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Calor extremo pressiona sistema elétrico e bate recordes de consumo no Brasil

Calor extremo pressiona sistema elétrico e bate recordes de consumo no Brasil

Onda de calor, que se estende até 24 de fevereiro, eleva demanda de energia e desafia distribuidoras com sobrecarga na rede

O Brasil enfrenta uma onda de calor intensa e prolongada que tem levado a um aumento expressivo na demanda por energia elétrica. Com temperaturas até 7ºC acima da média em diversas regiões do país, o consumo de eletricidade atingiu novos recordes, pressionando a infraestrutura elétrica e acendendo um alerta para distribuidoras e operadores do sistema.

Na última segunda-feira (17), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou um novo recorde de demanda média de carga no Sudeste e Centro-Oeste, atingindo 54.599 MWmed. Esse é o segundo recorde em menos de um mês, superando em 1,1% a marca anterior, registrada no dia 22 de janeiro.

Em nível nacional, o consumo instantâneo também quebrou marcas históricas. No dia 12 de fevereiro, o Sistema Interligado Nacional (SIN) alcançou um novo pico, atingindo 103.785 MW, o maior valor já registrado no país. Esse foi o terceiro recorde do ano, reforçando a tendência de consumo elevado diante das condições climáticas extremas.

A Climatempo, empresa de meteorologia e consultoria climática, alerta que a onda de calor deve persistir até 24 de fevereiro, mantendo a demanda elétrica em níveis elevados. Para as concessionárias de energia, o desafio é garantir o fornecimento sem sobrecarga nos equipamentos, evitando falhas que possam resultar em apagões.

Calor extremo e impacto na rede elétrica

O aumento expressivo da demanda elétrica ocorre principalmente devido ao uso intensivo de ar-condicionado e ventiladores, além do maior consumo de energia em setores comerciais e industriais. O impacto não se restringe apenas ao aumento da carga na rede, mas também ao superaquecimento de transformadores, subestações e cabos elétricos, reduzindo sua eficiência e aumentando o risco de falhas.

Segundo Marcely Sondermann, meteorologista da Climatempo, a melhor forma de mitigar impactos é com um monitoramento climático preciso e um planejamento eficiente das distribuidoras de energia.

“Para minimizar impactos, é essencial um acompanhamento contínuo da previsão climática, com destaque para previsões mensais, que auxiliam as distribuidoras no planejamento e na operação do sistema elétrico”, explica Sondermann.

Além disso, com o calor intenso, a umidade do ar diminui e reduz a formação de nuvens carregadas, o que impede chuvas mais consistentes e prolonga o período seco e quente. Apesar de pancadas isoladas previstas nos próximos dias, a tendência é que elas não sejam suficientes para amenizar significativamente as temperaturas elevadas.

Ondas de calor: um fenômeno cada vez mais comum

Uma onda de calor é caracterizada quando as temperaturas ficam pelo menos 5ºC acima da média por cinco dias consecutivos. Esse fenômeno tem se tornado mais frequente nos últimos anos, impulsionado por fatores como as mudanças climáticas globais e fenômenos oceânicos, como o El Niño e o La Niña.

De acordo com especialistas, o El Niño de 2023/2024 contribuiu para o calor extremo ao aquecer anormalmente as águas do Oceano Pacífico. Agora, sob a influência do La Niña, que resfria essas águas, o esperado seria um alívio nas temperaturas. No entanto, outros oceanos permanecem muito aquecidos, intensificando o fenômeno de bloqueios atmosféricos, que impedem a passagem de frentes frias e mantêm o calor retido sobre o Brasil.

“Os bloqueios atmosféricos estão associados a massas de ar seco e quente, que favorecem a ocorrência de ondas de calor. Esse efeito deve continuar ocorrendo ao longo do verão”, afirma Sondermann.

Embora a tendência seja de um leve alívio com a retomada das chuvas após o dia 24 de fevereiro, os meteorologistas alertam que novos episódios de calor extremo podem ocorrer até o fim do verão.

Como as empresas estão se preparando?

Diante desse cenário, o setor elétrico tem recorrido a tecnologias avançadas para prever e mitigar impactos. Ferramentas como o SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo) e radares meteorológicos são utilizadas para fornecer informações precisas e permitir um planejamento mais eficiente da geração e distribuição de energia.

Essas medidas ajudam a minimizar riscos de sobrecarga, permitindo que empresas e órgãos públicos se antecipem a eventos climáticos extremos. A capacidade de adaptação e investimento em infraestrutura será essencial para enfrentar um futuro onde ondas de calor serão cada vez mais frequentes e intensas.

Para os consumidores, a recomendação é adotar medidas de uso eficiente da energia, como evitar o uso excessivo de aparelhos elétricos nos horários de pico, manter filtros de ar-condicionado limpos para melhorar a eficiência e buscar alternativas para reduzir o consumo sem comprometer o conforto térmico.

O desafio agora é equilibrar o crescimento da demanda por energia com a resiliência do sistema elétrico, garantindo um fornecimento seguro mesmo diante das adversidades climáticas.

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