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Mercado de Curto Prazo liquida R$ 4 bilhões no 1º trimestre de 2025, aponta CCEE

Mercado de Curto Prazo liquida R$ 4 bilhões no 1º trimestre de 2025, aponta CCEE

Resultado representa 53% do total contabilizado no período; risco hidrológico (GSF) continua impactando repasses financeiros no setor elétrico

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) finalizou, nesta terça-feira (13/05), as operações do Mercado de Curto Prazo (MCP) referentes ao mês de março de 2025 e apresentou o balanço consolidado do primeiro trimestre. No total, foram liquidados R$ 4,00 bilhões dos R$ 7,54 bilhões contabilizados no período, evidenciando os persistentes entraves financeiros no setor, especialmente os ligados ao risco hidrológico (GSF).

O MCP é o ambiente onde os agentes do setor elétrico ajustam, financeiramente, as diferenças entre a energia contratada e a efetivamente gerada ou consumida. Esse mercado tem papel estratégico no funcionamento do sistema, pois permite a compensação de variações inevitáveis na operação das usinas e no comportamento da demanda.

Apesar de o montante liquidado representar uma movimentação expressiva, 47% dos valores contabilizados no trimestre não foram efetivamente repassados, devido a liminares judiciais, parcelamentos e inadimplências que seguem pressionando a liquidez do mercado.

Detalhamento por mês: março lidera em valores liquidados

Os dados divulgados pela CCEE indicam que março foi o mês com maior volume financeiro contabilizado (R$ 3,44 bilhões) e também o de maior liquidação efetiva (R$ 2,26 bilhões). Ainda assim, R$ 1,12 bilhão foi retido devido a liminares ligadas ao GSF, reiterando a influência desse fator sobre a inadimplência.

Confira o detalhamento mensal:

MêsContabilizado (R$ bi)Liquidado (R$ bi)Retido – GSF (R$ bi)Parcelamentos (R$ mi)Demais valores não pagos (R$ mi)
Janeiro2,211,021,1141,5938,06
Fevereiro1,890,721,1241,361,27
Março3,442,261,1240,7315,78
Total7,544,00

Risco hidrológico: impacto persistente na liquidez do mercado

Um dos principais entraves identificados pela CCEE segue sendo o risco hidrológico, representado pelo mecanismo GSF (Generation Scaling Factor). Esse risco se refere à diferença entre a energia garantida contratualmente e a geração efetiva das usinas, sobretudo hidrelétricas, em decorrência de condições climáticas desfavoráveis.

No mês de março, R$ 1,12 bilhão permaneceu retido por conta de decisões judiciais que desobrigam agentes a participar do rateio da inadimplência provocada pelo GSF. Esses mecanismos de proteção judicial geram desequilíbrios entre os agentes e impactam diretamente a adimplência das operações.

A CCEE informou que:

  • Os agentes com liminares que os excluem do rateio da inadimplência relacionada ao GSF receberam aproximadamente 98% de seus créditos;
  • Aqueles com liminares que determinam pagamento proporcional tiveram uma adimplência de cerca de 58,7%;
  • Agentes sem liminares receberam aproximadamente 57,4% dos valores devidos.

Parcelamentos e inadimplência: entraves adicionais

Além dos valores retidos por liminares, o MCP do primeiro trimestre foi afetado por parcelamentos em andamento e inadimplências diversas. Apenas em março, os parcelamentos somaram R$ 40,73 milhões, enquanto outros valores não pagos atingiram R$ 15,78 milhões.

Esses números demonstram que, além dos aspectos judiciais, há entraves financeiros estruturais que dificultam o pleno funcionamento do MCP. A combinação entre atrasos nos pagamentos, decisões judiciais e risco hidrológico forma um cenário de incerteza e baixa previsibilidade para os agentes do setor.

Perspectivas para o setor

O desempenho do MCP no primeiro trimestre de 2025 reforça a necessidade de soluções regulatórias e estruturais que aumentem a previsibilidade financeira e reduzam a judicialização das operações de mercado. A questão do GSF, apesar de antiga, continua sem solução definitiva, gerando insegurança jurídica e impactos sobre a alocação de risco no ambiente de contratação.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, ao divulgar periodicamente os dados do MCP, cumpre seu papel de transparência e monitoramento, mas os desafios para um mercado mais eficiente e resiliente permanecem no centro do debate.

Para os próximos meses, a expectativa é que avanços regulatórios, aliados a um eventual equilíbrio hidrológico e maior previsibilidade na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), contribuam para aumentar a liquidez e reduzir os montantes retidos por decisões judiciais.

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