Com um investimento de R$3,11 bilhões nos últimos cinco anos, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) seguem em ascensão, com a 8ª Conferência Nacional discutindo o futuro do setor no Brasil.
Nos últimos cinco anos, o Brasil deu passos importantes no que diz respeito à expansão de suas fontes de energia renovável, com a inauguração de 112 pequenas usinas hidrelétricas (PCHs e CGHs) entre 2020 e 2025. Este movimento de crescimento reflete a crescente aposta no aproveitamento do potencial hídrico nacional, considerado um dos maiores do mundo. Ao todo, foram investidos cerca de R$3,11 bilhões, somando 311 MW de nova capacidade instalada, o que demonstra um interesse contínuo e relevante em expandir a infraestrutura de geração hidrelétrica de pequeno porte no país.
No entanto, a jornada do setor ainda enfrenta desafios, e é justamente sobre essas questões que se debruçarão especialistas, empresários, parlamentares e lideranças do setor elétrico na 8ª Conferência Nacional de PCHs e CGHs, que começa amanhã (18/03), em Brasília. O evento, um dos mais importantes fóruns de discussão sobre o tema, irá abordar aspectos fundamentais, como a transição energética, sustentabilidade e a importância estratégica das PCHs e CGHs para o Brasil, que possui 12% da água doce do planeta.
Um Setor em Expansão
Entre 2020 e 2025, o Brasil inaugurou 64 PCHs e 38 CGHs, com o foco na capacidade de geração energética de pequeno porte. Estes empreendimentos têm características específicas: as PCHs possuem potência instalada entre 5 MW e 30 MW, enquanto as CGHs geram energia com capacidade entre 500 kW e 5 MW. A capacidade de produção de uma PCH é significativa o suficiente para alimentar até mil residências por megawatt-hora (MWh). O aumento da produção de energia proveniente dessas fontes tem sido essencial para ampliar a matriz elétrica do país, reduzindo a dependência de fontes poluentes e contribuindo para a modernização do setor elétrico nacional.
Esses investimentos visam garantir a segurança energética do país, ao mesmo tempo em que se prioriza a sustentabilidade. A presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), Alessandra Torres de Carvalho, destaca a importância dessas usinas para a geração de energia limpa e renovável. Segundo ela, o Brasil, com sua vocação hídrica e expertise no setor, possui as condições ideais para expandir ainda mais esse tipo de geração energética, o que implica em uma estratégia de crescimento sustentável.
O Papel das PCHs e CGHs no Brasil
Durante a conferência, especialistas irão debater sobre as oportunidades e os obstáculos que o setor precisa superar para continuar a expandir. Entre os pontos de discussão, a presidente da ABRAPCH ressalta os desafios relacionados às questões ambientais, regulatórias e comerciais, que ainda representam barreiras significativas para o desenvolvimento de novas usinas hidrelétricas. Embora o Brasil tenha um grande potencial para impulsionar a produção de energia limpa a partir das águas, é necessário que o setor encontre maneiras de conciliar crescimento com a preservação ambiental, além de modernizar o sistema elétrico do país para um futuro mais sustentável.
Outro desafio será a criação de políticas públicas mais eficazes para fomentar o setor e promover a colaboração entre o governo e a iniciativa privada. A presidente da ABRAPCH ressalta que a 8ª Conferência Nacional de PCHs e CGHs é uma oportunidade crucial para fomentar o diálogo e buscar soluções conjuntas para os problemas que ainda persistem, como questões regulatórias e ideológicas, que muitas vezes dificultam o avanço do setor.
O Impacto das Pequenas Usinas Hidrelétricas no Setor Elétrico
A diversificação das fontes de energia é um tema recorrente nas discussões sobre o futuro do setor elétrico brasileiro, especialmente em um momento de crescente demanda por fontes de energia mais sustentáveis e menos impactantes ao meio ambiente. Além das grandes hidrelétricas, que ocupam um papel central na geração de eletricidade no país, as PCHs e CGHs têm se mostrado alternativas eficazes, com baixo impacto ambiental e alta eficiência na geração de energia.
De acordo com especialistas, é fundamental que o Brasil continue investindo na ampliação da capacidade instalada dessas usinas menores, garantindo que a produção de energia seja cada vez mais descentralizada e diversificada. Isso não só ajuda a reduzir os custos com o transporte de eletricidade de regiões remotas, mas também proporciona uma maior segurança energética para o país como um todo.
No contexto atual, onde a transição para fontes de energia renováveis é essencial para o futuro do planeta, o Brasil tem a oportunidade de se destacar globalmente pela sua capacidade de gerar energia limpa e sustentável. No entanto, para que isso se concretize de maneira eficiente, é crucial que as discussões sobre o setor evoluam de forma colaborativa e engajante, tanto entre os órgãos governamentais quanto com o setor privado.
Considerações Finais
O futuro das Pequenas Centrais Hidrelétricas e das Centrais Geradoras Hidrelétricas no Brasil é promissor, mas ainda depende de avanços em várias frentes. A 8ª Conferência Nacional de PCHs e CGHs, que terá início amanhã em Brasília, é um espaço essencial para o debate sobre o papel dessas usinas no fortalecimento da matriz elétrica brasileira e na busca por um modelo energético mais sustentável. A cooperação entre governo, empresários e especialistas será fundamental para superar os obstáculos e promover o crescimento desse setor estratégico para o futuro do país.