Evento promovido pelo CEBDS reúne 300 participantes para discutir o papel do Brasil na nova economia de baixo carbono, com foco em energias renováveis e inovação tecnológica
O Brasil deu mais um passo rumo à liderança global na transição para uma economia de baixo carbono durante o Seminário CEBDS 2024: Transição Energética Justa, integrada à Natureza e Sociedade, realizado em Natal, no Rio Grande do Norte, nesta quarta-feira, 28 de agosto. O evento, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), reuniu cerca de 300 pessoas, incluindo representantes de empresas, governos e da sociedade civil, para debater as oportunidades e desafios da transição energética no país, com destaque especial para o hidrogênio verde.
Marina Grossi, presidente do CEBDS, abriu o seminário destacando o papel crucial do hidrogênio verde na descarbonização de setores como a indústria pesada, o transporte de longa distância e a produção de aço, áreas tradicionalmente difíceis de eletrificar. “O hidrogênio verde é uma solução chave para a transição energética, pois pode ser utilizado em diversas aplicações, desde combustível em células de hidrogênio para veículos até na produção de amônia e aquecimento residencial. Além disso, ele oferece uma forma viável de armazenar energia excedente gerada por fontes renováveis”, afirmou Grossi.
O seminário também abordou o potencial do Brasil para se tornar um líder global na nova geopolítica energética, impulsionada por uma economia de baixo carbono. “O Brasil tem tudo para se destacar nessa nova era, com o hidrogênio verde, nossa neoindustrialização, o aço de baixo carbono e os biocombustíveis como soluções globais. Para isso, é fundamental colocar as pessoas no centro das decisões, sejam elas tomadas por governos, empresas ou a sociedade civil”, enfatizou a presidente do CEBDS.
Marco Legal do Hidrogênio Verde e o Papel do Rio Grande do Norte
O evento foi realizado em um momento oportuno, poucos dias após a sanção do Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, que oferece maior segurança jurídica e atratividade para investimentos no setor. A Lei do Hidrogênio de Baixo Carbono foi um dos temas centrais do seminário, destacando as oportunidades que essa nova legislação traz para o Brasil.
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, esteve presente no evento e ressaltou a importância do estado no cenário energético brasileiro. “O Nordeste é responsável por mais de 85% da produção de energia renovável do país, com a energia eólica como protagonista. Mas estamos vendo um crescimento significativo da energia solar e offshore, impulsionado pelo hidrogênio verde”, afirmou Bezerra. A governadora também destacou a recente assinatura de um contrato para a instalação de uma planta piloto de hidrogênio verde no estado, que será a primeira do Brasil a adotar essa tecnologia como combustível na indústria de cimento, em substituição aos derivados de petróleo.
Painéis e Debates: Multidimensionalidade da Transição Energética
O seminário foi estruturado em seis painéis, que abordaram diferentes aspectos da transição energética justa. Entre os temas discutidos, destacaram-se os desafios e oportunidades da transição em uma perspectiva multidimensional, a importância da regulação para o desenvolvimento de tecnologias de energia limpa, o financiamento da transição, e a agricultura regenerativa como estratégia para combater a insegurança alimentar e a crise climática.
Gabriel Azevedo, diretor geral de estratégia do BID Invest, participou do painel “Financiando o Futuro”, que explorou o papel dos bancos multilaterais e de desenvolvimento na mobilização de recursos para projetos sustentáveis. Azevedo destacou a posição estratégica do Brasil no cenário global: “Das seis grandes agendas globais atuais, que estão em foco na governança da ONU e dos bancos de investimento, o Brasil pode se posicionar como líder em três delas: a transição energética, a agenda climática e a segurança alimentar”.
Reconhecimento e Inclusão Social
Além dos debates, o seminário também foi palco de importantes reconhecimentos e ações sociais. Durante o evento, foram anunciadas as vencedoras da 7ª edição do Prêmio CEBDS de Liderança Feminina, que homenageia mulheres que se destacam na promoção da sustentabilidade no Brasil. Em uma iniciativa social, o CEBDS, em parceria com a DevMedia, entregou 20 bolsas de estudos integrais para a formação de programadores, beneficiando jovens e adultos apoiados por ONGs locais.
Rio Grande do Norte: Pioneirismo em Energia Renovável
O Rio Grande do Norte se destacou como líder nacional na produção de energia eólica, responsável por 30,2% de toda a geração eólica do Brasil. Em 20 anos, a energia eólica saltou de menos de 1% para 15,9% da matriz elétrica brasileira, um avanço significativo que coloca o estado em uma posição estratégica para liderar a transição energética no país. Além disso, o crescimento da economia do Nordeste em 2024, que superou a média nacional, e as melhorias no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de municípios que têm recebido investimentos em energia renovável, mostram os benefícios socioeconômicos dessa transformação.
“O novo modelo de desenvolvimento deve considerar o uso estratégico de nossos ativos ambientais para promover a prosperidade, enfrentar nosso grande passivo social e integrar as necessidades e expectativas das comunidades locais”, concluiu Marina Grossi, reforçando o compromisso do CEBDS com uma transição energética que seja justa e integrada à sociedade e ao meio ambiente.
O Seminário CEBDS 2024, que contou com o patrocínio de grandes empresas como Banco do Nordeste, Equinor, Nestlé, Vale, Caixa, Eletrobras e Neoenergia, reafirmou o compromisso do Brasil com um futuro sustentável e líder na transição energética global.