A marca, registrada em 12 de março, ultrapassa o recorde anterior de 16.313 MW de novembro de 2023
Na última quarta-feira (12/03), o subsistema Nordeste do Brasil registrou um novo marco na demanda máxima instantânea de energia elétrica, alcançando impressionantes 16.439 Megawatts (MW) às 21h49. O valor supera o recorde anterior de 16.313 MW, registrado em novembro de 2023, segundo dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O novo pico reflete um cenário que já vinha sendo desenhado nos últimos meses: o aumento contínuo do consumo de energia impulsionado pelas altas temperaturas que assolam a região. Com o calor mais intenso e prolongado, o uso de aparelhos de ar-condicionado, ventiladores e outros equipamentos elétricos disparou, pressionando o sistema elétrico.
Embora o crescimento da demanda imponha desafios técnicos e operacionais, o sistema respondeu de forma eficiente e segura, garantindo o fornecimento de energia sem interrupções significativas. Esse desempenho é resultado de uma gestão criteriosa do setor elétrico, envolvendo tanto o ONS quanto o Ministério de Minas e Energia (MME), que seguem monitorando de perto a situação para garantir a continuidade do abastecimento.
Temperaturas elevadas e o impacto direto no consumo
O aumento na demanda de energia elétrica no Nordeste não é uma surpresa isolada. O calor mais extremo vem sendo observado em várias partes do país, com o Nordeste sofrendo especialmente com ondas de calor prolongadas e temperaturas acima da média histórica.
Esse cenário influencia diretamente o comportamento do consumidor. Lares, comércios e indústrias recorrem cada vez mais a equipamentos de refrigeração, o que amplia de forma expressiva o consumo energético.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontam que o verão de 2024 está entre os mais quentes dos últimos anos, com médias de temperatura que ultrapassam os 35°C em muitas cidades nordestinas. Esse fator, somado ao crescimento populacional e à expansão urbana, ajuda a explicar a elevação da carga elétrica.
O sistema elétrico está preparado para suportar esses picos?
Apesar da crescente demanda, o sistema elétrico do Nordeste demonstrou resiliência ao suportar o novo pico de consumo sem comprometer o fornecimento. Isso se deve a uma série de medidas adotadas pelo ONS e pelo MME, como o aumento da capacidade de geração e transmissão e a integração de fontes renováveis, em especial a energia eólica e solar, que têm papel cada vez mais relevante na matriz energética da região.
Hoje, o Nordeste desponta como uma potência nacional em geração renovável, com destaque para o Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Piauí, estados líderes em produção eólica e solar. Esses recursos ajudaram a manter o equilíbrio entre oferta e demanda durante o novo recorde de consumo.
Ainda assim, especialistas alertam para a necessidade de investimentos contínuos em infraestrutura e inovação tecnológica, de modo a fortalecer ainda mais a rede elétrica frente a cenários futuros, que podem ser ainda mais desafiadores com a intensificação das mudanças climáticas.
Monitoramento constante para garantir estabilidade
O MME e o ONS reafirmaram seu compromisso em acompanhar de perto a evolução da demanda energética no Nordeste. Monitoramento em tempo real, modernização das redes e ampliação da capacidade de geração seguem como prioridades estratégicas para garantir a segurança do fornecimento — especialmente em momentos de pico.
Com a perspectiva de que os verões sejam cada vez mais quentes e longos, o setor elétrico enfrenta o desafio de equilibrar uma demanda crescente com a necessidade de manter a estabilidade do sistema e, ao mesmo tempo, avançar na transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável.
O recorde desta semana é um marco que evidencia tanto a resiliência do sistema atual quanto a urgência de continuar investindo em infraestrutura, inovação e diversificação das fontes de energia. Afinal, com as temperaturas subindo e o consumo acompanhando essa escalada, garantir energia estável e acessível será uma missão cada vez mais crítica para o futuro da região e do país.