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Brasil Pode Ser a “Arábia Saudita do Biometano” e Liderar a Transição Energética Sustentável

Brasil Pode Ser a "Arábia Saudita do Biometano" e Liderar a Transição Energética Sustentável

Especialistas defendem papel estratégico dos resíduos sólidos para impulsionar a economia verde e acelerar a descarbonização no país.

Com a crescente urgência de alternativas sustentáveis para a matriz energética, o Brasil se posiciona como um dos países com maior potencial para liderar a produção de biometano no mundo. Essa foi a principal conclusão da Conferência Biometano: Estratégias para Descarbonização da Economia, realizada no dia 14 de abril, em São Paulo, reunindo mais de 400 especialistas, gestores públicos e representantes da cadeia produtiva de resíduos sólidos.

Promovido pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (ABIOGÁS), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Frente Parlamentar Mista da Economia Verde, o evento destacou como a transformação dos aterros sanitários em centros de geração de combustível verde pode reposicionar o Brasil como protagonista na transição energética global.

Atualmente, o biometano é produzido pela purificação do biogás gerado a partir da decomposição da matéria orgânica presente em resíduos sólidos urbanos e agropastoris. No Brasil, seis das oito plantas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para produção de biometano estão localizadas em aterros sanitários. Outras 31 unidades aguardam autorização para iniciar suas operações, evidenciando a força crescente deste mercado.

Gestão de Resíduos: Pilar da Nova Economia Verde

A abertura da conferência foi marcada pela fala de Pedro Maranhão, presidente da ABREMA, que destacou o papel transformador dos aterros sanitários. “Cada aterro é uma verdadeira mina de combustível verde. Se aproveitarmos esse potencial, o Brasil poderá ser para o biometano o que a Arábia Saudita é hoje para o petróleo”, afirmou.

Maranhão também ressaltou as oportunidades econômicas adicionais que o biometano oferece, como a geração e comercialização de créditos de carbono, fundamentais para viabilizar a erradicação de lixões, grandes emissores de poluentes, e valorizar o trabalho dos catadores. “Precisamos de políticas públicas alinhadas para consolidar essa oportunidade histórica”, completou.

O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista da Economia Verde, reforçou a importância de reconhecer os resíduos como recursos. “Hoje, o que antes era lixo se transforma em insumo básico para uma nova economia, graças à inovação e à visão estratégica do setor de resíduos”, pontuou.

Urgência Climática e Economia Circular

Durante o evento, Adalberto Maluf, Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, destacou a emergência climática como fator que exige a transformação urgente da economia. “A integração entre meio ambiente e crescimento econômico não é mais uma escolha, é uma necessidade vital. O reaproveitamento de resíduos como insumos produtivos é um dos caminhos mais promissores para alcançarmos esse objetivo”, afirmou.

Os debates abordaram ainda estratégias para destravar o mercado de biometano de resíduos sólidos urbanos, desafios regulatórios e modelos de financiamento para projetos de energia limpa. Participaram dos painéis nomes como Renata Isfer (ABIOGÁS), Jackson Albuquerque (ANP), Francisco Paiva (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Thomaz Toledo (CETESB).

Biometano: Alavanca para a Transição Energética

O crescimento da produção de biometano oferece ao Brasil uma oportunidade única: diversificar a matriz energética, reduzir a emissão de gases de efeito estufa e fomentar novos negócios no âmbito da economia circular. Além disso, o fortalecimento dessa cadeia produtiva é estratégico para gerar empregos, dinamizar o mercado de créditos de carbono e impulsionar a sustentabilidade urbana.

A Conferência Biometano evidenciou que, para que essas oportunidades se concretizem, é essencial acelerar a aprovação de projetos junto à ANP, garantir incentivos econômicos e disseminar políticas públicas de longo prazo que valorizem a energia renovável e a gestão de resíduos sólidos.

A íntegra do evento está disponível no canal da ABREMA no YouTube (acesse aqui).

Com o setor organizado e a inovação tecnológica em ascensão, o Brasil tem em mãos não apenas uma oportunidade energética, mas também a chance de se consolidar como uma referência mundial na construção de uma economia verdadeiramente verde.

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