Home Transmissão Incidente com linha de transmissão no Norte expõe papel crucial das térmicas...

Incidente com linha de transmissão no Norte expõe papel crucial das térmicas na segurança energética do Brasil

Queda de torres em Belo Monte interrompeu envio de 4 GW de energia ao Sul e Sudeste, destacando a importância das usinas termelétricas para evitar apagões

Um incidente ocorrido na última quarta-feira (22) na linha de transmissão Xingu/Terminal Rio, que conecta a hidrelétrica de Belo Monte (PA) às regiões Sul e Sudeste, trouxe à tona o papel indispensável das usinas termelétricas no sistema elétrico brasileiro. A queda de torres de um dos bipolos do sistema HVDC ±800 kV, causada por fortes chuvas, interrompeu o envio de 4 GW de energia para outras regiões do país, obrigando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a acionar térmicas localizadas em diferentes estados.

Segundo a Associação Brasileira de Geradores Termelétricos (Abraget), o episódio destaca a importância de manter um parque robusto de usinas termelétricas, capazes de atender demandas emergenciais e garantir a estabilidade da rede.

“O incidente deixa evidente a importância de o Brasil dispor de um parque de termelétricas que possam ser acionadas imediatamente para garantir o suprimento de energia e a segurança elétrica”, afirmou Xisto Vieira Filho, presidente da Abraget.

Térmicas como garantia de segurança 24/7

Embora frequentemente associadas a períodos de seca ou horários de pico, as térmicas exercem uma função vital em cenários adversos. A Abraget enfatiza que essas usinas são um “seguro energético” indispensável para o país, tanto para compensar a intermitência de fontes renováveis, como solar e eólica, quanto para suprir falhas na transmissão de energia oriunda de hidrelétricas, como o ocorrido em Belo Monte.

“Essas usinas são essenciais todos os dias, 24 horas por dia. Seja para suprir a intermitência de fontes renováveis, seja para atender o consumidor em períodos úmidos, como agora. São um seguro que nenhum país pode abrir mão, sob pena de ficarmos no escuro”, reforçou Xisto Vieira Filho.

O acionamento emergencial das térmicas evitou apagões nas regiões afetadas, garantindo o controle de tensão e frequência do sistema elétrico. Isso reforça a necessidade de diversificação da matriz energética, com fontes capazes de oferecer estabilidade ao sistema, independentemente das condições climáticas ou geográficas.

Leilão de Reserva de Capacidade em foco

O incidente também lança luz sobre o próximo Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), previsto para junho deste ano. A Abraget estima a necessidade de contratar ao menos 13 GW de potência para garantir a confiabilidade do setor elétrico no futuro.

“Temos pelo menos 10 GW de térmicas que serão descontratadas e podem não estar à disposição do ONS”, alertou Xisto. Ele destacou que o objetivo do certame não é apenas atender à demanda de ponta do sistema, mas assegurar a confiabilidade e a segurança energética do país a longo prazo.

O leilão ganha ainda mais relevância considerando que o Brasil enfrenta desafios estruturais na transmissão de energia. O país depende de extensas linhas que conectam as principais fontes geradoras, localizadas em regiões distantes, aos grandes centros consumidores. Problemas como o de Belo Monte, portanto, podem ocorrer novamente, reforçando a necessidade de contar com fontes térmicas para garantir a resiliência do sistema.

Lições aprendidas e próximos passos

O episódio em Belo Monte é um lembrete claro da vulnerabilidade das infraestruturas de transmissão e da importância de políticas públicas que garantam a segurança energética. Investir em usinas térmicas modernas e eficientes, além de aprimorar a infraestrutura de transmissão, será essencial para evitar futuros incidentes.

“Este é um leilão para garantir a confiabilidade do setor elétrico. Não é para atender apenas a ponta do sistema. Estamos falando de segurança para todo o país”, concluiu Xisto Vieira Filho.

Com o setor elétrico em constante transformação, o Brasil precisa de soluções integradas que aliem inovação, diversificação e resiliência para atender às demandas de um mercado cada vez mais dinâmico e exigente.

NO COMMENTS

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Exit mobile version