Por Diego Guillen, Gerente de Contas Estratégicas na Fluke do Brasil e Edson Martinho, CEO da Abracopel
Em 2024, o Brasil registrou 759 mortes causadas por acidentes elétricos, um aumento de 12,6% em relação ao ano anterior, segundo dados da Abracopel. Esse crescimento expressivo revela não apenas a precariedade das instalações elétricas no país, mas também os desafios estruturais em um cenário cada vez mais impactado por condições climáticas adversas.
Degradação ambiental e seus impactos
As mudanças no clima intensificam os riscos enfrentados por uma infraestrutura já frágil, marcada por décadas de expansão urbana de pouco planejamento. Árvores mal manejadas e fiações expostas são elementos comuns em um cenário de riscos à segurança da população e à estabilidade da distribuição de energia elétrica.
No Brasil, grande parte da rede de distribuição é aérea, o que a torna vulnerável a ventos fortes, chuvas intensas e outros fenômenos climáticos severos. Nessas situações, o fornecimento de energia é interrompido, afetando serviços essenciais e colocando vidas em risco. Ainda que as distribuidoras invistam em melhorias, elas enfrentam limitações, como por exemplo, o manejo das árvores em áreas urbanas.
Por lei, as concessionárias só têm permissão para podar a vegetação dentro de uma faixa específica ao redor da rede elétrica. A poda mais ampla, que em alguns casos pode garantir maior segurança, é de responsabilidade das prefeituras. Outro desafio é a descentralização das regras, já que cada município adota normas próprias, o que dificulta uma gestão integrada e eficiente desse risco.
Avanço também depende de conscientização
Além da rede externa, as instalações elétricas internas também precisam de atenção. Variações de tensão causadas por falhas na rede externa podem danificar equipamentos e, em casos mais graves, provocar incêndios. Nesses casos, a prevenção começa com a adequação da rede interna às normas técnicas e com a conscientização da população sobre os riscos da eletricidade.
O desconhecimento é, ainda hoje, um dos principais fatores de risco. Afinal, muitos subestimam o perigo de choques elétricos e a gravidade de instalações improvisadas.
Modernização da rede: qual é o caminho ideal?
Modernizar a rede elétrica brasileira requer planejamento e equilíbrio inteligente entre estruturas aéreas e subterrâneas. A simples substituição por cabos subterrâneos, por exemplo, não é uma solução universal. Em áreas sujeitas a alagamentos, essa alternativa pode até agravar os riscos.
O caminho mais seguro está na combinação de tecnologias, medidas de contingência eficientes, equipes preparadas, protocolos de emergência bem definidos e a garantia da realização de manutenções adequadas. Nestes casos, a integração entre a iniciativa privada, prefeituras e demais órgãos públicos é essencial para garantir o sucesso da operação. Oferecer energia estável e segura é uma missão coletiva e o futuro do Brasil depende disso.