Com baixos níveis nos reservatórios hidrelétricos e alta demanda de consumo, UTE Porto de Sergipe I será reativada por 21 dias para apoiar o sistema elétrico nacional
Após quase dois anos fora de operação, a UTE Porto de Sergipe I retomará suas atividades no próximo sábado, dia 30 de novembro. A medida, que atende determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), tem como objetivo suprir a crescente demanda de energia no país durante o período seco. A previsão é que a operação temporária dure até o dia 20 de dezembro.
Retomada estratégica em tempos de crise hídrica
A reativação da usina ocorre em um contexto de emergência, motivada pela combinação de baixos níveis nos reservatórios das hidrelétricas e um aumento expressivo no consumo de energia devido às altas temperaturas. Essa situação agrava o déficit de abastecimento e exige a ativação de termelétricas, que desempenham papel crucial para a estabilidade do sistema elétrico.
De acordo com o titular da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), Valmor Barbosa, a operação da UTE Porto de Sergipe I evidencia a importância estratégica de Sergipe no contexto energético nacional. “A retomada da operação da UTE Porto de Sergipe é crucial para a estabilidade do sistema elétrico, especialmente em um momento em que as fontes hídricas não estão conseguindo suprir as necessidades do país. Isso demonstra o papel do estado no contexto energético nacional, trazendo segurança ao abastecimento”, afirmou.
Tecnologia de ponta e reparos em andamento
Com capacidade de geração de 1.551 MW, a UTE Porto de Sergipe I utiliza um conjunto tecnológico avançado, incluindo três turbinas a gás modelo 7HA, conhecidas por sua eficiência, e uma turbina a vapor. A usina também conta com sistemas de última geração, como caldeiras de recuperação de vapor, torre de resfriamento e uma subestação de alta capacidade.
Nos primeiros dias de operação, a Eneva, empresa responsável pela usina, realizará reparos técnicos, utilizando gás natural da malha integrada de gasodutos. Esse combustível será fornecido pelo novo gasoduto inaugurado pela Transportadora Associada de Gás (TAG). Após a conclusão dos ajustes, a usina passará a operar com gás natural liquefeito (GNL), importado via terminal de Sergipe, garantindo maior eficiência e autonomia.
Uma solução temporária, mas essencial
Embora seja acionada em caráter emergencial, a UTE Porto de Sergipe I será fundamental para garantir a estabilidade do fornecimento de energia, especialmente nos horários de pico, como no final da tarde e início da noite. Sua operação inflexível, ou seja, com geração fixa, permitirá abastecer até 15% da demanda energética do Nordeste, reduzindo os riscos de colapso no sistema elétrico.
A necessidade de reativar usinas termelétricas reflete os desafios enfrentados pelo setor elétrico brasileiro. Mesmo com um sistema predominantemente hidrelétrico, o país enfrenta momentos de vulnerabilidade durante períodos secos, quando a geração hídrica não é suficiente para atender à demanda.
Além da UTE Porto de Sergipe I, outras termelétricas, como Santa Cruz (RJ) e Linhares (ES), também foram acionadas como parte do plano emergencial do ONS para o período.
Impactos e perspectivas para o futuro energético
Embora a utilização de termelétricas garanta segurança energética em curto prazo, ela também traz implicações financeiras e ambientais, já que o custo de operação dessas unidades é mais elevado e sua emissão de gases de efeito estufa é significativa.
A situação ressalta a importância de diversificar ainda mais a matriz energética brasileira, ampliando investimentos em fontes renováveis, como eólica e solar, e em soluções tecnológicas para armazenamento de energia.