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Brasil e Argentina avançam na integração do mercado de gás natural na América do Sul

Brasil e Argentina avançam na integração do mercado de gás natural na América do Sul

Seminário internacional liderado pelo Ministério de Minas e Energia discute desafios, soluções e oportunidades para ampliar a oferta de gás natural argentino ao Brasil, fortalecendo a segurança energética e a competitividade industrial

O Ministério de Minas e Energia (MME) deu mais um passo estratégico na integração energética da América do Sul ao promover, nesta quinta-feira, o seminário internacional “Desafios e Soluções para a Integração Gasífera Regional”. O evento, realizado em Brasília, reuniu autoridades governamentais, agências reguladoras e lideranças empresariais dos setores de produção, transporte, distribuição e comercialização de gás natural.

O encontro reforçou o compromisso dos países da região, especialmente Brasil e Argentina, na construção de um mercado regional de gás natural mais robusto, competitivo e integrado. Um dos principais focos foi a ampliação das importações de gás da formação de Vaca Muerta, na Argentina, considerada uma das maiores reservas de gás não convencional do mundo.

Integração energética como vetor de desenvolvimento regional

Durante a abertura, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou o avanço da diplomacia energética entre os dois países, conduzida por meio do Grupo de Trabalho Bilateral (GTB).

“Estamos construindo uma nova era de cooperação energética na América do Sul. A livre negociação entre produtores argentinos e consumidores brasileiros é fundamental para destravar investimentos, garantir competitividade à nossa indústria e fortalecer a segurança energética do país,” afirmou o ministro.

Estiveram presentes no seminário a Secretária de Energia da Argentina, María Tettamanti, o Vice-Ministro de Minas e Energia do Paraguai, Mauricio Bejanaro, e o Secretário-Executivo da Organização Latino-Americana de Energia (Olade), Andrés Rebolledo, além de representantes das agências reguladoras do Brasil, Argentina e de órgãos estaduais brasileiros.

Avanços na cooperação bilateral Brasil–Argentina

O seminário reflete a consolidação dos compromissos firmados no Memorando de Entendimentos assinado em novembro de 2024, durante a Cúpula do G20. O acordo estabelece as bases para a intensificação das importações de gás argentino, visando atender a crescente demanda do mercado brasileiro, especialmente da indústria.

A expectativa, segundo o MME, é que as importações de gás argentino atinjam até 30 milhões de metros cúbicos por dia até 2030, volume capaz de transformar o perfil de suprimento energético do país e reduzir custos para o setor produtivo.

O Grupo de Trabalho Bilateral (GTB) se reúne semanalmente, contando com representantes de Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, além de agentes do mercado, como transportadoras, distribuidoras, comercializadoras e consumidores industriais.

Desafios e soluções discutidos nos painéis

Ao longo do dia, nove painéis temáticos abordaram tópicos fundamentais para a viabilização da integração gasífera, como:

  • Planejamento de infraestrutura de transporte de gás;
  • Harmonização regulatória e tarifária entre os países;
  • Modelos de comercialização e contratos internacionais;
  • Oportunidades para investidores e financiadores do setor;
  • Desafios técnicos, logísticos e ambientais.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), juntamente com órgãos reguladores estaduais de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, participou ativamente das discussões sobre a necessidade de uma regulação econômica eficiente, que permita reduzir custos, eliminar gargalos e estimular o consumo do gás natural no mercado interno brasileiro.

Gás natural como vetor de competitividade e transição energética

O gás natural é considerado peça-chave tanto para garantir segurança energética no curto prazo, quanto para acelerar a transição energética, servindo como combustível de apoio à expansão das energias renováveis e à descarbonização da matriz energética.

Segundo o MME, além de reduzir custos para a indústria brasileira, a ampliação da oferta de gás natural permitirá acelerar projetos de substituição de combustíveis mais poluentes, gerar empregos, fomentar cadeias produtivas e atrair novos investimentos.

“O Brasil precisa diversificar suas fontes e garantir energia competitiva para sua indústria. O gás de Vaca Muerta representa uma oportunidade estratégica, não apenas econômica, mas também ambiental, ao permitir uma transição energética mais segura e estável,” destacou Marcello Weydt, Diretor do Departamento de Gás Natural do MME.

Próximos passos da integração gasífera regional

Os compromissos firmados no seminário abrangem o avanço dos estudos voltados à expansão da infraestrutura de gasodutos, o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios em nível nacional e regional, a criação de mecanismos que assegurem maior previsibilidade de preços e segurança jurídica, além do fortalecimento da diplomacia energética na América do Sul.

O evento marca uma etapa decisiva para que o Brasil avance na construção de um mercado regional de gás natural, mais competitivo, integrado e alinhado com os princípios de desenvolvimento sustentável, segurança energética e transição para uma economia de baixo carbono.

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