Presidente intensifica aposta em combustíveis fósseis, critica regulamentações ambientais e busca revitalizar a economia com foco na exploração de petróleo
Os Estados Unidos oficializaram, nesta segunda-feira (20), sua saída do Acordo de Paris, um dos maiores tratados globais sobre mudanças climáticas. A decisão foi anunciada pelo presidente Donald Trump, que justificou o movimento como um passo necessário para proteger a economia americana. A ruptura reflete uma postura de oposição às regulamentações ambientais, marcando um ponto de inflexão na política internacional do país.
Em seu discurso, Trump classificou o Acordo de Paris como um obstáculo ao crescimento econômico. “Esse pacto impõe restrições desnecessárias e prejudica os interesses da América. É hora de priorizarmos nossos recursos e nossa soberania”, afirmou. A saída foi formalizada com a notificação oficial à Organização das Nações Unidas (ONU).
Exploração de petróleo: prioridade nacional
Como parte de sua nova política energética, Trump anunciou a declaração de uma “emergência energética nacional”, visando ampliar a exploração de petróleo e gás nos Estados Unidos. O presidente destacou que, como maior produtor global de petróleo, o país tem potencial para transformar seus recursos naturais em uma base sólida de crescimento econômico.
“A crise inflacionária foi causada por gastos excessivos e pelo aumento dos preços da energia. Por isso, hoje também declararei uma emergência energética nacional. Vamos ‘perfurar, querida, perfurar!’”, declarou Trump em tom provocativo, destacando a urgência de expandir a produção interna de combustíveis fósseis.
Trump enfatizou que a exploração de petróleo será crucial para “restaurar a prosperidade” dos Estados Unidos. Ele apontou que a flexibilização de regulamentações ambientais é essencial para aumentar a competitividade do setor energético americano.
Fim das regulamentações ambientais rígidas
Como parte de seu plano, Trump anunciou a revogação de regulamentações ambientais mais restritivas, incluindo normas que incentivam a adoção de veículos elétricos. Segundo o presidente, essas regulamentações têm dificultado a indústria automotiva americana, elevando custos de produção e limitando a liberdade dos consumidores.
“Acabaremos com o mandato de veículos elétricos e daremos aos americanos a liberdade de escolher os carros que desejam dirigir, sem imposições ideológicas”, declarou Trump.
O presidente também reiterou sua oposição ao Green New Deal, um conjunto de propostas econômicas voltadas para combater mudanças climáticas e promover justiça social. Segundo Trump, o plano é “um fardo para os contribuintes americanos e uma ameaça ao setor energético”.
Impactos globais da saída do Acordo de Paris
A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris representa um golpe significativo para o esforço internacional de combate às mudanças climáticas. O tratado, assinado por quase 200 países em 2015, tem como objetivo limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Como o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, os Estados Unidos desempenham um papel crucial no alcance das metas globais de redução de emissões. A decisão de Trump enfraquece o pacto e pode desencadear um efeito dominó, incentivando outros países a seguirem o mesmo caminho.
Especialistas alertam que a postura americana dificulta a transição para uma economia global mais sustentável e coloca em risco os avanços conquistados nos últimos anos.
Reações e críticas internacionais
A decisão de Trump provocou reações imediatas em todo o mundo. Ambientalistas e líderes globais manifestaram preocupação com as implicações da saída dos EUA. A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, classificou a medida como um retrocesso grave.
“Embora fosse algo esperado, vejo com enorme preocupação o anúncio de que os Estados Unidos estão abandonando o Acordo de Paris e priorizando combustíveis fósseis. Precisamos de cooperação global, não de isolamento”, afirmou Marina.
Outros líderes alertaram que a postura dos EUA pode enfraquecer o engajamento de países em desenvolvimento, que dependem de incentivos e liderança das grandes economias para avançar em suas próprias metas climáticas.