Após desestatização, empresa obtém a nota máxima da agência de risco, com destaque para ausência de dívidas e perspectiva de crescimento por meio de novos investimentos
A Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) conquistou, nesta segunda-feira (12), a classificação AAA(bra) no rating nacional de longo prazo atribuído pela Fitch Ratings. A nota representa o grau mais elevado de confiança possível dentro da escala nacional da agência e posiciona a companhia como uma das mais sólidas do setor elétrico brasileiro.
A avaliação foi concedida após a conclusão do processo de desestatização da empresa, ocorrido em outubro de 2024. A nova administração, em busca de maior transparência e acesso ao mercado de capitais, optou por contratar o serviço de classificação de risco de crédito para a companhia. O resultado foi recebido com otimismo pela direção da EMAE, que agora planeja ampliar sua atuação com base em investimentos robustos e diversificação de receitas.
“Essa é a maior nota corporativa possível de ser atribuída pelas agências de classificação de risco de crédito”, afirma Gustavo Nasser, diretor Financeiro, de Relações com Investidores e Novos Negócios da EMAE. “É um atestado de que a companhia tem solidez, estabilidade de geração de caixa e uma perspectiva clara de crescimento do EBITDA com os projetos que estão sendo estruturados”, conclui o executivo.
Estrutura financeira e modelo de negócios
A ausência de endividamento é um dos principais pilares que sustentam a nota máxima concedida pela Fitch. A EMAE atualmente não possui dívidas financeiras, o que lhe confere um diferencial significativo em um setor caracterizado por projetos de capital intensivo e ciclos de investimento prolongados.
Outro fator central destacado na avaliação da agência é a previsibilidade de receitas. Atualmente, cerca de 89% da energia assegurada da empresa é comercializada por meio do regime de cotas, no qual a companhia recebe uma Receita Anual de Geração (RAG) reajustada pelo IPCA, com vigência até 2042. Esse modelo, segundo a Fitch, “isenta a EMAE do risco hidrológico”, uma vez que a receita está associada à disponibilidade da potência instalada das usinas, e não à energia efetivamente gerada.
Essa configuração confere à EMAE estabilidade operacional e resiliência financeira, características fundamentais para a obtenção de um rating elevado.
Diversificação de portfólio e expansão
Apesar da segurança oferecida pelo regime de cotas, a EMAE já atua de forma estratégica para reduzir a concentração de receita nesse modelo. Segundo Nasser, estão em curso diversos projetos de investimento, com destaque para iniciativas que trarão novas fontes de receita, aumentando a exposição da companhia ao mercado livre de energia e a outras frentes do setor.
Nos próximos dois anos, estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 430 milhões, incluindo a implantação da PCH Edgard de Souza, com capacidade instalada de 18 MW. O projeto está alinhado à estratégia de expansão e modernização da matriz energética da empresa, com foco em geração limpa, regionalizada e sustentável.
Além da PCH, outras iniciativas estão em fase de desenvolvimento, com potencial de fortalecer ainda mais o posicionamento competitivo da EMAE e garantir retornos estáveis no médio e longo prazo.
Abertura ao mercado e governança
A atribuição do rating AAA pela Fitch marca uma nova fase para a EMAE, alinhada às melhores práticas de governança corporativa e transparência institucional. A nota pavimenta o caminho para futuras emissões de dívida, caso necessário, a partir de uma base sólida de confiança junto ao mercado financeiro.
“O rating é o primeiro passo para estruturarmos emissões futuras de dívida. A avaliação da Fitch mostra que a EMAE está pronta para acessar os mercados com credibilidade e robustez”, ressalta Nasser.
A expectativa é que, com o reconhecimento oficial da solidez financeira da empresa, a EMAE possa captar recursos com custo competitivo, viabilizando novos projetos de infraestrutura, ampliação da capacidade instalada e maior inserção no mercado de energia elétrica.
Sustentabilidade e segurança regulatória
A estrutura de negócios da EMAE, com base no regime de cotas e em concessões com vigência até 2042, oferece um ambiente previsível e protegido de volatilidades climáticas, especialmente em um contexto de mudanças nos padrões hidrológicos no Brasil.
Aliado à sua capacidade de geração e ao foco em energias renováveis, o modelo da EMAE contribui para os objetivos nacionais de descarbonização, integrando-se à transição energética que o setor elétrico brasileiro atravessa.