Relatório da OLADE destaca desafios e oportunidades para a modernização e expansão da matriz hidrelétrica na região em busca da descarbonização
Em meio ao cenário global de transição energética e necessidade urgente de descarbonização da matriz elétrica, a energia hidrelétrica consolida-se como um pilar estratégico para a América Latina e o Caribe. O mais recente relatório da Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) traz à tona a importância da modernização e expansão do setor hidrelétrico na região, apontando caminhos para enfrentar os desafios técnicos, econômicos e socioambientais da atualidade.
Com uma infraestrutura robusta, construída majoritariamente há mais de 30 anos, a América Latina detém uma das maiores capacidades hidrelétricas do mundo. Esta condição representa uma oportunidade ímpar para a revitalização de ativos existentes, garantindo não apenas maior eficiência energética, mas também adaptabilidade diante das novas exigências climáticas.
Oportunidades de crescimento na capacidade instalada
Segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), citados no relatório, será necessário ampliar a capacidade instalada de energia hidrelétrica para mais de 2.900 GW até 2050, o que implica na adição de aproximadamente 46 GW por ano em todo o mundo. A América Latina, com seu vasto potencial hídrico, pode desempenhar um papel crucial nesse esforço global.
Projetos de grande porte ilustram o potencial latente da região:
- Manseriche (Peru) – com 7.550 MW de capacidade planejada;
- Zamora G8 (Equador) – projetado para atingir 3.600 MW;
- Ituango (Colômbia) – que contará com 2.400 MW.
Estes empreendimentos demonstram não apenas a dimensão das reservas de água disponíveis, mas também a capacidade técnica e de engenharia instalada nos países latino-americanos.
Desafios socioambientais e econômicos
Contudo, a trajetória de crescimento do setor hidrelétrico não é isenta de obstáculos. O relatório da OLADE alerta para as dificuldades crescentes em tornar novos projetos viáveis, diante de exigências ambientais mais rigorosas, pressões de comunidades locais e altos custos de investimento.
Nesse contexto, a modernização das hidrelétricas já existentes torna-se uma alternativa estratégica. A atualização de turbinas, a digitalização de processos operacionais e o fortalecimento da resiliência frente a eventos climáticos extremos podem ampliar a eficiência energética sem os impactos ambientais associados a novas barragens.
Além disso, o desenvolvimento de soluções de armazenamento de energia – como usinas reversíveis (bombeamento hidráulico) – surge como um complemento fundamental para garantir estabilidade à rede elétrica em tempos de maior variabilidade na geração renovável.
Importância estratégica para o futuro energético da região
De acordo com a OLADE, a América Latina e o Caribe precisam incorporar a energia hidrelétrica como eixo central de suas políticas públicas e estratégias privadas. A integração entre governos, empresas e sociedade civil será fundamental para viabilizar investimentos e assegurar que a expansão hidrelétrica aconteça de forma sustentável, respeitando critérios ambientais, sociais e econômicos.
A adoção de uma abordagem moderna e integrada permitirá à região não apenas contribuir com os esforços globais de descarbonização, mas também garantir o acesso à energia limpa, estável e a preços competitivos para suas populações.
Conclusão: renovação e inovação para um futuro sustentável
O fortalecimento da infraestrutura hidrelétrica na América Latina e Caribe é mais do que uma necessidade técnica — é um imperativo estratégico para garantir a segurança energética e fomentar o desenvolvimento sustentável. A modernização de ativos antigos, o investimento em novas tecnologias e o equilíbrio entre geração de energia e proteção ambiental devem guiar as decisões futuras.
Neste momento de transformação global, a energia hidrelétrica permanece como uma fonte confiável, renovável e essencial para a construção de um futuro energético resiliente, justo e sustentável na América Latina e no Caribe.
