MME

Na 10ª Reunião Ministerial de Energia do BRICS, realizada em Brasília, países do bloco firmam compromisso conjunto com o desenvolvimento sustentável, energia limpa e fortalecimento da segurança energética global

Em um momento crucial para os rumos da energia mundial, o Brasil sediou, nesta segunda-feira (19/5), a 10ª Reunião Ministerial de Energia do BRICS, reunindo ministros e chefes de delegação de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul em Brasília. Sob a presidência rotativa do Brasil, o encontro consolidou um posicionamento comum dos países-membros em favor de uma transição energética justa, inclusiva, segura e sustentável, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e às metas do Acordo de Paris.

O grupo, que reúne grandes economias emergentes e representa uma parcela significativa da produção e consumo globais de energia, emitiu um Comunicado Conjunto com diretrizes estratégicas para o futuro energético do bloco, priorizando fontes renováveis, cooperação técnica, financiamento acessível e combate à pobreza energética.

“O BRICS reafirma sua relevância ao reunir países com trajetórias diversas, mas unidos pela mesma aspiração de promover o desenvolvimento sustentável, fortalecer a segurança energética e ampliar o acesso universal à energia moderna, confiável e limpa”, declarou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante o evento.

Transição energética como eixo da cooperação internacional

O Brasil destacou a importância de tornar a transição energética um vetor de desenvolvimento social, industrial e ambiental. Segundo Silveira, o atual cenário global exige ações coordenadas que respeitem as especificidades de cada país, com foco na erradicação da pobreza energética e na promoção da equidade no acesso à energia.

Nesse sentido, os países do BRICS reafirmaram sua adesão aos princípios da neutralidade tecnológica, das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, e do respeito às prioridades nacionais, como forma de garantir que cada Estado possa avançar com autonomia e soberania em sua própria rota de descarbonização.

“O BRICS reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, por meio da promoção da transição energética, da proteção da biodiversidade e do estímulo ao uso de fontes renováveis”, acrescentou Thiago Barral, secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do MME.

Diretrizes estratégicas acordadas

O documento firmado ao fim da reunião ministerial lista compromissos de médio e longo prazo. Entre os destaques, estão:

  • Promoção de transições energéticas justas e ordenadas, com estímulo à inovação e inclusão social;
  • Diversificação das matrizes energéticas, com foco em hidrogênio, bioenergia, energia nuclear, combustíveis de baixo carbono e fontes renováveis;
  • Aprimoramento da eficiência energética e investimento em tecnologias de baixo impacto ambiental;
  • Fortalecimento da Plataforma de Cooperação em Pesquisa Energética do BRICS (BRICS ERCP), com estímulo à criação de novas atividades conjuntas;
  • Implementação do Roadmap da Cooperação Energética BRICS 2025–2030, que norteará a agenda comum do setor nos próximos cinco anos;
  • Compromisso com o financiamento da transição energética, inclusive com recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), voltados para países em desenvolvimento;
  • Críticas às sanções unilaterais e restrições comerciais que comprometam a segurança energética internacional.

Além disso, os ministros manifestaram apoio à realização da COP30 em Belém (PA) e destacaram a importância de garantir continuidade às metas climáticas estabelecidas, inclusive por meio da alternância de presidências nas conferências da ONU sobre o clima.

Contribuições brasileiras para a agenda energética do bloco

Durante o encontro, o Brasil apresentou resultados concretos que fortalecem sua posição como liderança regional e global na transição energética. Entre as entregas da presidência brasileira do BRICS Energia, estão:

  • Aprovação do Apêndice ao Termo de Referência da BRICS ERCP, que amplia as bases institucionais da cooperação em pesquisa;
  • Elaboração dos Relatórios Técnicos Conjuntos sobre combustíveis sustentáveis e acesso a serviços energéticos;
  • Realização de workshops técnicos sobre financiamento da transição energética, resiliência de sistemas elétricos e descarbonização do setor de óleo e gás.

Essas iniciativas demonstram o protagonismo do Brasil na articulação de soluções sustentáveis que envolvam tanto o setor público quanto o setor privado, com ênfase em investimentos verdes, transferência de tecnologia e capacitação institucional.

Um caminho coletivo rumo à segurança energética global

Os países do BRICS reconhecem que a energia está no centro das estratégias de crescimento e resiliência, especialmente em tempos de instabilidade geopolítica e emergência climática. Ao firmarem compromissos multilaterais, os membros reforçam a visão de que uma transição energética bem-sucedida depende de diálogo permanente, financiamento justo e acesso à tecnologia.

A postura brasileira como mediadora do consenso reflete sua capacidade de influenciar os rumos da governança energética global. Com a COP30 no horizonte, o país se prepara para aprofundar ainda mais os debates sobre clima e energia, consolidando sua posição como liderança verde no cenário internacional.

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