Resultados do terceiro trimestre mostram recordes de geração e produção em meio a desafios do setor elétrico e hidrológico brasileiro
A Eneva S.A. (B3: ENEV3) anunciou seus resultados operacionais para o terceiro trimestre de 2024 (3T24), destacando um aumento expressivo de 165% na geração termelétrica em comparação ao mesmo período do ano anterior. A companhia gerou um total de 4.083 GWh de energia bruta e produziu 0,72 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural, um marco impulsionado por uma alta demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN) e a exportação de energia para a Argentina.
A Eneva alcançou um desempenho significativo em um trimestre caracterizado pela necessidade de suprir uma maior carga energética, devido ao crescimento da demanda no SIN e à deterioração das condições hidrológicas. Esse cenário reforçou o papel da energia termelétrica como uma solução para manter a estabilidade e segurança energética, especialmente em períodos de baixa vazão nos reservatórios do país.
Destaques Operacionais e Geração de Energia
A geração termelétrica bruta da Eneva alcançou 3.723 GWh no 3T24, superando em 165% o volume gerado no mesmo período de 2023. A maior parte desse aumento veio do Complexo Parnaíba, com cinco usinas ativas, que registraram um total de 1.346 GWh em geração líquida, com recorde de exportação de 832 GWh para a Argentina durante os meses de julho e agosto. Esse montante foi exportado a partir de contratos bilaterais e de oportunidades de comercialização no mercado de curto prazo.
O aumento também incluiu a geração em carvão, com as usinas Itaqui e Pecém II, que contribuíram com 264 GWh para o SIN. O Complexo Solar Futura 1, com 97% de disponibilidade, também foi um destaque no trimestre, gerando 357 GWh. No entanto, a usina enfrentou cortes de produção devido a restrições operacionais impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que tem priorizado a segurança elétrica e energética do sistema.
Desempenho por Ativo e Respostas ao Sistema Nacional
O Complexo Parnaíba teve um aumento expressivo de geração em todos os ativos, especialmente Parnaíba I e II, que atingiram altos níveis de despacho. O Complexo garantiu 80% do despacho solicitado no período, com picos de exportação e atendimento à demanda interna. O destaque foi para as usinas Parnaíba I, III, IV e V, que foram acionadas para exportação de energia, e para a UTE Parnaíba II, que operou em modo inflexível, cumprindo as demandas regulatórias e garantindo estabilidade para o SIN.
Em Roraima, a UTE Jaguatirica II manteve o fornecimento para o sistema isolado do estado, com 85% de disponibilidade e geração líquida de 180 GWh. O desempenho foi levemente impactado por paradas para manutenções preventivas nas turbinas.
As usinas de carvão Itaqui e Pecém II, que não tinham sido despachadas centralizadamente desde o final de 2023, retornaram ao fornecimento de energia, contribuindo para a demanda do SIN. Pecém II gerou 217 GWh e Itaqui, 47 GWh, ambos operando por motivo de “unit commitment” e restrição elétrica. A UTE Itaqui, localizada no Maranhão, teve uma disponibilidade média de 88% devido a manutenções programadas.
Produção de Gás Natural e Expansão de Reservas
A produção de gás natural da Eneva também registrou crescimento, totalizando 0,72 bcm no trimestre. Esse volume inclui 0,67 bcm do Complexo Parnaíba e 0,05 bcm da Bacia do Amazonas, utilizada para abastecer a UTE Jaguatirica II. As reservas 2P de gás natural da Eneva, que somam 46,5 bcm, refletem o saldo das reservas certificadas pela Gaffney, Cline & Associates (GCA) em dezembro de 2023, descontando o consumo acumulado nos primeiros nove meses de 2024.
O crescimento na produção de gás natural e a exportação de energia colocam a Eneva em uma posição de destaque para suportar a estabilidade do sistema elétrico brasileiro e atender a demanda crescente por energia termelétrica, tanto para consumo interno quanto para exportação.
Cenário de Mercado e Desafios no SIN
Durante o 3T24, o cenário energético brasileiro foi impactado por níveis hidrológicos desfavoráveis, que limitaram a geração hidrelétrica e aumentaram a necessidade de despacho termelétrico para manter a estabilidade do sistema. Os volumes de precipitação ficaram abaixo das médias históricas, o que levou o ONS a adotar políticas de preservação de reservatórios, sobretudo no Norte e Nordeste, e a incentivar o despacho de térmicas para atender aos picos de carga.
Esse cenário gerou uma elevação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que passou de uma média de R$ 86,37/MWh em julho para R$ 293,77/MWh em setembro. Em outubro, o PLD chegou a R$ 520,69/MWh, um reflexo direto da necessidade de potência firme e da sazonalidade negativa das fontes intermitentes no país, como eólicas e solares.
Com a contínua pressão sobre os recursos hídricos e a expansão da demanda energética, a Eneva se consolida como um parceiro estratégico para o sistema elétrico brasileiro, oferecendo alternativas de energia firme e assegurando o equilíbrio do SIN. A combinação de gás natural e geração térmica, aliados à crescente contribuição da geração solar, coloca a empresa em uma posição sólida para suportar os desafios e as oportunidades do setor.
Esses resultados indicam que a Eneva está preparada para expandir seu papel no setor energético brasileiro, fortalecendo o fornecimento de energia em um cenário de transição para fontes renováveis. Os investimentos em infraestrutura e tecnologia permitem que a empresa maximize sua eficiência e contribua para a segurança energética do país.