Por Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies
Em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico e competitivo, a colaboração entre o CEO e o Board (Conselho de Administração) tem se tornado um fator crítico para impulsionar o crescimento e garantir a criação de valor a longo prazo. Um estudo recente revelou que conselhos que trabalham de forma estreita com seus CEOs têm o dobro das chances de gerar impacto significativo para suas organizações. No contexto brasileiro, onde a adoção da Inteligência Artificial (IA) se acelera, essa sinergia se torna ainda mais crucial para impulsionar o crescimento, a inovação e a governança estratégica.
A integração de IA na estratégia corporativa exige que os Boards não apenas compreendam as oportunidades e riscos dessa tecnologia, mas também forneçam direção estratégica para sua implementação eficaz. No entanto, pesquisas indicam que a maioria dos conselhos ainda tem pouca experiência com IA, e apenas 14% discutem esse tema em todas as reuniões. Esse vácuo pode comprometer decisões críticas sobre segurança, ética e impacto regulatório, retardando o crescimento e a competitividade das organizações. No entanto, o cenário está mudando, com 59% dos membros de conselhos afirmando que estão fortalecendo a colaboração com as equipes de gestão, especialmente com o CEO, em resposta a desafios como a IA Generativa, a segurança cibernética e a transição para o net zero.
No Brasil, onde multinacionais tecnológicas enfrentam desafios específicos, como a regulação da IA, transformação digital acelerada e escassez de talentos qualificados, a colaboração eficaz entre CEO e Board pode ser um diferencial competitivo. Conforme apontou um estudo, a maioria dos CEOs brasileiros de organizações de alto desempenho prioriza o crescimento, mesmo em um cenário econômico desafiador. Por isso, a tomada de decisão precisa ser rápida e assertiva, levando em conta aspectos como escalabilidade da IA, cibersegurança e governança digital. Os CEOs que contam com um conselho engajado e bem-informado conseguem antever tendências, mitigar riscos e explorar oportunidades de expansão para novos mercados com mais eficácia.
Para o CEO de uma empresa de tecnologia no Brasil, a colaboração com o Conselho de Administração é fundamental para navegar nesse cenário em constante mudança. O Board, com sua visão estratégica e experiência diversificada, pode fornecer insights valiosos sobre as oportunidades e os desafios da adoção da IA, bem como sobre as melhores práticas de governança e gestão de riscos. Juntos, o CEO e o Conselho podem definir uma estratégia de IA alinhada com os objetivos de negócios da empresa, identificar os investimentos prioritários e garantir que a organização esteja preparada para aproveitar ao máximo o potencial da IA.
A implementação de IA em escala também exige que o conselho e o CEO adotem processos de comunicação transparentes e eficientes. Segundo um levantamento, Boards que mantêm uma colaboração próxima ao CEO têm 2,4 vezes mais chances de realizar reuniões produtivas e de alto impacto. Essa comunicação frequente permite que o conselho compreenda melhor as necessidades operacionais da companhia, garantindo que as decisões sejam alinhadas à estratégia corporativa e que os investimentos em IA sejam direcionados de forma a gerar retorno real.
Uma governança eficaz também requer que os Boards invistam na sua própria educação em IA. Organizações que introduzem programas de capacitação para seus conselheiros ou contam com especialistas externos para assessorar a tomada de decisão demonstram maior capacidade de adotar IA de maneira segura e inovadora. Essa abordagem contribui para reduzir resistências internas e fortalecer a confiança no uso da tecnologia como impulsionadora de novos negócios.
A adoção da IA no Brasil apresenta desafios e oportunidades únicas. O país possui um grande potencial de crescimento nesse campo, impulsionado por uma população jovem e conectada, um ecossistema de startups vibrante e um crescente investimento em tecnologia. No entanto, também enfrenta desafios como a falta de talentos especializados, a necessidade de regulamentação e a preocupação com os impactos éticos e sociais da IA.
No cenário global, no qual as grandes potências econômicas ajustam suas políticas comerciais e tecnológicas, as multinacionais precisam equilibrar agilidade e segurança na adoção de IA. Por isso, os CEOs no Brasil devem garantir que seus conselhos estejam preparados para navegar em um ambiente regulatório cada vez mais complexo e para explorar modelos de negócio baseados em IA que possam escalar globalmente. Aquelas organizações que conseguem estruturar essa parceria entre CEO e conselho de forma eficaz tendem a se destacar, transformando desafios em oportunidades de crescimento sustentável.
Em 2025, o CEO brasileiro de sucesso será aquele que conseguir combinar visão estratégica, conhecimento técnico e habilidades de liderança para transformar a IA em um motor de crescimento e criação de valor para a empresa. O sucesso nesta era não depende mais apenas de tecnologia de ponta, mas da capacidade das lideranças de atuarem de forma coordenada e visionária. Neste sentido, a parceria com um Board engajado e colaborativo será um diferencial fundamental para alcançar esse objetivo, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo e decisão ágil. Desta forma é possível estar mais bem posicionado para capturar valor e criar um futuro de crescimento sustentável e inovação constante.