Após meses de estiagem, recuperação nos principais subsistemas do SIN ganha força com o início do período úmido
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou, por meio do Programa Mensal de Operação (PMO), a projeção de níveis de energia armazenada (EAR) nos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) para o encerramento de 2024. Segundo o boletim referente à semana operativa de 30 de novembro a 6 de dezembro, três dos quatro subsistemas devem encerrar o ano com níveis superiores a 40%. A região Sul lidera com 60,5%, seguida pelo Sudeste/Centro-Oeste (48,7%) e Nordeste (46,8%). A região Norte apresenta uma expectativa ligeiramente inferior, com 38,3%.
Esses resultados refletem uma recuperação parcial após meses de estiagem severa, impulsionada pelas primeiras chuvas do período úmido. O diretor-geral do ONS, Marcio Rea, destacou a importância desse avanço “Os dados indicam que para o final de dezembro a recuperação dos níveis dos reservatórios, após um período de estiagem severa, ainda não foi completa, apesar de termos registrado avanços. Seguimos acompanhando com atenção todos esses indicadores, buscando antecipar as demandas para a operação e o planejamento do sistema no próximo ano.”
Energia Natural Afluente e perspectivas regionais
O subsistema Sul deve atingir a maior projeção de Energia Natural Afluente (ENA) ao final de dezembro, com 136% da Média de Longo Termo (MLT). As demais regiões apresentam os seguintes números: Sudeste/Centro-Oeste, 95% da MLT; Norte, 84% da MLT; e Nordeste, 60% da MLT.
Esse desempenho é crucial, pois a ENA representa o volume de água que chega aos reservatórios e pode ser convertido em energia elétrica. A melhora nas afluências também impactou diretamente o Custo Marginal de Operação (CMO), que caiu significativamente para R$ 5,91 em todas as regiões, ante os R$ 90,83 previstos na última revisão. Essa redução reflete maior disponibilidade hídrica e condições favoráveis para o setor elétrico.
Crescimento da demanda de energia
As projeções para a demanda de carga no SIN indicam um crescimento médio de 0,5%, alcançando 80.805 MW médios até o final de dezembro. Três dos quatro subsistemas devem registrar avanços. O maior destaque é a região Norte, com uma aceleração expressiva de 11,8% (8.143 MW médios). O Sul e o Nordeste também apresentam crescimento de 4,8% (14.497 MW médios) e 1,4% (13.592 MW médios), respectivamente.
No entanto, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste é a única exceção, com projeção de redução de 2,9% (44.573 MW médios) em relação ao mesmo período de 2023. Essa queda reflete dinâmicas econômicas e climáticas específicas da região, que tradicionalmente concentra a maior capacidade de armazenamento do SIN.
Desafios e expectativas para 2025
Embora a recuperação dos reservatórios seja motivo de otimismo, a conclusão do ano com níveis ainda inferiores ao ideal reforça a necessidade de estratégias integradas para garantir a segurança energética em 2025. O monitoramento contínuo das condições climáticas e a gestão eficiente da operação do sistema são prioridades do ONS para enfrentar os desafios futuros.
Além disso, o crescimento desigual na demanda por energia em diferentes regiões sinaliza a importância de políticas que promovam a expansão da infraestrutura elétrica e a integração entre subsistemas, especialmente nas áreas com maior aceleração de consumo.
A recuperação parcial dos níveis dos reservatórios e a melhoria nas condições operacionais representam avanços significativos, mas deixam clara a necessidade de continuidade no planejamento estratégico para garantir a estabilidade do setor elétrico brasileiro no longo prazo.