ONS aponta projeções animadoras para novembro com chuvas consistentes e crescimento de afluência; Nordeste se destaca com energia natural acima da média histórica
O Brasil se prepara para a chegada do tão esperado período úmido, com projeções animadoras que indicam chuvas consistentes para o próximo mês, segundo dados do boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). De acordo com as análises, as precipitações que começaram no final de outubro nas regiões Sudeste e Centro-Oeste devem continuar, marcando a primeira quinzena de novembro com chuvas significativas e um cenário promissor para o abastecimento energético do país.
A expectativa do ONS é de que a afluência hídrica aumente em várias regiões, especialmente no Nordeste, onde a estimativa de Energia Natural Afluente (ENA) aponta para 120% da Média de Longo Termo (MLT), um índice bastante positivo. O Sudeste e Centro-Oeste, tradicionalmente impactados por secas, também mostram projeções otimistas, com previsão de ENA em 89% da MLT. Esses dados representam um alívio após um período de severa escassez hídrica, que pressionou o sistema de energia em diversas regiões.
Já as regiões Norte e Sul terão projeções mais modestas, com 64% e 57% da MLT, respectivamente. Mesmo que abaixo da média, o cenário de precipitação nessas áreas é suficiente para manter a estabilidade energética, considerando o período seco que antecedeu o mês de novembro.
Segundo Christiano Vieira, diretor de operações do ONS, as perspectivas indicam que o volume de chuvas deverá ser um importante aliado para reduzir a pressão sobre o sistema elétrico nacional, já que o fenômeno não apresenta sinais de novas ondas de calor para o início do mês. “Estamos atentos a esse cenário, considerando também a possibilidade de precipitação abaixo da média em algumas bacias, como as dos rios Uruguai e Tocantins”, pontuou Vieira, reforçando o compromisso do ONS em monitorar as condições climáticas e sua influência sobre o sistema energético.
Níveis de Energia Armazenada (EAR) e Projeções por Região
No que diz respeito aos níveis de Energia Armazenada (EAR), as previsões indicam um comportamento de redução típico da transição entre os períodos seco e úmido. No entanto, o Nordeste surge mais uma vez como exceção, com expectativa de encerrar novembro com um índice de 49,7%, representando um aumento em relação ao final de outubro. A região Norte também apresenta um percentual elevado, estimado em 52,4%.
Já as regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste devem manter um padrão de armazenamento mais contido, com projeções de 44,4% e 37,9%, respectivamente. Essas previsões refletem as características climáticas e de consumo de cada região, com impactos diretos na geração hidrelétrica e no planejamento estratégico para o abastecimento de energia.
Expansão de Carga e Impactos no Sistema Interligado Nacional (SIN)
O boletim do ONS também traz uma análise detalhada sobre a demanda de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) para o próximo mês. A expectativa é de uma expansão de 0,7%, alcançando 81.582 MW médios. Este crescimento representa um avanço significativo, considerando as variações regionais no consumo de energia.
As regiões Norte e Sul estão entre as que mais devem demandar energia. A previsão para o Norte é de um crescimento de 8,3%, totalizando 8.256 MW médios, enquanto o Sul deve avançar 4,4%, chegando a 13.989 MW médios. Por outro lado, o Nordeste se mantém estável, com uma projeção de 0% de variação na demanda, registrando 13.608 MW médios. A única exceção é o Sudeste/Centro-Oeste, que deve apresentar uma redução de 1,4%, alcançando 45.729 MW médios. Estes números são comparações entre as estimativas de novembro de 2024 e o mesmo período do ano anterior.
Custo Marginal de Operação (CMO) Uniforme
Outro aspecto importante destacado pelo ONS é o Custo Marginal de Operação (CMO), que está equalizado em todas as regiões do país, com valor fixado em R$ 350,47. Esse valor é um reflexo direto das condições hidrológicas e de consumo de cada região, equilibrando o custo da operação para garantir o abastecimento sem oscilações tarifárias.
Para o setor de energia e os consumidores, essas projeções do ONS são mais que dados estatísticos: representam uma expectativa de estabilidade no fornecimento e potencial queda no custo das tarifas, especialmente nas regiões que terão maior afluência hídrica e menor demanda por energia térmica. A continuidade das chuvas é, portanto, uma chave essencial para evitar sobrecargas no sistema e preparar o país para os meses mais secos que virão.
Com essas previsões, o Brasil espera entrar no verão com um cenário energético mais confortável e com a segurança de que o período úmido trará uma recuperação hídrica significativa. No entanto, a variabilidade climática e as especificidades regionais ainda exigem cautela e monitoramento constante para que o sistema possa operar com a eficiência e segurança necessárias.