O encerramento das atividades da central em Nottinghamshire marca um avanço histórico na transição energética britânica rumo à neutralidade de carbono até 2050
O Reino Unido anunciou o fechamento de sua última central elétrica a carvão, tornando-se o primeiro país do G7 a eliminar totalmente essa fonte de energia da sua matriz. Localizada em Ratcliffe-on-Soar, no condado de Nottinghamshire, a usina encerrou suas operações após 57 anos de atividade, em um movimento simbólico que reforça os compromissos britânicos com a transição verde e a redução de emissões de carbono.
Esse marco coloca o país à frente dos seus parceiros do G7 em termos de descarbonização, alinhando-se aos planos ambiciosos do governo britânico de alcançar a neutralidade de carbono até 2050. O Reino Unido, que já foi pioneiro na industrialização a carvão, agora dá um passo decisivo para liderar uma nova era de energia limpa.
O fim de uma era
A usina de Ratcliffe-on-Soar foi uma das últimas remanescentes de um sistema energético que já teve o carvão como sua principal fonte de eletricidade. Há apenas algumas décadas, no auge da utilização dessa fonte de energia, o carvão era responsável por aproximadamente 70% da eletricidade consumida no Reino Unido. A transição para energias mais limpas, no entanto, foi acelerada ao longo dos últimos 30 anos, com a participação do carvão despencando para 1% da matriz elétrica no ano passado.
Para os ambientalistas, o fechamento dessa última central representa um passo crucial, mas ainda insuficiente. Organizações como a Friends of the Earth elogiaram a decisão, mas destacaram que o Reino Unido agora deve focar em eliminar a dependência do gás natural e acelerar o desenvolvimento das energias renováveis.
Transição energética e criação de empregos
O Partido Trabalhista do Reino Unido celebrou o fechamento da usina como um marco histórico, afirmando que “marca o fim de uma época”, mas também abre caminho para uma nova fase de crescimento econômico baseada em tecnologias limpas. A expectativa é que o setor de energias renováveis continue a gerar milhares de novos empregos, substituindo os postos de trabalho que antes estavam associados à indústria do carvão.
A transição energética britânica, impulsionada por investimentos em energia eólica, solar e outras fontes renováveis, visa não apenas reduzir as emissões de carbono, mas também criar uma nova economia verde que seja sustentável a longo prazo.
Da revolução industrial à revolução verde
O Reino Unido, que em 1882 inaugurou a primeira usina a carvão do mundo, na estação de Holborn Viaduct, em Londres, está agora fechando o ciclo de sua dependência desse combustível fóssil. A energia proveniente do carvão desempenhou um papel fundamental na Revolução Industrial, sendo um dos principais motores do crescimento econômico global desde o século 19.
Entretanto, com o passar do tempo, ficou evidente o impacto ambiental catastrófico dessa fonte de energia, levando o Reino Unido a embarcar em um processo gradual, mas firme, de transição para energias mais limpas. Essa transição acelerou principalmente a partir da década de 1990, quando o país começou a diversificar sua matriz energética e investir pesadamente em tecnologias renováveis.
O Reino Unido agora se junta a outros países que também estão avançando na descarbonização de suas economias, como a Alemanha, que tem planos de eliminar o carvão até 2038, e a França, que se comprometeu a fazer o mesmo até 2027.
O próximo desafio: o gás natural
Apesar desse importante avanço, o Reino Unido ainda enfrenta desafios significativos no caminho para a neutralidade de carbono. A Friends of the Earth e outras organizações ambientalistas alertam que o país precisa acelerar o processo de descarte do gás natural, que ainda é uma importante fonte de energia, e investir mais pesadamente no desenvolvimento de energias renováveis e na construção de uma infraestrutura de armazenamento de energia.
Com o fechamento da última central a carvão, o Reino Unido coloca-se em uma posição de liderança entre os países desenvolvidos na luta contra as mudanças climáticas. No entanto, o país terá que continuar investindo em tecnologias de baixo carbono para atingir suas metas climáticas e servir de exemplo para outras nações em todo o mundo.