Especialistas destacam que empresas que ignoram o meio ambiente comprometem sua sustentabilidade, sua reputação e o próprio futuro econômico
Em um mundo cada vez mais pressionado pelas mudanças climáticas, eventos extremos e perda acelerada de biodiversidade, o setor empresarial não pode mais se dar ao luxo de tratar o meio ambiente como uma variável periférica. Essa é a mensagem central que o Capitalismo Consciente Brasil (CCB) reforça no contexto do Dia de Proteção das Florestas, celebrado em 17 de julho.
De acordo com dados do MapBiomas, só em 2024 o Brasil perdeu cerca de 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa. Esse dado alarmante evidencia não apenas uma crise ambiental, mas também uma ameaça direta aos negócios, à economia e à qualidade de vida das pessoas. Para o CCB, é urgente que as empresas deixem de olhar os recursos naturais apenas como insumos e passem a reconhecê-los como stakeholders essenciais para a continuidade de seus próprios negócios.
Daniela Garcia, CEO do Capitalismo Consciente Brasil, resume de forma contundente. “A floresta é um dos maiores símbolos do que significa interdependência. O que afeta o meio ambiente afeta diretamente as pessoas, os negócios e as gerações futuras. Empresas conscientes precisam incluir a natureza entre seus principais stakeholders e assumir compromissos reais com a regeneração do planeta.”
A natureza como ativo estratégico dos negócios
O Capitalismo Consciente, movimento global que inspira o CCB, defende que negócios bem-sucedidos no longo prazo são aqueles que operam a partir de quatro pilares fundamentais:
- Propósito maior – gerar valor não apenas econômico, mas também social e ambiental;
- Orientação para stakeholders – entender que empresas existem para servir todos os públicos impactados, não só acionistas;
- Liderança consciente – gestores comprometidos com impacto positivo e visão de longo prazo;
- Cultura consciente – práticas organizacionais alinhadas a valores éticos, humanos e regenerativos.
Essa lógica ganha ainda mais relevância no cenário climático atual. A preservação das florestas não é apenas uma pauta ambiental — é uma questão de resiliência econômica e social. Florestas regulam o clima, garantem serviços ecossistêmicos como a purificação da água e do ar, o sequestro de carbono e a manutenção da biodiversidade, elementos cruciais para a estabilidade dos negócios e da sociedade.
Além disso, a arborização urbana tem impactos diretos e mensuráveis. Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) apontam que áreas verdes nas cidades podem reduzir em até 5°C a temperatura do ar, especialmente em locais com maior cobertura vegetal, como parques e bosques. Isso melhora não apenas o conforto térmico, mas também a saúde pública e a produtividade.
Empresas que não se adaptarem ficarão para trás
“Proteger as florestas é preservar o futuro. O capitalismo do futuro será regenerativo, ou simplesmente não será”, reforça Daniela Garcia.
Nesse contexto, empresas que adotam modelos de negócio desconectados dos princípios de sustentabilidade estão não apenas colocando o meio ambiente em risco, mas também comprometendo sua própria longevidade. Investidores, consumidores e até reguladores estão cada vez mais atentos ao impacto ambiental das cadeias produtivas.
Organizações que adotam práticas alinhadas ao capitalismo consciente contribuem de forma direta para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente:
- ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis;
- ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.
Essas ações passam pela regeneração de áreas degradadas, preservação de florestas, redução de emissões de carbono, e revisão profunda dos processos produtivos, logística e gestão de resíduos.
Cultura organizacional como vetor de transformação
Para além dos processos, o CCB reforça que é fundamental engajar todos os públicos: colaboradores, clientes, fornecedores, acionistas e a sociedade. Transformar a cultura organizacional para uma mentalidade regenerativa é o que garante que as ações não sejam apenas marketing verde, mas práticas consistentes e duradouras.
“Empresas que promovem uma cultura baseada na responsabilidade socioambiental ampliam não só seu impacto positivo, como também sua competitividade. Esta jornada não é uma opção: é uma necessidade para garantir um legado positivo às próximas gerações”, finaliza Garcia.
O futuro dos negócios é regenerativo
O cenário é claro: as empresas que liderarem a transição para um modelo econômico mais consciente, ético e conectado à preservação dos ecossistemas estarão na vanguarda dos mercados globais. Já aquelas que ignorarem essa realidade correm risco crescente de obsolescência, não apenas ambiental, mas econômica.