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Câmara dos Deputados Debate Proposta que Proíbe Distribuidoras de Energia de Possuir Unidades de Geração Distribuída

Câmara dos Deputados Debate Proposta que Proíbe Distribuidoras de Energia de Possuir Unidades de Geração Distribuída

PL 671/24 visa impedir que distribuidoras e suas subsidiárias operem unidades de micro e minigeração, gerando debate sobre possíveis impactos financeiros e no mercado de energia

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realiza, nesta terça-feira (29), uma audiência pública para discutir o Projeto de Lei 671/24, que propõe proibir as distribuidoras de energia elétrica e suas subsidiárias de possuírem unidades de micro ou minigeração distribuída. O projeto, de autoria do deputado Delegado Marcelo Freitas (União-MG), levanta um tema complexo e de alta relevância para o setor energético brasileiro, com potenciais reflexos sobre o mercado, a concorrência e os consumidores.

A proposta de Freitas, que está em análise no colegiado e tem como relator o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), atende a uma solicitação da deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), que defende o debate público para esclarecer o projeto e analisar os impactos financeiros e setoriais que a aprovação da medida poderá gerar. Waiãpi enfatiza a importância de “estabelecer um diálogo aberto entre as entidades e o Parlamento” para garantir a transparência e o equilíbrio na regulação do setor elétrico.

Objetivos do Projeto de Lei 671/24 e Justificativas do Autor

O PL 671/24 parte do princípio de que distribuidoras, como empresas monopolistas regionais, não deveriam atuar na geração distribuída (GD) de energia, uma vez que isso poderia criar conflitos de interesse e desvantagens competitivas para outros agentes do setor, como pequenos geradores e consumidores que optam pela GD para reduzir custos de energia.

O autor do projeto argumenta que o envolvimento das distribuidoras na geração distribuída representa uma sobreposição de funções que poderia impactar negativamente a livre concorrência. Em teoria, ao participar do mercado de geração, as distribuidoras estariam competindo de forma desigual com consumidores e empresas que instalam sistemas de GD, visto que elas já detêm vantagens estruturais e operacionais, além do controle sobre a rede de distribuição. A proposta, então, sugere uma separação clara entre as funções de distribuição e geração de energia como forma de promover um ambiente de negócios mais justo e transparente.

O Contexto e a Importância da Geração Distribuída no Brasil

A geração distribuída, especialmente de fontes renováveis como solar e eólica, tem crescido de forma expressiva no Brasil. Esse modelo permite que consumidores produzam sua própria energia e, em alguns casos, exportem o excedente para a rede, gerando créditos para serem descontados em suas contas de luz. Esse movimento é impulsionado tanto pela busca por sustentabilidade quanto pela oportunidade de economia financeira, e, desde 2012, quando a regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) entrou em vigor, a GD se consolidou como um dos pilares de democratização da produção de energia no país.

Ao proibir as distribuidoras de entrarem no mercado de geração distribuída, o projeto de lei busca fortalecer o mercado livre de geração, evitando que distribuidoras atuem como concorrentes em um setor onde também operam como regulamentadoras. Defensores do projeto argumentam que essa intervenção é necessária para manter a integridade do mercado de energia e assegurar que os consumidores e pequenos produtores possam participar do setor sem desvantagens competitivas.

Debate e Posições Divergentes

Durante a audiência pública, espera-se que representantes de distribuidoras, associações de consumidores, especialistas do setor energético e autoridades regulatórias expressem diferentes pontos de vista sobre o projeto. Alguns representantes do setor das distribuidoras argumentam que a proibição é desnecessária, pois as distribuidoras, ao se envolverem na geração distribuída, estariam contribuindo para o aumento de fontes renováveis na matriz elétrica nacional, alinhando-se às metas de sustentabilidade do país.

Por outro lado, defensores do projeto, incluindo a deputada Silvia Waiãpi, destacam que a medida garantirá que os consumidores possam ter mais clareza e equidade nas condições de mercado, impedindo práticas que poderiam resultar em subsídios cruzados e custos adicionais para quem não adere à geração distribuída.

Impactos Potenciais do Projeto

Caso aprovado, o PL 671/24 poderá impactar diretamente o modelo de negócios das distribuidoras e alterar o cenário de investimentos em geração distribuída no Brasil. De acordo com especialistas, a medida poderia incentivar ainda mais consumidores a adotar sistemas próprios de geração de energia, ao assegurar que não haveria competição desleal de empresas que controlam a infraestrutura de distribuição.

Outro possível efeito seria a intensificação de investimentos de empresas do setor privado na instalação de unidades de GD, uma vez que a proibição daria mais segurança para que essas empresas entrassem no mercado de geração de maneira competitiva.

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