Expansão da micro e minigeração impulsiona investimentos, gera empregos e fortalece segurança energética no Brasil
O Brasil atingiu uma marca histórica no setor de energia: a Geração Distribuída (GD) ultrapassou os 37 gigawatts (GW) de potência instalada, o equivalente a aproximadamente duas usinas de Itaipu e meia. Esse crescimento evidencia o avanço da micro e minigeração distribuída (MMGD), um modelo que permite aos consumidores produzirem sua própria energia por meio de fontes renováveis, como solar fotovoltaica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), eólica, biomassa, biogás e hidrogênio verde.
Além da redução na dependência da rede elétrica convencional, a GD tem se consolidado como uma solução essencial para a autonomia energética, com benefícios tanto ambientais quanto econômicos. Segundo a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a expectativa para 2025 é de um crescimento de 20% na potência instalada, impulsionando mais de R$ 25 bilhões em investimentos privados e gerando cerca de 100 mil novos empregos.
Carlos Evangelista, presidente da ABGD, destaca a importância desse avanço para o Brasil. “A Geração Distribuída se consolida como um pilar fundamental da segurança energética nacional e uma ferramenta estratégica para um futuro mais sustentável. Além de proporcionar autonomia ao consumidor, reduzindo sua conta de luz, também gera empregos, fomenta o desenvolvimento tecnológico e democratiza o acesso à energia limpa”, afirma Evangelista.
No aspecto ambiental, a GD não emite gases poluentes e contribui diretamente para a redução da pegada de carbono, reforçando o papel das energias renováveis no combate às mudanças climáticas.
Desmistificando o impacto da GD no Sistema Interligado Nacional (SIN)
Apesar do crescimento acelerado da GD, o setor enfrenta debates sobre sua integração ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Um dos principais questionamentos gira em torno do curtailment – cortes de geração de energia que ocorrem devido a limitações na infraestrutura de transmissão.
A ABGD rebate as críticas e esclarece que a Geração Distribuída não sobrecarrega o sistema elétrico, pois opera de forma descentralizada, próxima ao consumo, e não depende das redes de transmissão para entregar energia. Segundo Evangelista, atribuir os custos do curtailment à GD não reflete a realidade do setor.
“A GD é a única forma de geração que nasce atrelada à demanda real do consumidor final, ajudando a mitigar problemas no sistema elétrico. O verdadeiro motivo dos cortes de geração no Brasil é a falta de planejamento e a limitação estrutural das redes de transmissão, problemas que não têm qualquer relação com a Geração Distribuída”, explica o presidente da ABGD.
Ele reforça que um dos maiores benefícios da GD é justamente a descentralização da produção energética, reduzindo a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura de transmissão e diminuindo perdas elétricas no sistema. “A GD melhora a eficiência da rede, alivia o sistema elétrico e reforça a qualidade do fornecimento”, afirma Evangelista.
O avanço da GD no Brasil em números
O crescimento da Geração Distribuída no Brasil tem sido impulsionado, em grande parte, pelo setor residencial, que lidera a potência instalada com 18,18 GW. Em seguida, vêm os estabelecimentos comerciais (10,63 GW), propriedades rurais (5,09 GW), indústrias (2,67 GW) e instituições do poder público (0,41 GW).
Entre os estados brasileiros, São Paulo lidera com 5,33 GW de potência instalada, seguido por Minas Gerais (4,63 GW), Paraná (3,30 GW), Rio Grande do Sul (3,29 GW) e Mato Grosso (2,39 GW).
Os números reforçam a crescente adesão de consumidores e empresas à energia renovável, impulsionando investimentos e a modernização do setor elétrico brasileiro.
Com a expansão da Geração Distribuída e sua consolidação como uma solução estratégica para o Brasil, o desafio agora é garantir que a regulação e o planejamento energético acompanhem esse avanço, criando um ambiente favorável para a transição energética e o crescimento sustentável do setor.