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Brasil registra maior consumo mensal de energia elétrica da história, puxado pelo setor residencial

Brasil registra maior consumo mensal de energia elétrica da história, puxado pelo setor residencial

Com alta de 2,6% em março de 2025, consumo de eletricidade atinge recorde histórico desde 2004; mercado livre avança e mercado regulado recua

O consumo nacional de energia elétrica no Brasil atingiu 49.190 GWh em março de 2025, representando uma alta de 2,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados pela Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Trata-se do maior volume mensal já registrado na série histórica iniciada em 2004, refletindo uma combinação de fatores econômicos, climáticos e estruturais que influenciaram a demanda em diversos segmentos.

Entre as classes de consumo, o setor residencial foi o principal responsável pelo crescimento, com uma variação interanual de +3,7%. O desempenho positivo da indústria (+2,7%) e da categoria “outros”, que inclui o meio rural, também contribuiu para a alta geral. Por outro lado, o consumo comercial permaneceu praticamente estável, com leve crescimento de +0,1%.

Regiões ampliam demanda, com destaque para o Sul

Todas as regiões brasileiras apresentaram crescimento no consumo de eletricidade. O Sul liderou a expansão com aumento de +3,4%, seguido pelas regiões Norte (+2,5%), Sudeste (+2,1%), Nordeste (+0,9%) e Centro-Oeste (+0,7%). O consumo acumulado nos últimos 12 meses alcançou 564.490 GWh, o que representa uma elevação de 4,2% frente ao período anterior.

A expansão regional indica não apenas recuperação de atividades econômicas, mas também os efeitos de padrões climáticos que elevaram o uso de equipamentos de climatização, especialmente em domicílios, como observado no Sudeste e no Sul.

Mercado livre em expansão acelerada

A principal transformação estrutural do mercado se deu no ambiente de contratação. O mercado livre de energia, que permite negociação direta entre consumidores e fornecedores, respondeu por 43,2% do consumo total, com 21.266 GWh em março. A alta foi de +9,9% no consumo e um expressivo +58,1% no número de consumidores, em comparação com março de 2024.

Desde que a Portaria MME nº 50/2022 entrou em vigor, permitindo a migração de todos os consumidores do grupo A (alta tensão) para o mercado livre a partir de março de 2024, houve uma aceleração visível nesse movimento. A região Sul foi a que mais expandiu o consumo no mercado livre (+14,7%), enquanto o Nordeste liderou o crescimento no número de consumidores, com impressionantes +77,3%.

Recuo no mercado regulado das distribuidoras

Em contrapartida, o mercado regulado, atendido pelas distribuidoras, apresentou uma queda de 2,4% no consumo, mesmo com um aumento de 1,3% no número de consumidores. Essa desaceleração é atribuída principalmente à migração de grandes consumidores para o ambiente livre, buscando melhores condições contratuais e redução de custos.

A mudança representa uma transformação no perfil do consumo brasileiro, com impactos significativos sobre a gestão do sistema elétrico, o planejamento da expansão da oferta e os modelos de precificação da energia. Ao mesmo tempo, amplia-se o desafio regulatório para garantir a sustentabilidade e a competitividade no fornecimento, especialmente em um cenário de maior protagonismo das fontes renováveis.

Perspectivas para o setor elétrico

Com a tendência de avanço do mercado livre e a retomada do crescimento da demanda, especialmente em setores residenciais e industriais, o setor elétrico brasileiro entra em um novo ciclo de transformação. A maior participação ativa dos consumidores e a diversificação dos modelos de contratação devem fomentar o investimento em tecnologias de geração distribuída, armazenamento de energia e eficiência energética.

A transição energética justa e segura passa também pela modernização da regulação, pela expansão das redes inteligentes e pela valorização de um planejamento integrado entre oferta e demanda. O crescimento recorde observado em março de 2025 é um sinal claro de que o país está em movimento e que os próximos passos precisarão ser coordenados entre os diversos agentes da cadeia elétrica.

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