Liderança brasileira impulsiona compromissos globais para triplicar a capacidade de energia renovável e melhorar a eficiência energética até 2030
O ministro de Minas e Energia e conselheiro da Itaipu Binacional, Alexandre Silveira, encerrou na última sexta-feira (4) os debates do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas (ETWG) do G20, realizados em Foz do Iguaçu (PR), com o anúncio de uma importante declaração conjunta. O documento firmado pelos países membros prevê, entre outros compromissos, triplicar a capacidade global de energia renovável e dobrar a taxa média anual de melhorias na eficiência energética até 2030.
A declaração, fruto de uma reunião ministerial, enfatiza a importância de acelerar transições energéticas limpas, justas e inclusivas, além de priorizar a segurança energética. Silveira destacou que o consenso alcançado é resultado do diálogo e da diplomacia, elementos centrais do governo brasileiro sob a liderança do presidente Lula. Esta é a primeira vez, desde 2021, que o ETWG aprova uma declaração de compromissos.
Compromisso com a transição energética global
Durante a coletiva de imprensa, o ministro ressaltou a responsabilidade das maiores economias do mundo em liderar a transição energética, afirmando que essa liderança exige ações concretas e imediatas. “Somente com cooperação, coragem e uma visão comum podemos realizar essa transformação de maneira justa e equilibrada. Não podemos mais adiar as decisões que precisam ser tomadas hoje. Com isso, nós podemos nos orgulhar e dizer para o mundo que este grupo alcançou consenso em temas tão relevantes para a salvaguarda do planeta”, afirmou Silveira.
A declaração também contempla a adoção de novas abordagens para melhorar a flexibilidade e a estabilidade dos sistemas energéticos, adaptados às necessidades de cada país. Entre as medidas estão o gerenciamento de demanda, modernização de infraestrutura e a expansão de capacidades de backup e balanceamento.
O documento do G20 também aponta a necessidade de ampliar o uso de tecnologias de armazenamento de energia, como baterias e hidrelétricas de bombeamento, além de destacar a eficiência energética como uma prioridade. A meta é criar um ambiente internacional favorável às transições energéticas globais.
Inclusão e acesso a tecnologias limpas
Outro ponto central da declaração é o compromisso de acelerar os esforços para alcançar o acesso universal a métodos de cozimento limpos até 2030, um avanço significativo no combate à pobreza energética. Silveira comemorou a inclusão desse item, destacando a importância para a saúde das famílias, especialmente em países em desenvolvimento. O Brasil tem sido um dos protagonistas nessa área, com o lançamento do programa “Gás para Todos”, considerado o maior programa de cozimento limpo do mundo.
“Garantir o acesso universal a tecnologias limpas de cozimento é combater a pobreza energética, é cuidar da saúde das nossas famílias, mulheres e crianças”, disse o ministro. Ele ressaltou que, com o programa, o Brasil planeja ampliar em quatro vezes o auxílio-gás, beneficiando mais de 20 milhões de famílias em todo o país.
Financiamento e apoio aos países em desenvolvimento
O GT de Transições Energéticas também reconheceu que, para que a transição energética seja bem-sucedida, os países em desenvolvimento precisam de apoio financeiro. O grupo defendeu a facilitação do financiamento para ações climáticas nesses países, a fim de garantir que eles possam avançar em direção à neutralidade de carbono.
Princípios para uma transição energética justa e inclusiva
Sob a liderança de Silveira, o grupo também aprovou os princípios para uma transição energética justa e inclusiva, uma proposta apresentada pelo Brasil. Esses princípios, que agora são compromissos globais do G20, buscam garantir que a transição energética seja não apenas tecnológica, mas também um novo modelo de desenvolvimento sustentável, social e inclusivo.
Silveira lembrou que os princípios foram apresentados ao Papa Francisco durante uma audiência no Vaticano, em maio de 2024. Entre os principais pontos do documento, destaca-se o combate à pobreza energética em todas as suas formas, com foco no acesso universal à energia elétrica e a tecnologias limpas para cozinhar. O ministro defendeu que essa transição precisa ser um processo que não deixe ninguém para trás, promovendo inclusão e desenvolvimento sustentável.