Deputado aponta riscos severos para água, energia e agricultura; defende diversificação das fontes de energia e retomada das obras de Angra 3
O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) fez um alerta contundente sobre a atual crise hídrica no Brasil, a pior já registrada na história do país. Em uma declaração recente, Jardim destacou as “consequências graves” da seca, que inclui riscos de escassez de água e energia, prejuízos à agricultura e impactos na inflação, além de devastação ambiental e queimadas. Para ele, a situação é “muito séria” e exige uma mudança urgente de comportamento.
Impactos na Produção de Energia
Jardim ressaltou que a crise hídrica tem uma relação direta com a produção de energia elétrica no país. Com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) já tendo decretado bandeira vermelha, os custos da energia elétrica aumentaram, refletindo a escassez hídrica. O deputado observou que, embora a seca não afete diretamente as matrizes eólica e solar, essas fontes são limitadas em comparação com a matriz hidrelétrica brasileira, que é predominantemente composta por usinas hidrelétricas.
Para compensar a falta de água para geração hidrelétrica, o Brasil tem recorrido ao acionamento das usinas termelétricas, que utilizam combustíveis fósseis como gasolina e carvão. Jardim reconheceu que, embora essa alternativa seja “ruim” devido à poluição que causa, ela foi “necessária” para garantir a continuidade do fornecimento de energia.
Diversificação das Fontes de Energia
Diante da crise, Jardim vê uma oportunidade para diversificar as fontes de energia no Brasil. Ele defende a expansão das energias eólica, solar, biomassa e do Hidrogênio Verde. O projeto que regulamenta o uso do Hidrogênio Verde, que já foi aprovado pelo Senado, voltará para a Câmara dos Deputados em breve. Jardim acredita que um “cardápio de opções” é essencial para reduzir a dependência da energia hidrelétrica e melhorar a resiliência do setor energético.
O deputado também não descartou a possibilidade de ampliar o uso da energia nuclear. Ele defendeu a retomada das obras da usina Angra 3 e destacou a importância da energia gerada por Angra 1 e Angra 2. Jardim argumentou que hoje é possível operar com usinas nucleares menores e de menor risco, como já fazem outros países.
Descompasso Entre Produção e Transmissão
Jardim apontou um descompasso entre a produção de energia e a instalação de novas linhas de transmissão. Ele mencionou que diversos pedidos para autorização de novas linhas estão paralisados “há anos” e criticou a greve do Ibama, que, segundo ele, agravou ainda mais a situação.
Apesar de seu alerta sobre a possibilidade de racionamento de água, Jardim descartou essa medida e defendeu um uso “disciplinado” dos recursos hídricos. O maior risco identificado pelo deputado é para a produção de energia, não para o abastecimento de água.
Seca e Mudanças Climáticas
O deputado atribui a crise hídrica ao fenômeno climático La Niña, que altera o regime de chuvas no Hemisfério Sul, e às mudanças climáticas estruturais. Jardim criticou os negacionistas das mudanças climáticas, sugerindo que deveriam “abrir a janela e olhar” para perceber a realidade. Segundo ele, o Brasil não é “algoz do meio ambiente” e está “fazendo sua lição de casa” em termos de preservação ambiental, ao mesmo tempo em que deve exigir que outros países também cumpram suas responsabilidades.