Especialistas debatem como essas fontes energéticas estão acelerando a evolução rumo a uma matriz mais sustentável no segundo dia da ROG.e 2024
O papel do biorrefino e do gás natural na transição energética foi o tema central do segundo dia da ROG.e 2024, um dos maiores eventos de energia do mundo, realizado no Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro. Executivos do setor e autoridades do governo debateram as soluções de baixo carbono que estão contribuindo para a descarbonização da matriz energética brasileira e para a evolução rumo a um futuro mais sustentável.
Claudio Schlosser, diretor de logística da Petrobras, ressaltou a importância das biorrefinarias na transição energética do Brasil, destacando as soluções de baixo carbono que já estão sendo implementadas. Um exemplo é o diesel R5, uma mistura de óleo vegetal e gordura animal, que já possui um custo competitivo e uma produção de 10 milhões de litros mensais. “O diesel R5 apoia diretamente o processo de descarbonização, e o Brasil tem uma vantagem significativa com três safras por ano, garantindo um fornecimento sustentável de energia sem comprometer a cadeia alimentar”, afirmou Schlosser durante o painel “Os Desafios da Oferta Futura de Combustíveis e Biocombustíveis”. O executivo também destacou que um dos grandes desafios da transição energética é a logística, principalmente em regiões como o Centro-Oeste, onde o crescimento do agronegócio tem aumentado a demanda por energia.
Marcelo Cordaro, COO da Acelen, compartilhou a visão de que o Combustível Sustentável de Aviação (SAF) já é uma solução viável para a mobilidade aérea, sem a necessidade dos altos investimentos associados à eletrificação das aeronaves. Ele também mencionou o potencial da macaúba como um insumo promissor, destacando que a planta pode reduzir até 80% das emissões de gases de efeito estufa (GEE). “Além da redução significativa de GEE, a macaúba também tem um impacto ambiental e social positivo, com o cultivo gerando empregos e o óleo sendo utilizado em diversas aplicações”, observou Cordaro.
O etanol de milho também foi tema de destaque nas discussões. Juliano Tamaso, vice-presidente de Supply Chain da Raízen, enfatizou que o Brasil já produz mais de 10 milhões de litros desse biocombustível por ano e que o país tem uma cadeia logística altamente eficiente, monitorada em tempo real, o que contribui para a redução de custos e o aumento da oferta de combustíveis renováveis.
Gás Natural: Regulamentação e Competição
Outro ponto central dos debates foi o gás natural e seu papel na transição energética. Sylvie D’Apote, diretora executiva de gás natural do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), destacou os avanços trazidos pela Lei do Gás de 2021, que abriu caminho para um mercado mais competitivo. “Desde a implementação da nova lei, vimos um crescimento significativo no número de contratos de transporte de gás, passando de 39 contratos em 2020 para mais de 500 no primeiro semestre de 2024”, observou Sylvie. Ela destacou que o mercado de gás está se diversificando, com novos fornecedores conquistando uma fatia cada vez maior da malha de transporte, o que está resultando em preços mais competitivos.
Edie Andreeta Junior, assessor da Secretaria Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), reforçou que o governo está empenhado em desenvolver o mercado de gás natural, buscando aumentar a oferta e a competitividade desse recurso. “O governo federal está trabalhando para garantir uma remuneração justa para as infraestruturas de gás e harmonizar a regulamentação federal com as estaduais”, comentou.
Celso Guerra, subsecretário de Desenvolvimento Regional do Governo do Espírito Santo, apresentou o programa ES Mais+Gás, que já atraiu R$ 100 milhões em investimentos para a ampliação da malha de distribuição de gás no estado. Guerra afirmou que o Espírito Santo tem um potencial significativo para expandir o uso do gás natural, com a expectativa de que 90% da indústria local migre para o mercado livre nos próximos anos.
Inovações no Setor Energético: Eletrobras e Parcerias Tecnológicas
A inovação também foi destaque na ROG.e 2024. Juliano Dantas, vice-presidente de Tecnologia e Inovação da Eletrobras, apresentou os projetos da companhia na região Nordeste, que incluem iniciativas pioneiras, como a planta solar flutuante em Sobradinho (BA) e um sistema híbrido de armazenamento de energia em Casa Nova (BA). Dantas mencionou o potencial de replicação do modelo de inovação da Eletrobras em outras regiões, promovendo desafios e criando oportunidades para startups e universidades locais. “Nosso objetivo é fomentar a inovação e dar oportunidade para que os jovens talentos sejam protagonistas das soluções tecnológicas que precisamos”, afirmou.
O uso de drones e robôs também está revolucionando a indústria de energia, como destacou Luiz Acosta, gerente de P&D da XMBots. A adoção dessas tecnologias tem o potencial de reduzir custos e aumentar a eficiência operacional, mas, segundo Acosta, é fundamental investir em pesquisa e desenvolvimento para explorar ao máximo essas inovações.