Com a possibilidade de economizar até 40%, pequenas e médias empresas aderem ao Mercado Livre de Energia e impulsionam a transição para fontes renováveis
Em meio à crise energética e à entrada em vigor da bandeira vermelha, que aumentou os custos da conta de luz no Brasil, o Mercado Livre de Energia tem se destacado como uma solução eficaz para consumidores que buscam tanto economizar quanto aderir a fontes renováveis. Pequenas e médias empresas, em especial, estão migrando em massa para esse modelo, atraídas pela promessa de economia de até 40% na conta de energia.
A bandeira vermelha, aplicada a partir de 1º de outubro de 2024, traz uma cobrança adicional significativa nas tarifas, em parte devido à seca que o país enfrenta e que impacta diretamente a produção hidrelétrica, aumentando a dependência de fontes mais caras, como as termelétricas. Neste cenário, o Mercado Livre de Energia surge como uma alternativa viável não apenas para economizar, mas também para tornar a matriz energética mais sustentável.
De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), só em janeiro deste ano, mais de 3 mil consumidores optaram por encerrar contratos com distribuidoras tradicionais e migrar para o Mercado Livre de Energia. Essa tendência tem sido observada desde que uma portaria do Ministério de Minas e Energia, em janeiro de 2024, permitiu que consumidores com demanda inferior a 500 quilowatts (kW) aderissem ao mercado, antes restrito a empresas com cargas maiores.
O Crescimento do Mercado Livre
O Mercado Livre de Energia, que já opera no Brasil desde 1996, vivenciou um crescimento expressivo de 23% em 2023, adicionando aproximadamente 7 mil novas unidades consumidoras. Hoje, cerca de 165 mil unidades estão aptas a fazer essa migração. O volume de energia transacionado por meio desta modalidade alcançou 128 mil megawatts (MW), representando 72% do consumo total de energia no país.
Neste modelo, as empresas podem negociar diretamente com os fornecedores as condições de fornecimento de energia, como preço, prazo e até mesmo a origem da energia, optando por fontes renováveis como solar, eólica ou biomassa. Esse ambiente mais competitivo tende a gerar custos menores, e os consumidores têm a liberdade de escolher os contratos mais vantajosos.
As tarifas, acordadas diretamente entre o fornecedor e o consumidor, não sofrem influência de fatores externos, como as bandeiras tarifárias que impactam o mercado regulado. Além disso, as empresas que aderem ao Mercado Livre podem adquirir energia de qualquer região do país, aumentando a flexibilidade e as possibilidades de economias.
O Impacto Econômico e Sustentável
O caso da rede de restaurantes La Mole, que migrou parte de suas unidades para o Mercado Livre, é um exemplo claro dos benefícios dessa mudança. Com três restaurantes e um galpão aderindo à modalidade, a rede conseguiu economizar mais de R$ 2 milhões em sua conta de luz. Além da economia financeira, a migração também permitiu uma gestão mais eficiente do consumo de energia, que agora é 100% proveniente de fontes renováveis.
O galpão do grupo, localizado no Rio de Janeiro, abriga 23 fornecedores, e todos passaram a ser beneficiados pela migração. A gestão de consumo foi facilitada por tecnologias como os medidores inteligentes, que permitem uma monitorização em tempo real do uso de energia, possibilitando uma atuação preventiva em casos de desperdício ou consumo excessivo.
A operação foi conduzida pela Tyr Energia, uma empresa especializada em gestão de contas de luz para negócios de diversos setores. Fundada em 2018, a Tyr já gerou uma economia acumulada de R$ 103 milhões para mais de 200 clientes espalhados por 37 cidades no Brasil.
Empoderamento do Consumidor com Tecnologias Inteligentes
Joana Waldburger, diretora-executiva da Tyr Energia, destaca que o Mercado Livre permite que as empresas assumam maior controle sobre o consumo energético. “Com a expansão dessa modalidade, o Brasil se alinha às melhores práticas internacionais no setor de energia. Tecnologias como os medidores inteligentes empoderam o consumidor, tornando a relação com os fornecedores mais justa e transparente”, afirmou.
Além de grandes redes, pequenos negócios também estão vendo os benefícios dessa mudança. Antonio Pedro Resende, sócio de um posto de gasolina em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, migrou para o Mercado Livre em janeiro de 2024 e planeja investir a economia gerada em melhorias para o negócio. “Com a redução na conta de luz, podemos oferecer preços mais competitivos aos nossos clientes e ainda investir em tecnologias como terminais de recarga para carros elétricos”, declarou Resende.