Adesão à CCUS, promovida pelo Clean Energy Ministerial, reforça papel do país na descarbonização e amplia cooperação internacional em tecnologias para captura e armazenamento de CO2
O Brasil acaba de dar mais um passo significativo em seu compromisso com a descarbonização ao aderir à Iniciativa de Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS), promovida pelo Clean Energy Ministerial (CEM). O anúncio foi realizado nesta quinta-feira (3/10), durante o encontro do CEM e da Missão Inovação (MI), que acontece em Foz do Iguaçu (PR), em paralelo às reuniões do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20. A iniciativa coloca o Brasil ao lado de 15 nações que lideram os esforços globais no desenvolvimento de tecnologias para captura e armazenamento de carbono, fortalecendo sua contribuição para a mitigação das mudanças climáticas.
O Ministério de Minas e Energia (MME) foi o responsável por oficializar a entrada do Brasil no CCUS, com a participação do secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Mendes, representando o ministro Alexandre Silveira. Durante seu discurso, Mendes enfatizou a relevância das tecnologias de captura de carbono para o país, destacando o avanço da indústria de petróleo e gás na adoção de práticas que visam reduzir as emissões de CO2.
“A Bacia de Santos, no Brasil, já abriga um dos maiores projetos de captura e armazenamento de carbono do mundo. Somente em 2023, cerca de 20 milhões de toneladas de CO2 foram injetadas nos reservatórios da região, e esse volume deve dobrar até 2030, à medida que aumentamos nossa produção. Isso demonstra nosso firme compromisso com os objetivos do Acordo de Paris e a transição energética global”, afirmou o secretário.
O Brasil no Cenário Global de Captura de Carbono
A adesão à CCUS posiciona o Brasil como um importante ator na busca por soluções tecnológicas para enfrentar as mudanças climáticas, reforçando o papel central do país no cumprimento das metas climáticas acordadas no Acordo de Paris. O grupo CCUS, criado em 2018, atua como um dos principais fóruns globais voltados à promoção do diálogo entre governos, indústrias e o setor financeiro, buscando acelerar políticas e investimentos em tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
Entre os países membros da iniciativa estão algumas das maiores potências econômicas e tecnológicas do mundo, como Austrália, Canadá, China, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Esses países lideram o desenvolvimento de soluções para a captura de carbono, um elemento essencial para atingir as metas de redução de emissões globais e limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Ao integrar esse seleto grupo, o Brasil amplia suas oportunidades de cooperação internacional, tanto no intercâmbio de conhecimentos técnicos e regulatórios quanto na atração de investimentos para novas tecnologias de descarbonização. A participação no CCUS também abre portas para parcerias estratégicas no setor de petróleo e gás, que está diretamente envolvido na implementação dessas tecnologias.
Compromissos Nacionais com a Descarbonização
A adesão à CCUS é mais um movimento do Brasil em direção à transição energética e à redução das emissões de carbono. Em agosto deste ano, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou uma resolução que inclui a descarbonização do setor de exploração e produção (E&P) como parte integrante da política energética nacional. Essa decisão é parte do esforço para assegurar que o Brasil continue progredindo em direção a uma economia de baixo carbono.
Além disso, o programa “Combustível do Futuro”, lançado recentemente, é um marco importante na jornada de descarbonização do país. Reconhecido como um dos maiores e mais inovadores programas de descarbonização da matriz de transporte do mundo, ele inclui um marco regulatório para tecnologias de captura e sequestro de carbono. O programa visa não apenas reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos setores de transporte e energia, mas também fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias que possam ser aplicadas em grande escala.
Desafios e Oportunidades para o Brasil
A integração do Brasil ao CCUS não é apenas um compromisso com as metas climáticas globais, mas também uma oportunidade para o país consolidar sua posição como líder em tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Com projetos como o da Bacia de Santos, o Brasil já demonstra que possui o potencial para se tornar um dos maiores sequestradores de carbono do mundo, o que pode atrair investimentos internacionais e fortalecer sua economia de baixo carbono.
No entanto, os desafios não são pequenos. A captura e o armazenamento de carbono ainda enfrentam barreiras técnicas e financeiras em muitas partes do mundo. Apesar disso, a participação em iniciativas como a CCUS e o Carbon Management Challenge (CMC) — no qual o Brasil lidera o Workstream 2, com a meta de sequestrar 1 gigatonelada de CO2 até 2030 — coloca o país na vanguarda dos esforços globais para superar esses obstáculos.