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Brasil negocia com Banco do BRICS financiamento bilionário para maior linha de transmissão elétrica do país

Brasil negocia com Banco do BRICS financiamento bilionário para maior linha de transmissão elétrica do país
Foto: Tauan Alencar/MME

Projeto Graça Aranha conectará Maranhão, Tocantins e Goiás com 1.468 km de extensão e conta com R$ 18 bilhões em investimentos da chinesa State Grid até 2030

O governo brasileiro avança em sua estratégia de fortalecimento da infraestrutura energética nacional com o anúncio de uma nova articulação internacional. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, confirmou nesta semana que buscará o apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do BRICS, para financiar a Linha de Transmissão Graça Aranha — um dos maiores empreendimentos do setor elétrico já projetados no Brasil.

Com 1.468 km de extensão, a linha interligará os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás, promovendo maior estabilidade e eficiência ao sistema elétrico brasileiro, sobretudo em regiões estratégicas para o escoamento da produção agrícola e industrial. A State Grid Corporation of China, uma das maiores empresas de energia do mundo e parceira estratégica do Brasil, confirmou que investirá R$ 18 bilhões até 2030 nesse projeto.

O anúncio ocorreu durante reunião entre o ministro Alexandre Silveira e executivos da companhia chinesa na sede do Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília. Segundo o ministro, o financiamento por meio do Banco do BRICS, presidido atualmente por Dilma Rousseff, representa um importante passo na consolidação de instrumentos multilaterais voltados ao desenvolvimento sustentável e à transição energética nos países do Sul Global.

“A linha Graça Aranha simboliza a confiança mútua entre Brasil e China e o potencial de crescimento conjunto, especialmente na área de energia limpa e segura. A participação do Banco dos BRICS nesse projeto também mostra o fortalecimento de instrumentos multilaterais voltados ao desenvolvimento dos países do Sul Global”, declarou Silveira.

Parceria Brasil-China impulsiona expansão elétrica

A presença da State Grid no Brasil não é recente. Desde 2010, a empresa participa ativamente de grandes obras de transmissão elétrica, incluindo projetos de ultra-alta tensão (UAT), tecnologia que permite o transporte de grandes volumes de energia por longas distâncias com menores perdas. A nova linha Graça Aranha será mais um marco dessa atuação, reforçando a cooperação bilateral sino-brasileira no setor energético.

Para o governo brasileiro, a ampliação da malha de transmissão é essencial para garantir a segurança elétrica, integrar fontes renováveis e sustentar o crescimento econômico de forma sustentável. A linha Graça Aranha, ao conectar pontos estratégicos do território nacional, facilitará o escoamento da produção energética de regiões com alta geração renovável, como o Nordeste e o Norte, até centros de consumo no Centro-Oeste e Sudeste.

Diplomacia energética e agenda internacional

A reunião com a State Grid precede a viagem oficial do ministro Alexandre Silveira à Rússia e à China, onde acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em encontros com autoridades e investidores internacionais. A agenda internacional do MME prevê reuniões técnicas voltadas à transição energética global, inovação tecnológica no setor elétrico, cooperação em fontes renováveis e estratégias conjuntas para acelerar a economia de baixo carbono.

Silveira levará à mesa temas como o hidrogênio verde, expansão da energia solar e eólica, tecnologias de armazenamento de energia e o papel das linhas de transmissão no novo modelo energético. A expectativa é que o Brasil reforce sua imagem como líder na geração limpa e como destino confiável para investimentos sustentáveis no setor elétrico.

Integração energética e financiamento climático

Além da infraestrutura física, a Linha de Transmissão Graça Aranha representa uma oportunidade para ampliar o uso de financiamentos climáticos multilaterais, alinhados às metas do Acordo de Paris e às diretrizes da transição energética. A eventual participação do Banco do BRICS no projeto reforça a importância de instituições financeiras internacionais na viabilização de obras de infraestrutura verde em países emergentes.

O Brasil, que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, busca consolidar seu protagonismo como fornecedor de soluções sustentáveis, ao mesmo tempo em que promove a modernização do setor elétrico e a redução de desigualdades regionais no acesso à energia.

Com a conclusão do projeto prevista até o final da década, a Linha Graça Aranha poderá se tornar um símbolo da nova fase de diplomacia energética internacional brasileira, baseada em parcerias estratégicas, transição justa e inovação tecnológica.

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