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Sistema elétrico em transformação: SPIC Brasil defende flexibilidade e repensa papel das hidrelétricas no futuro energético

Sistema elétrico em transformação: SPIC Brasil defende flexibilidade e repensa papel das hidrelétricas no futuro energético

Workshop da PSR discute equilíbrio entre oferta e demanda diante da expansão das renováveis e das mudanças climáticas

O setor elétrico brasileiro vive uma transformação sem precedentes, impulsionada pela expansão das fontes renováveis e pela necessidade crescente de garantir estabilidade e flexibilidade ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Em meio a esse cenário desafiador, o workshop promovido pela PSR reuniu especialistas para debater o futuro da matriz energética e o papel estratégico das hidrelétricas na garantia da segurança energética do país.

Entre os destaques do evento, Carlos Longo, Diretor de Regulação e Comercialização de Energia da SPIC Brasil, compartilhou a visão da empresa sobre os caminhos para equilibrar oferta e demanda em um setor cada vez mais dominado por fontes intermitentes, como solar e eólica.

A SPIC Brasil, que já opera cerca de 4 GW em ativos de geração hidrelétrica, solar e eólica — com destaque para seus novos complexos solares de 852 MW e parques eólicos de 105,4 MW em construção — reforça seu compromisso em expandir a participação de fontes limpas e seguras. Mas Longo alerta: garantir a estabilidade do sistema exige mais do que ampliar a capacidade instalada.

De uma matriz baseada em energia para uma baseada em atributos

Historicamente, o sistema elétrico brasileiro foi planejado e remunerado com base na energia gerada (MWh). No entanto, com o aumento da participação de fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, torna-se fundamental incorporar novos atributos — como flexibilidade, controle de frequência e controle de tensão — para garantir a estabilidade da rede.

“Nosso sistema sempre foi orientado pela energia gerada. Agora, precisamos priorizar a flexibilidade operativa, onde a fonte hidrelétrica desempenha um papel essencial”, explica Longo. Ele ressalta a importância dos leilões de reserva de capacidade, planejados por ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e EPE (Empresa de Pesquisa Energética), como uma alternativa para suprir os requisitos de potência e serviços ancilares.

A visão da SPIC Brasil aponta para a necessidade de uma mudança estrutural no modelo de mercado, com uma abordagem que permita a concorrência entre diferentes fontes para fornecer não apenas energia, mas também serviços essenciais à confiabilidade do sistema. “A fonte mais econômica e com maior capacidade de fornecer estabilidade ao sistema deve ser priorizada, e não apenas a que entrega o menor preço por MWh”, defende Longo.

Leilão de Reserva de Capacidade e o futuro das hidrelétricas

Com o Leilão de Reserva de Capacidade marcado para junho de 2025, a inclusão das usinas hidrelétricas no produto de 2030 foi celebrada como um passo crucial para a segurança energética. Longo destaca, porém, que é necessário evoluir o modelo para aumentar a competitividade e reduzir custos para o consumidor.

“A possibilidade de permitir que as hidrelétricas participem com prazos menores que os atuais cinco anos e que o leilão seja disputado com um ano de antecedência poderia trazer mais competitividade e preços mais baixos para o consumidor final”, sugere Longo.

Para ele, as hidrelétricas têm um potencial ainda subaproveitado nos leilões de capacidade, e sua maior participação pode garantir maior equilíbrio ao sistema elétrico frente à expansão das fontes renováveis intermitentes e às mudanças climáticas.

Fim dos subsídios: uma questão de maturidade do setor

Ao ser questionado sobre o maior desafio do setor elétrico atualmente, Longo foi direto: é preciso repensar o modelo de subsídios. Ele defende que, à medida que o mercado evolui e certas fontes ganham maturidade e competitividade, os incentivos devem ser ajustados.

“Manter subsídios artificiais para tecnologias já consolidadas é um tiro no pé da economia brasileira. O custo marginal do subsídio pesa no bolso do consumidor e compromete a eficiência do setor”, afirma. Segundo ele, é necessário encontrar um equilíbrio que respeite os contratos vigentes, mas que também permita ao mercado evoluir de forma sustentável, priorizando inovação e eficiência.

Em um setor onde o planejamento de longo prazo é vital, a mensagem da SPIC Brasil é clara: o futuro do sistema elétrico passa pela valorização da flexibilidade, da competitividade e da busca por um modelo mais eficiente e menos dependente de incentivos artificiais.

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