Parceria estratégica visa desenvolver cadeia de hidrogênio verde para um Mega Hub de baixo carbono, promovendo a descarbonização global
A Vale firmou uma parceria significativa com a Green Energy Park (GEP), uma empresa europeia integrada focada em soluções de hidrogênio verde. Juntas, elas têm como objetivo desenvolver estudos de viabilidade para a instalação de uma unidade de produção de hidrogênio verde no Brasil. O hidrogênio produzido será essencial para abastecer um futuro Mega Hub no país, um complexo industrial dedicado à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono.
Impacto na Indústria Siderúrgica
Essa colaboração visa criar uma plataforma aberta para parcerias internacionais, permitindo que empresas siderúrgicas de todo o mundo possam adquirir e produzir “hot-briquetted iron” (HBI), também conhecido como ferro-esponja, no Brasil. A iniciativa promete acelerar o crescimento da indústria de aço de baixo carbono, um setor que é responsável por cerca de 8% das emissões globais de carbono, principalmente devido ao uso de carvão em altos-fornos.
Com a crescente pressão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a transição para uma produção de aço mais sustentável se torna imperativa. O uso de hidrogênio verde como agente redutor na produção de HBI pode reduzir as emissões de CO2 de aproximadamente 2 toneladas por tonelada de aço produzido para cerca de 0,4 tonelada, resultando em uma redução de até 80% nas emissões. Este processo não apenas promove a sustentabilidade ambiental, mas também atende à crescente demanda por produtos siderúrgicos de baixo carbono, especialmente na Europa.
Alavancando Vantagens Competitivas
Ludmila Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale, destaca que esta parceria é uma oportunidade única para o Brasil e a Europa. “Estamos aproveitando as vantagens competitivas do Brasil, como a qualidade do nosso minério de ferro e a abundância de energia renovável, para desenvolver o fornecimento de hidrogênio verde. Isso permitirá a oferta de HBI verde de alto valor agregado para as siderúrgicas europeias”, afirmou.
A parceria também se alinha com os esforços da Vale para promover uma indústria mais limpa e sustentável no Brasil, contribuindo para a neoindustrialização do país baseada em uma economia de baixo carbono. O Mega Hub será um passo crucial nesse processo, com a Vale produzindo aglomerados de minério de ferro que servirão como insumo para a produção de HBI com hidrogênio renovável.
Tecnologia de Ponta em Eletrolisadores
A GEP, apoiada pelo programa Global Gateway da Europa, trará sua experiência em engenharia e construção para a implantação de eletrolisadores de última geração. Esses eletrolisadores serão fundamentais para a produção de hidrogênio verde de forma eficiente e econômica. A planta integrada de produção de hidrogênio da GEP incluirá instalações avançadas para o armazenamento e manuseio de hidrogênio, além de outras aplicações industriais de descarbonização.
A implementação de tecnologias de eletrolisadores padronizados na GEP visa reduzir custos, o que é essencial para viabilizar a produção em larga escala de hidrogênio verde. A experiência da empresa em manuseio e armazenamento de gás criogênico será um diferencial importante, garantindo operações seguras e eficientes.
Colaboração para um Futuro Sustentável
Bart Biebuyck, CEO da GEP, afirmou que a parceria com a Vale é um marco significativo na jornada rumo ao “Net Zero”. “Estamos orgulhosos de trabalhar com a Vale para descarbonizar o setor siderúrgico. Juntas, nossas empresas têm o objetivo de levar a tecnologia de hidrogênio verde para o núcleo de setores de difícil abatimento, oferecendo uma plataforma competitiva para a produção de aço verde na Europa e em todo o mundo”, comentou.
Essa colaboração representa um avanço significativo na descarbonização da indústria siderúrgica, mas também um passo crucial para o Brasil na construção de um futuro mais sustentável. Ao unir forças, a Vale e a GEP buscam criar uma cadeia de valor robusta para o hidrogênio verde, contribuindo para a redução das emissões de carbono e promovendo um ambiente industrial mais responsável.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos avanços significativos, o setor de ferro e aço ainda enfrenta desafios substanciais para alcançar uma economia neutra em carbono até 2050. A dependência histórica do carvão e a complexidade da transição para tecnologias mais limpas exigem investimentos significativos e inovação contínua. No entanto, iniciativas como a parceria entre a Vale e a GEP mostram que é possível superar esses obstáculos, criando soluções práticas e sustentáveis.