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Criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear enfrenta entraves estruturais, alerta TCU

Criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear enfrenta entraves estruturais, alerta TCU

Tribunal de Contas da União identifica riscos no processo de separação da nova autarquia e cobra plano de ação para garantir funcionamento adequado

O Tribunal de Contas da União (TCU) alertou para desafios estruturais na implementação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), órgão criado para regular e fiscalizar atividades e instalações nucleares no Brasil. Segundo auditoria realizada pelo Tribunal, a nova autarquia enfrenta riscos relacionados à falta de orçamento, redistribuição de patrimônio e escassez de pessoal, o que pode comprometer seu funcionamento adequado.

A ANSN foi instituída pela Lei nº 14.222/2021 e tem como missão garantir a segurança nuclear e a proteção radiológica no país. No entanto, a transição da estrutura da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para a nova entidade tem sido marcada por incertezas. Entre os principais problemas apontados pelo TCU está a exigência de que a autarquia seja implementada sem aumento de despesas, conforme determinação do antigo Ministério da Economia.

Nomeação da diretoria e estruturação da ANSN

Apesar dos desafios, o governo federal indicou, em dezembro, três nomes para compor a Diretoria Colegiada da ANSN, incluindo um diretor-presidente e dois diretores. A nomeação depende da aprovação do Senado Federal, o que, segundo o ministro-relator do TCU, Aroldo Cedraz, deve ocorrer com a maior brevidade possível para que a autarquia possa começar a operar plenamente.

No entanto, mesmo com a formação da diretoria, a ANSN enfrentará dificuldades para consolidar sua estrutura sem comprometer o funcionamento da Cnen. O TCU destacou que a comissão já opera com limitações severas, tendo apenas 42% dos seus 3.267 cargos efetivos ocupados. A falta de reposição de profissionais, aliada ao envelhecimento da força de trabalho – cuja média de idade é de 57 anos e tempo de serviço é de 28 anos –, representa um risco à continuidade das atividades regulatórias.

“O maior desafio está por vir: a estruturação adequada da ANSN sem aumentar despesas e sem comprometer a já fragilizada Cnen”, afirmou Cedraz.

Riscos e desafios da transição

A criação da ANSN exige a redistribuição de recursos humanos, patrimônio e contratos administrativos entre as instituições. Entretanto, o TCU apontou que não há previsão orçamentária para o funcionamento da nova autarquia em 2024 e 2025, o que pode impactar diretamente suas atividades.

Outro ponto crítico identificado é a ausência de um planejamento detalhado para a separação dos ativos da Cnen, incluindo imóveis, equipamentos e sistemas de tecnologia da informação. O TCU alertou que a redistribuição inadequada desses recursos pode comprometer tanto a nova autarquia quanto a comissão que continuará operando.

“O Tribunal identificou riscos que podem prejudicar o funcionamento tanto da ANSN quanto da Cnen, especialmente nas áreas de governança e gestão, que terão seus quadros replicados na nova entidade”, destacou Cedraz.

A falta de clareza sobre a realocação de contratos administrativos e serviços de TI também preocupa os técnicos do TCU, pois pode gerar lacunas operacionais durante o processo de transição.

TCU exige plano de ação para mitigar riscos

Diante dos desafios, o TCU determinou que o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Cnen formem um grupo de transição em até 15 dias para atualizar as informações do primeiro relatório produzido sobre o tema.

Além disso, os órgãos terão 120 dias para apresentar um plano de ação detalhado, indicando as providências necessárias para assegurar o funcionamento da ANSN e da Cnen, incluindo a previsão de recursos orçamentários, redistribuição de patrimônio e realocação de pessoal.

“O planejamento precisa contemplar todos os aspectos da transição, incluindo estrutura física, contratos, sistemas de TI e recursos humanos. Somente assim será possível garantir que a nova autarquia cumpra seu papel sem prejudicar a Cnen”, concluiu o ministro Cedraz.

A decisão do TCU reforça a necessidade de um planejamento sólido para a estruturação da ANSN, garantindo que a regulação e fiscalização do setor nuclear brasileiro não sejam comprometidas. A expectativa agora recai sobre os ministérios envolvidos, que precisarão apresentar soluções viáveis para consolidar a nova autarquia sem gerar impactos negativos ao setor.

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