Empresas planejam investir mais de R$ 145 bilhões até 2028 para modernizar redes e garantir resiliência diante das mudanças climáticas
As mudanças climáticas deixaram de ser uma previsão distante para se tornarem uma realidade que impacta diretamente a infraestrutura do setor elétrico no Brasil. Tempestades intensas, vendavais, enchentes e outros eventos climáticos extremos desafiam, cada vez mais, a capacidade das distribuidoras de energia de garantir o fornecimento ininterrupto de um serviço essencial para a sociedade e para a economia.
Diante desse cenário, as distribuidoras de energia estão ampliando seus investimentos e modernizando suas redes para fortalecer a resiliência do sistema elétrico. Em 2024, o segmento de distribuição elevou o patamar de aportes para R$ 31 bilhões — um salto significativo em comparação à média anual de R$ 18 bilhões investidos nos últimos dez anos. Até 2028, a expectativa é de que o setor destine mais R$ 145 bilhões à expansão, manutenção e modernização das redes elétricas em todo o país.
Esse movimento estratégico será um dos temas centrais da 25ª edição do Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (SENDI), que ocorrerá entre os dias 26 e 30 de maio, no Expominas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O evento reunirá líderes do setor para discutir as principais tendências, desafios e inovações na distribuição de energia, com foco em resiliência, sustentabilidade e acessibilidade.
Resiliência e cooperação diante de eventos extremos
A crescente frequência e severidade dos eventos climáticos impuseram uma nova realidade às distribuidoras. Marcos Madureira, presidente executivo da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), destaca que a resposta das empresas tem sido rápida e estruturada. “Os eventos extremos ganharam uma proporção que exige das distribuidoras não apenas investimentos robustos, mas também estratégias mais integradas para mitigação de danos e recuperação rápida das redes afetadas. Além de modernizar a infraestrutura, estamos fortalecendo os planos de contingência e intensificando a cooperação entre empresas para garantir uma resposta ágil e coordenada em momentos de crise.”
Esse esforço conjunto ficou evidente em recentes calamidades que afetaram diferentes regiões do Brasil. As distribuidoras se mobilizaram em tempo recorde, deslocando equipes de apoio de outros estados, promovendo mutirões de reparo e realocando recursos para restabelecer o fornecimento de energia o mais rápido possível.
Ações como essas, segundo Madureira, são essenciais não só para proteger a infraestrutura física, mas também para reduzir os impactos financeiros e reputacionais que afetam as empresas do setor diante da opinião pública.
Inovação e parcerias internacionais
Além do reforço estrutural, a inovação tecnológica surge como pilar fundamental para a construção de redes elétricas mais inteligentes e preparadas para situações adversas. As distribuidoras estão investindo em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para implementar sistemas de monitoramento em tempo real, automação da rede, drones para inspeção de linhas e inteligência artificial para prever e minimizar falhas.
Outro ponto de destaque é a internacionalização das parcerias. A colaboração com entidades como a United States Trade and Development Agency (USTDA) tem permitido a troca de experiências e a adoção de tecnologias de ponta já testadas em outros mercados que enfrentam condições climáticas semelhantes.
Essas parcerias aceleram a implementação de soluções inovadoras, promovem a capacitação técnica dos profissionais brasileiros e ampliam a capacidade das distribuidoras de se adaptarem a um cenário climático cada vez mais imprevisível.
O consumidor no centro da transformação energética
Mais do que resistir aos eventos extremos, o setor elétrico brasileiro busca se adaptar para atender às novas demandas da sociedade. A agenda do SENDI 2025 reflete essa necessidade, trazendo à tona discussões que envolvem desde a precificação justa da energia até a busca por sustentabilidade e acessibilidade no fornecimento.
Para Madureira, o consumidor é peça-chave nessa transformação. “O futuro da energia será moldado pelas necessidades dos consumidores. As distribuidoras estão cada vez mais empenhadas em oferecer serviços personalizados, transparentes e sustentáveis, garantindo não só a continuidade do fornecimento, mas também uma experiência melhor para os clientes.”
O desafio, portanto, vai além da infraestrutura física. As empresas precisam equilibrar inovação tecnológica, eficiência operacional e tarifas justas, criando um ecossistema que beneficie tanto o setor elétrico quanto a sociedade.
A 25ª edição do SENDI promete ser um marco nessa jornada, conectando líderes, especialistas e a sociedade em torno de um objetivo comum: construir um sistema de distribuição de energia mais robusto, moderno e preparado para os desafios do futuro — sejam eles climáticos, tecnológicos ou sociais.