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ANEEL revoga autorizações de 15 usinas solares que estavam paralisadas há três anos

ANEEL revoga autorizações de 15 usinas solares que estavam paralisadas há três anos

Decisão afeta projetos fotovoltaicos com 657 MW de capacidade instalada. Inércia dos responsáveis e ausência de justificativas inviabilizaram continuidade dos empreendimentos

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) revogou as autorizações de operação das Usinas Fotovoltaicas Altitude 1 a 15, que juntas representavam um potencial de 657 megawatts (MW) de energia solar. Os empreendimentos estavam paralisados há mais de três anos e apresentavam apenas 0,01% de execução, segundo relatório técnico da própria agência.

As autorizações haviam sido concedidas com expectativa de que os projetos estivessem em operação comercial até 31 de janeiro de 2023. Contudo, mesmo após a emissão de termos de intimação em 2024, os responsáveis pelos empreendimentos não se manifestaram. Diante da ausência de resposta e da inexistência de justificativas que eximissem os agentes da responsabilidade pela inexecução, a ANEEL deliberou pela revogação definitiva das outorgas.

A ausência de energia que nunca chegou

A paralisação dos projetos e sua posterior revogação impactam diretamente o planejamento e a segurança operativa do Sistema Interligado Nacional (SIN). A expectativa de geração de energia a partir das UFVs Altitude foi considerada no desenho do setor, o que inclui projeções de atendimento à carga, expansão da oferta e estabilidade do fornecimento.

“A não entrega desses empreendimentos cria um vácuo de geração que poderia comprometer a operação do sistema elétrico em momentos de maior demanda, além de afetar a modicidade tarifária, já que a falta dessa energia contratada pode ser suprida por fontes mais caras”, destaca um técnico da ANEEL envolvido na análise do caso.

A situação expõe um desafio recorrente no setor de geração renovável no Brasil: o descompasso entre os projetos aprovados e aqueles que efetivamente entram em operação, o que traz insegurança para o planejamento energético e eleva os riscos regulatórios e financeiros.

Atuação regulatória preventiva e educativa

A decisão da ANEEL está fundamentada na missão institucional da agência de garantir o equilíbrio entre segurança energética, sustentabilidade e proteção ao consumidor. Para isso, a agência age preventivamente no acompanhamento dos cronogramas e exige que os empreendimentos cumpram os prazos estabelecidos nos atos de outorga.

“A ANEEL atua para garantir que os agentes desenvolvam seus projetos com responsabilidade, dentro dos prazos e condições estabelecidas. Quando isso não acontece, e não há justificativas plausíveis, cabe à agência tomar medidas para proteger o interesse público”, explica o parecer técnico.

A revogação das autorizações, segundo a agência, respeitou os princípios do contraditório e da ampla defesa. No entanto, os agentes responsáveis pelas usinas não apresentaram qualquer manifestação ao longo do processo, o que reforçou a decisão da ANEEL de cancelar as outorgas.

Reflexos para o futuro da energia solar no Brasil

Embora o Brasil seja uma referência global em energia solar e tenha superado a marca de 38 GW de capacidade instalada em 2024, casos como o das UFVs Altitude mostram que o setor ainda enfrenta gargalos na execução de projetos, sobretudo aqueles ligados a investidores que não conseguem cumprir os compromissos firmados com o poder concedente.

A revogação das 15 usinas solares reforça o papel fiscalizador e estruturante da ANEEL na condução da transição energética brasileira. Em meio à busca por uma matriz mais limpa, eficiente e renovável, é fundamental que os novos projetos sejam tecnicamente viáveis, economicamente sustentáveis e institucionalmente responsáveis.

Para especialistas do setor, decisões como essa também enviam uma mensagem clara ao mercado: os agentes que não demonstram capacidade de execução e transparência no relacionamento com o regulador terão dificuldades para manter seus projetos ativos no pipeline do setor elétrico.

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