Bônus de Itaipu impulsiona redução nas contas de luz, registrando recuo de 14,21% e impactando diretamente o índice de inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um avanço de 0,16% em janeiro, a menor taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. O dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11), aponta uma desaceleração de 0,36 ponto percentual em relação a dezembro, quando a inflação foi de 0,52%.
Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 4,56%, reduzindo a pressão sobre o custo de vida dos brasileiros. O grande destaque para essa desaceleração foi o setor de energia elétrica, que teve um recuo expressivo de 14,21% nas tarifas residenciais, impulsionado pelo repasse do Bônus de Itaipu nas contas de luz emitidas em janeiro.
De acordo com o gerente do IPCA no IBGE, Fernando Gonçalves, essa redução teve um impacto significativo no índice geral. “Essa queda foi decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro”, explicou Gonçalves. O setor de energia elétrica residencial, que integra o grupo Habitação, registrou uma queda de 3,08%, sendo o principal fator de influência negativa sobre o índice de inflação do mês, com um impacto de -0,46 ponto percentual no IPCA.
Inflação desacelera, mas transporte e alimentação ainda pressionam os preços
Apesar da queda no custo da energia elétrica, outros setores seguiram em alta, limitando uma redução ainda maior do índice inflacionário. O grupo Transportes registrou um aumento de 1,30%, impactado, principalmente, pelo encarecimento das passagens aéreas (+10,42%) e das tarifas de ônibus urbanos (+3,84%). O impacto desse grupo sobre o IPCA foi de 0,27 ponto percentual.
Já o grupo Alimentação e Bebidas teve sua quinta alta consecutiva, avançando 0,96% em janeiro e contribuindo com 0,21 ponto percentual para o índice geral. No segmento de alimentação no domicílio, o destaque ficou para produtos essenciais na cesta básica, como cenoura (+36,14%), tomate (+20,27%) e café moído (+8,56%), que apresentaram aumentos expressivos.
A continuidade da alta nesses itens indica que, apesar do alívio gerado pela redução na conta de luz, o custo de vida ainda encontra resistência para desacelerar de forma mais intensa, especialmente para os consumidores de menor renda, que destinam uma parcela significativa de seus orçamentos à alimentação e ao transporte.
Perspectivas para os próximos meses
O resultado de janeiro reforça um cenário mais favorável para a inflação, mas o mercado segue atento aos desafios do primeiro semestre. A influência positiva do Bônus de Itaipu nas contas de luz não se repetirá nos próximos meses, o que pode reduzir o impacto deflacionário no índice geral.
Por outro lado, o aumento nos preços de alimentos e transportes pode continuar pressionando a inflação, especialmente diante de fatores como clima adverso, que pode afetar a oferta de produtos agrícolas, e a volatilidade nos preços dos combustíveis, que impactam diretamente o setor de transportes.
O Banco Central segue monitorando os indicadores para definir os próximos passos da política monetária, com foco na trajetória dos juros e na busca pelo cumprimento da meta de inflação para 2024, fixada em 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O comportamento do IPCA nos próximos meses dependerá de um equilíbrio entre a manutenção da queda em setores-chave, como energia, e a contenção de pressões persistentes nos alimentos e transportes, que afetam diretamente o dia a dia dos brasileiros.