Relatório revela que lacunas no acesso e na gestão de dados impedem avanços significativos na transição energética, apesar do potencial da digitalização e da IA
A digitalização desponta como peça-chave para acelerar a descarbonização e construir uma infraestrutura global mais sustentável. Porém, a falta de dados cruciais e a dificuldade em aproveitá-los ainda são grandes obstáculos para que empresas alcancem suas metas de sustentabilidade. Essa é uma das principais conclusões do relatório “Transformação Digital, Retornos Sustentáveis: O Novo Caminho da Infraestrutura”, publicado pela Siemens Smart Infrastructure. O estudo, realizado com 650 executivos sêniores, revela o papel transformador das tecnologias digitais na gestão de energia, na eficiência dos recursos e na redução de emissões.
A pesquisa destaca que 54% das organizações entrevistadas já possuem operações maduras ou avançadas baseadas em dados. Contudo, as lacunas no acesso a informações precisas continuam sendo um desafio significativo para os esforços de descarbonização. Quase metade das organizações afirmou que não possui dados suficientes sobre elementos críticos: 44% não têm informações sobre emissões de carbono; 46% carecem de dados sobre o desempenho de plantas e máquinas; 30% não monitoram o consumo de energia.
A Siemens enfatiza que, sem dados confiáveis e integrados, as empresas não conseguem tomar decisões estratégicas para otimizar recursos, reduzir sua pegada de carbono e avançar em direção ao net zero. Além disso, mesmo quando os dados estão disponíveis, muitas organizações enfrentam limitações técnicas e de habilidades para gerenciá-los e analisá-los.
O papel da digitalização e da inteligência artificial (IA)
Segundo o relatório, as tecnologias digitais já demonstram ser grandes aliadas no caminho para uma infraestrutura mais sustentável. Soluções como Internet das Coisas (IoT), gêmeos digitais, redes inteligentes e tecnologias de borda permitem o monitoramento em tempo real, a otimização do consumo energético e a integração eficiente de fontes renováveis.
Para 33% dos líderes entrevistados, a inteligência artificial (IA) será a tecnologia com maior impacto positivo nos próximos três anos, especialmente no que se refere à eficiência de recursos e à descarbonização. Embora outras ferramentas, como a IoT, continuem contribuindo significativamente, a IA desponta como o diferencial necessário para transformar a forma como a energia é gerida, reduzindo custos e maximizando resultados.
Thomas Kiessling, CTO da Siemens Smart Infrastructure, destaca a urgência em aproveitar as soluções tecnológicas já existentes: “A digitalização é um poderoso habilitador da sustentabilidade. Com a IoT, por exemplo, já podemos conectar sistemas, reduzir o consumo de energia e desbloquear economias significativas. Não há razão para não agir agora.”
A visão da Siemens é clara: a digitalização não é apenas uma vantagem operacional, mas um motor para a transição energética global, oferecendo soluções escaláveis, eficientes e confiáveis para organizações em busca de sustentabilidade.
O potencial não explorado da digitalização
Apesar dos avanços recentes, o relatório aponta que 45% dos entrevistados ainda enxergam pouco ou nenhum potencial na digitalização para impulsionar a descarbonização. Esse dado indica uma desconexão preocupante entre o potencial das tecnologias digitais e a percepção das empresas sobre como implementá-las de forma transformadora.
Além disso, as plataformas digitais foram reconhecidas como essenciais para os negócios, proporcionando benefícios diretos, como escalabilidade, eficiência de tempo e custo, implementação mais rápida, interoperabilidade e confiabilidade.
Caminho para a transição energética
O estudo da Siemens deixa um alerta: a tecnologia está disponível e as oportunidades são reais, mas as organizações precisam superar os desafios de dados e adotar um olhar mais estratégico sobre as ferramentas digitais. O avanço rumo ao net zero depende de uma transformação mais profunda, impulsionada por IA, IoT e outras soluções tecnológicas.
À medida que o mundo enfrenta a urgência das metas climáticas e os impactos das mudanças globais, os dados – ou a falta deles – definem o ritmo da transição energética. Para Kiessling, a conclusão é simples: “As soluções existem, as economias são claras – está na hora de agir.”