Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste devem encerrar o mês com mais de 70% da capacidade armazenada, refletindo política operativa de preservação de recursos hídricos
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou, por meio do boletim do Programa Mensal da Operação (PMO), as projeções hidrológicas e operativas para a semana de 3 a 9 de maio de 2025. Segundo o relatório, a Energia Natural Afluente (ENA) — indicador que mede a quantidade de energia que chega aos reservatórios por meio dos cursos d’água — deverá se manter estável, embora abaixo da Média de Longo Termo (MLT) em todos os subsistemas.
Para o mês de maio, as projeções indicam que a ENA no subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve atingir 86% da MLT, o maior índice entre as regiões. Na sequência, aparecem o Norte, com 70% da MLT, o Sul, com 49%, e o Nordeste, com apenas 39%. Esses números apontam para uma situação hidrológica moderada, que exige atenção, mas que não compromete, até o momento, a segurança energética do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Apesar da ENA aquém da média histórica, os níveis de Energia Armazenada (EAR) devem se manter elevados, reflexo direto da estratégia do ONS de otimizar os recursos com foco na preservação dos reservatórios. Segundo as estimativas, ao final de maio, três subsistemas devem superar a marca de 70% de armazenamento: o Norte, com 98%, o Nordeste, com 73,2%, e o Sudeste/Centro-Oeste, com 71,4%. A exceção é o Sul, que deve encerrar o mês com 37,7% de EAR.
“Seguimos otimizando os recursos, com uma política operativa de preservação dos reservatórios, o que se reflete na perspectiva de EAR acima de 70% em três subsistemas. Estamos atentos aos cenários, tomando as melhores decisões conforme os cenários vão se concretizando”, afirmou Christiano Vieira, diretor de Operação do ONS.
Demanda por energia segue em trajetória de crescimento
Além dos dados hidrológicos, o boletim também apresenta as expectativas para a demanda de energia elétrica no SIN em maio. A carga total do sistema deve crescer 1,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando 80.541 MWmed. O crescimento é sustentado por todas as regiões do país, com destaque para o Norte, que deve apresentar uma expansão de 5,3%, alcançando 8.081 MWmed.
O Sul também demonstra crescimento robusto, com projeção de 4,1% (13.490 MWmed). O Nordeste deve crescer 3,6% (13.510 MWmed), enquanto o Sudeste/Centro-Oeste, região de maior consumo, projeta um crescimento mais modesto de 0,3% (45.460 MWmed). Os percentuais comparam os dados projetados para maio de 2025 com os registrados no mesmo período de 2024.
Custo Marginal de Operação permanece baixo
O relatório do ONS também detalha o Custo Marginal de Operação (CMO), valor que indica o custo adicional para atender a uma unidade de demanda no sistema. Para a semana operativa de 3 a 9 de maio, os valores permanecem zerados no Norte e no Nordeste, refletindo a folga operacional e os bons níveis de armazenamento nestas regiões.
Já no Sudeste/Centro-Oeste, o CMO está fixado em R$ 244,95/MWh, enquanto no Sul o valor atinge R$ 249,34/MWh. Apesar de não serem elevados, esses valores refletem a menor disponibilidade hídrica e o uso mais estratégico de recursos nestes subsistemas.
Cenário exige cautela, mas indica resiliência do sistema
Embora a ENA projetada para maio esteja abaixo da média histórica, o panorama geral é considerado positivo. Os elevados níveis de armazenamento e o crescimento consistente da carga em todas as regiões do país demonstram a resiliência do sistema elétrico brasileiro. A atuação preventiva do ONS, com foco na conservação hídrica e na manutenção de margens operativas, é vista como decisiva para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda.
O acompanhamento constante do comportamento hidrológico, associado a uma política de planejamento conservadora, permite ao setor atravessar períodos de afluência reduzida com segurança. O cenário reforça a importância de estratégias integradas entre operação, planejamento e expansão da matriz energética — especialmente com o crescimento das fontes renováveis não despacháveis, como eólica e solar.