Relatório aponta que 39% das empresas de energia registram prejuízos anuais de até US$ 5 milhões por falhas operacionais e manutenção corretiva de software; 98% pretendem adotar Inteligência Artificial como estratégia de mitigação.
O avanço da digitalização no setor de energia elétrica tem trazido benefícios inegáveis em termos de eficiência, automação e gestão operacional. No entanto, também impõe desafios críticos relacionados à qualidade e à confiabilidade dos sistemas. É o que revela o Quality Transformation Report 2025, levantamento global conduzido pela Tricentis, empresa líder mundial em automação de testes e engenharia de qualidade.
O estudo revela um cenário preocupante: 39% das empresas do setor de energia na América Latina relatam perdas financeiras anuais que podem chegar a US$ 5 milhões em função de falhas de software e manutenções corretivas constantes. No Brasil, esse dado acompanha a tendência regional e destaca a crescente pressão por estabilidade e robustez nas operações digitais do setor.
O levantamento ouviu executivos e tomadores de decisão de empresas na América Latina, que operam em setores críticos. O segmento de energia aparece como o quarto mais impactado por falhas de software, atrás apenas do setor financeiro (54%), setor público (50%) e varejo (43%).
Risco operacional: impacto além do financeiro
A pesquisa aponta que o risco vai além dos prejuízos diretos. 69% das empresas de energia na América Latina afirmam estar expostas ao risco de interrupção de software nos próximos 12 meses, índice bem superior à média geral, que é de 56%. Em um setor essencial como o elétrico, falhas nos sistemas podem provocar desde atrasos operacionais até impactos na continuidade do fornecimento, na gestão de ativos, nos centros de operação e na integração com o mercado de energia.
De acordo com Tonatiuh Barradas, vice-presidente da Tricentis para a América Latina, o cenário é resultado direto da pressão por entregas rápidas, associada a práticas que comprometem a robustez dos sistemas. “Nossa pesquisa revela que 77% das empresas do setor de energia implementaram códigos não testados para acelerar entregas. Isso coloca a confiabilidade operacional em risco, impactando diretamente a cadeia energética, que depende cada vez mais de sistemas digitais resilientes”, afirma.
Velocidade versus qualidade: um desafio constante
O relatório mostra que 36% das organizações brasileiras citam a pressão por acelerar a entrega de software como principal fator que compromete a qualidade. Outros desafios incluem falhas na comunicação entre as equipes de desenvolvimento e os tomadores de decisão, além de frustrações relacionadas à adoção inicial de soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA).
A consequência é clara: sistemas vulneráveis, com maior propensão a falhas, paradas não programadas e aumento nos custos operacionais com manutenção corretiva.
Inteligência Artificial como vetor de transformação
Diante desse cenário, o setor de energia tem buscado soluções baseadas em automação e IA para mitigar riscos e aprimorar a eficiência dos processos de desenvolvimento de software. O estudo revela que 98% das empresas do setor têm intenção de adotar IA como ferramenta estratégica para otimização de testes, detecção de falhas e melhoria da qualidade dos sistemas.
Além disso, 90% dos profissionais latino-americanos do setor demonstram confiança no uso de agentes autônomos para tomada de decisão no desenvolvimento e entrega de software, evidenciando uma mudança estrutural nas práticas de engenharia digital.
“Há uma conscientização crescente de que qualidade e velocidade podem coexistir. A adoção de IA permite automatizar processos críticos de validação, reduzindo erros humanos e garantindo a estabilidade dos sistemas, algo essencial para a operação do setor elétrico, complementa Barradas.
Prioridades estratégicas do setor
O relatório também aponta que as principais prioridades das empresas de energia na América Latina para enfrentar os desafios são:
- Acelerar o desenvolvimento e entrega de software (51%)
- Melhorar a qualidade dos sistemas (49%)
- Automatizar processos manuais (45%)
- Ampliar a migração para ambientes em nuvem (48%)
No Brasil, destaca-se que 64% das empresas colocam a aceleração do desenvolvimento como foco estratégico, sem abrir mão do aumento da qualidade como elemento central.
Essa transformação digital é considerada fundamental não apenas para otimizar a operação, mas também para suportar desafios estruturais do setor, como a expansão das redes inteligentes, a integração de fontes distribuídas, o mercado livre e a digitalização dos processos comerciais e operacionais.
Expansão da Tricentis na América Latina
A Tricentis reforça sua presença na América Latina com a nomeação de Tonatiuh Barradas como vice-presidente regional, alinhando-se à crescente demanda por soluções robustas de automação, engenharia de qualidade e IA aplicada ao desenvolvimento de software corporativo.
“Nosso objetivo é apoiar as empresas do setor elétrico e outros mercados críticos na implementação de práticas modernas de qualidade de software, que garantam resiliência operacional, agilidade e segurança digital em um ambiente de transformação constante”, conclui Barradas.