Com renegociação de dívidas e reestruturação em curso, a empresa busca sair da turbulência econômica
A Aeris está passando por um momento de grandes mudanças. A empresa anunciou recentemente a renúncia da Diretora Comercial, Érica Maria Cordeiro, e, paralelamente, obteve o aval de seus credores para prorrogar o pagamento de uma dívida de R$ 1,5 bilhão.
A saída da executiva foi formalizada em 28 de fevereiro de 2025, durante reunião do Conselho de Administração da companhia. Em comunicado ao mercado, a Aeris agradeceu à profissional pelo seu trabalho desde julho de 2023 e informou que o cargo permanecerá vago até a escolha de um sucessor.
A mudança ocorre em um momento delicado para a empresa. Com quedas no faturamento em 2024 e projeções nada otimistas para 2025, a Aeris enfrenta desafios financeiros e setoriais, que incluem o aumento dos custos de produção e a desaceleração na demanda por novos projetos eólicos. Em resposta a esse cenário, a companhia negociou um alívio temporário em seu endividamento, conseguindo prorrogar por 60 dias o pagamento de parte de suas dívidas, enquanto busca soluções para sua reestruturação financeira.
Renegociação de dívida: um passo estratégico para evitar colapso financeiro
A crise financeira da Aeris ficou evidente quando a empresa convocou duas assembleias com credores no início de 2025 para discutir o adiamento de pagamentos previstos para 15 de janeiro. A renegociação foi aprovada por 95% dos detentores de debêntures, permitindo um respiro momentâneo enquanto a companhia trabalha em um novo plano de reestruturação.
O acordo suspende o vencimento de juros e amortizações e estabelece que descumprimentos contratuais não serão considerados inadimplência até o final de março, dando à Aeris uma janela para reorganizar seu fluxo de caixa e buscar novos financiamentos ou parcerias estratégicas.
“A decisão dos credores reflete uma confiança na capacidade da Aeris de superar as dificuldades e encontrar uma solução sustentável para sua dívida”, afirmou uma fonte ligada às negociações.
Desafios do setor eólico pressionam fabricantes
Embora a energia eólica seja um dos pilares da transição energética global, o setor não está imune a oscilações econômicas. Nos últimos anos, os custos de produção aumentaram, enquanto a demanda por novos parques eólicos desacelerou em diversos países, impactando negativamente os fabricantes de equipamentos, como a Aeris.
A situação da empresa não é isolada. Fabricantes globais de turbinas e componentes para energia renovável também enfrentam dificuldades, resultado da combinação de fatores como incerteza regulatória, alta nos preços de matérias-primas e mudanças na política energética de grandes mercados consumidores.
No Brasil, apesar do crescimento contínuo do setor eólico, a velocidade dos investimentos vem diminuindo, refletindo a necessidade de ajustes por parte das empresas que atuam na cadeia produtiva.
O futuro da Aeris: recuperação ou novos desafios?
A renegociação da dívida pode dar à Aeris a estabilidade necessária para planejar seus próximos passos, mas o desafio de longo prazo permanece. A empresa precisa encontrar formas de equilibrar suas finanças, garantir novas fontes de receita e se preparar para um cenário de maior concorrência e exigência tecnológica no setor.
Além disso, a definição de um novo Diretor Comercial será um fator crucial para a retomada da companhia. O substituto de Érica Maria Cordeiro precisará não apenas reforçar a estratégia comercial da Aeris, mas também buscar novas oportunidades de mercado e estreitar relações com clientes e investidores.
Ainda que o cenário seja desafiador, o mercado eólico brasileiro segue sendo um dos mais promissores do mundo. Com 12% de participação na matriz elétrica nacional e perspectivas de crescimento, a energia eólica continua sendo uma aposta estratégica para o futuro energético do país. Se conseguir reverter sua situação financeira, a Aeris pode continuar desempenhando um papel fundamental nessa transformação.
