A deflação de agosto, a segunda no governo atual, foi influenciada pela queda nas tarifas de energia elétrica, após o retorno à bandeira verde
O Brasil registrou uma deflação de -0,02% em agosto de 2024, uma queda de 0,40 ponto percentual (p.p.) em relação à inflação de julho, que foi de 0,38%. Esse é o primeiro índice negativo desde junho de 2023, quando a taxa também ficou abaixo de zero, marcando -0,08%. Entre os fatores que contribuíram para a deflação está a redução nas tarifas de energia elétrica residencial, com uma queda de 2,77%, além de uma diminuição no grupo Alimentação e bebidas.
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10), a deflação foi puxada principalmente pela queda no grupo Habitação, que recuou -0,51%, e pela diminuição de 0,44% nos preços de alimentação e bebidas, com destaque para a segunda queda consecutiva nos preços da alimentação no domicílio (-0,73%). No acumulado do ano, a inflação soma 2,85%, e nos últimos 12 meses, o índice está em 4,24%.
Energia elétrica e bandeiras tarifárias
A mudança na bandeira tarifária da energia elétrica foi um dos principais fatores que influenciaram o resultado do IPCA de agosto. Segundo André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, a adoção da bandeira verde foi decisiva para a redução nas contas de luz. “Em agosto, houve o retorno à bandeira verde, onde não há cobrança adicional, após a bandeira amarela ter sido aplicada em julho, o que explica a redução nas tarifas de energia elétrica residencial”, explica Almeida.
O grupo Habitação, no qual a energia elétrica é um componente importante, recuou 0,51%, sendo uma das maiores contribuições para o resultado de agosto. A queda na energia elétrica tem um impacto direto no orçamento das famílias, aliviando as pressões inflacionárias de forma significativa.
Alimentação e bebidas em queda
Outro fator que ajudou a conter a inflação em agosto foi o comportamento dos preços de alimentação e bebidas, que recuaram 0,44% no período. Os preços da alimentação no domicílio caíram 0,73%, marcando o segundo mês consecutivo de queda. Essa redução foi observada em produtos básicos da cesta de consumo das famílias, ajudando a aliviar os impactos econômicos nas residências.
Desempenho regional
Regionalmente, os resultados da inflação em agosto foram variados, com sete localidades registrando índices positivos e oito, negativos. A maior alta foi observada em Porto Alegre (0,18%), devido ao aumento de 21,59% nas passagens aéreas, enquanto São Luís apresentou a maior queda (-0,54%), influenciada pela redução de 4,52% nos preços da energia elétrica residencial.
Em Fortaleza, o índice foi estável, sem variações, mantendo-se em 0,00%. Já outras capitais como Vitória e São Paulo registraram variações modestas, com Vitória apresentando uma alta de 0,13% devido ao aumento nas tarifas de água e esgoto.
INPC também registra queda
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação dos preços para as famílias com menor poder aquisitivo, também registrou uma queda em agosto, fechando em -0,14%, 0,40 p.p. abaixo do índice de julho, que foi de 0,26%. No acumulado do ano, o INPC está em 2,80% e, nos últimos 12 meses, registra 3,71%, um valor abaixo dos 4,06% dos 12 meses anteriores.
Os preços dos produtos alimentícios continuaram em queda, com um recuo de 0,63%, em linha com o comportamento do IPCA. Por outro lado, os produtos não alimentícios tiveram uma desaceleração significativa, passando de 0,65% em julho para 0,02% em agosto.
Considerações finais
A deflação registrada em agosto, a segunda no governo atual, reflete o impacto positivo de fatores como a mudança na bandeira tarifária da energia elétrica e a queda nos preços dos alimentos. Embora o índice ainda acumule alta no ano, a tendência de queda nos preços, especialmente nos setores de habitação e alimentação, tem aliviado as pressões inflacionárias, beneficiando diretamente os consumidores.