Pesquisa da KPMG revela que líderes globais priorizam tecnologias emergentes enquanto enfrentam desafios como ESG e tensões geopolíticas
Os CEOs do setor de energia, recursos naturais e produtos químicos estão cada vez mais voltados para a adoção de tecnologias emergentes, com a inteligência artificial generativa (IA) despontando como prioridade de investimento para os próximos três anos. É o que aponta a 10ª edição do CEO Outlook, pesquisa realizada pela KPMG com 120 líderes dessas indústrias em escala global.
De acordo com o estudo, 58% dos executivos entrevistados afirmaram que a IA generativa será o principal foco de seus aportes, consolidando-se como uma ferramenta estratégica para transformar operações e agregar valor. No entanto, a abordagem é marcada por cautela e planejamento estruturado, já que 65% dos CEOs acreditam que os retornos financeiros dessas tecnologias só devem ser observados entre três e cinco anos.
Impactos no Mercado de Trabalho
O levantamento também revelou que o impacto da IA e de outras tecnologias emergentes na força de trabalho será mais transformador do que destrutivo. Setenta e nove por cento dos líderes afirmaram que essas inovações não deverão reduzir significativamente o número de postos de trabalho, mas sim demandar aprimoramento das habilidades e a realocação de recursos humanos dentro das empresas.
Segundo Manuel Fernandes, sócio-líder do setor de energia e recursos naturais da KPMG no Brasil e na América do Sul, as lideranças estão cientes dos desafios que acompanham essa transformação digital.
“O uso da inteligência artificial é fundamental para agregar valor em um setor que opera com alta tecnologia. No entanto, as lideranças estão gerenciando cuidadosamente os riscos, garantindo que a gestão de mudanças seja segura e competitiva”, afirma Fernandes.
Perspectivas Econômicas e Desafios
Apesar de um cenário global desafiador, 78% dos CEOs entrevistados demonstraram confiança no crescimento econômico nos próximos três anos. Contudo, a pesquisa também destacou preocupações significativas. Cinquenta e cinco por cento dos executivos apontaram as tensões geopolíticas como o principal risco para esse crescimento, seguidas pela incerteza econômica e pela corrida para aderir à IA e outras tecnologias emergentes, ambas mencionadas por 43% dos entrevistados.
“Os CEOs estão confiantes no potencial de expansão do setor, mas reconhecem que fatores externos, como conflitos geopolíticos, podem interferir nessa trajetória de crescimento”, analisa Fernandes.
ESG: Um Pilar Estratégico com Obstáculos
As práticas de ambiental, social e governança (ESG) continuam sendo um componente crítico das estratégias de negócio, especialmente no setor de energia. Cinquenta e oito por cento dos CEOs esperam atingir a meta de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2030. No entanto, 35% dos líderes indicaram que a complexidade dessa jornada é a principal barreira para alcançar a descarbonização.
“Implementar os fatores ESG efetivamente exige um custo significativo, principalmente no que diz respeito à neutralização de emissões e à descarbonização da cadeia de suprimentos. Contudo, as empresas que liderarem essa transformação sustentável terão uma vantagem de mercado significativa”, destaca Valter Shimidu, sócio-líder do segmento químico e petroquímico da KPMG no Brasil.
O estudo reforça que, embora a adesão às metas de ESG seja desafiadora, ela é inevitável para empresas que buscam competitividade a longo prazo. A transição sustentável, alinhada ao uso estratégico de tecnologias emergentes, desponta como um diferencial competitivo fundamental em um setor que enfrenta demandas globais por inovação, segurança e sustentabilidade.
Com a IA generativa liderando os investimentos e a sustentabilidade ganhando destaque, os CEOs de energia demonstram que estão dispostos a enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução, equilibrando risco, inovação e compromisso com o futuro do planeta.