Enquanto infraestrutura de recarga cresce, veículos híbridos despontam como solução prática para transição sustentável
Os veículos elétricos estão no centro das discussões globais sobre sustentabilidade, oferecendo uma alternativa viável para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os impactos ambientais. No Brasil, o mercado de carros elétricos está em expansão, mas enfrenta barreiras significativas para alcançar a adoção em larga escala.
De acordo com Cristiane Pimentel, membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), a maior organização mundial de cientistas e engenheiros voltada para o uso da tecnologia em benefício da humanidade, a expansão da infraestrutura de recarga e a busca por soluções eficientes de reciclagem são dois dos principais desafios enfrentados pelo país. “O mercado de carros elétricos no Brasil tem grande potencial, mas requer avanços estruturais e tecnológicos para se consolidar”, afirma Pimentel.
Infraestrutura: Um Desafio Nacional
Ao contrário de países desenvolvidos, que possuem redes de recarga robustas e bem distribuídas, o Brasil ainda concentra suas estações de carregamento nas grandes cidades, limitando o alcance e a conveniência dos veículos elétricos. A criação de uma rede de cobertura nacional é indispensável para viabilizar a mobilidade elétrica no país. Segundo especialistas, o processo de expansão da infraestrutura de recarga pode levar entre cinco e 15 anos, mas avanços iniciais já estão em curso, tornando a mobilidade elétrica gradualmente mais acessível.
Além disso, os custos elevados e a necessidade de padronização dos equipamentos de recarga são obstáculos adicionais que precisam ser superados. Esses desafios reforçam a importância de parcerias entre setor público, privado e iniciativas de pesquisa tecnológica para acelerar a transição.
Híbridos: A Solução Intermediária
Enquanto o mercado de carros elétricos ainda enfrenta barreiras logísticas, os veículos híbridos surgem como uma alternativa prática e acessível para o Brasil. Combinando motores elétricos e de combustão, os híbridos oferecem maior autonomia e flexibilidade, características essenciais em um país de dimensões continentais e com infraestrutura limitada.
De acordo com Euclides Chuma, também membro sênior do IEEE, a tecnologia dos motores flex já consolidada no Brasil contribui para a adaptação dos híbridos. “O uso de etanol como combustível renovável é uma vantagem competitiva que permite ampliar a autonomia dos veículos híbridos enquanto reduz a emissão de poluentes”, destaca Chuma.
Essa abordagem híbrida também é adotada em países europeus como uma solução temporária para garantir maior autonomia e diversificação das fontes energéticas. O modelo híbrido não apenas facilita a transição para a mobilidade elétrica, mas também estimula a indústria automotiva nacional, promovendo inovação e competitividade.
O Caminho para um Futuro Sustentável
Com uma estratégia focada na expansão da infraestrutura de recarga e no fortalecimento de tecnologias locais, o Brasil tem o potencial de se posicionar como protagonista na mobilidade elétrica global. O desenvolvimento de políticas públicas, incentivos fiscais e parcerias estratégicas será fundamental para superar os desafios logísticos e tecnológicos que ainda existem.
A adoção crescente de veículos elétricos e híbridos não apenas contribui para a descarbonização da economia, mas também estimula o desenvolvimento de soluções inovadoras, colocando o país na vanguarda da transição energética.
“O futuro da mobilidade elétrica no Brasil é promissor. Apesar dos desafios, estamos avançando em direção a um mercado mais sustentável, inovador e alinhado às demandas globais por sustentabilidade e eficiência energética”, conclui Cristiane Pimentel.
Nos próximos anos, o sucesso dessa transformação dependerá de um esforço conjunto entre governo, indústria e consumidores para garantir que o Brasil não apenas acompanhe a revolução da mobilidade elétrica, mas lidere com soluções adaptadas às suas necessidades e peculiaridades.
