Home Meio Ambiente Brasil Lança Carta Oficial para Ação Climática Global na COP30

Brasil Lança Carta Oficial para Ação Climática Global na COP30

Brasil Lança Carta Oficial para Ação Climática Global na COP30

A primeira carta oficial da COP30 propõe um pacto global para enfrentar a crise climática e destaca o papel central da Amazônia

A presidência da COP30 divulgou sua primeira carta oficial, estabelecendo o tom para a Conferência do Clima das Nações Unidas, que ocorrerá em Belém, entre 11 e 21 de novembro de 2025. O documento posiciona a Amazônia como epicentro da discussão global sobre mudanças climáticas e destaca que esta será a primeira COP realizada sob um cenário de emergência climática, com o planeta ultrapassando 1,5°C de aquecimento global por mais de um ano consecutivo.

A carta reafirma o compromisso do Brasil com o multilateralismo e coloca o Sul Global no centro das discussões, destacando a necessidade de um novo impulso coletivo para a implementação do Acordo de Paris. Entre as propostas apresentadas, estão a criação de um Balanço Ético Global (Global Ethical Stocktake), que amplia o escopo do Balanço Global (GST) para incluir critérios de justiça climática e responsabilidade histórica, e o lançamento do Círculo de Liderança Indígena, um esforço para garantir que as vozes dos povos tradicionais sejam centrais no debate climático.

Além disso, a presidência propõe um “mutirão” climático, inspirado na tradição indígena de esforço coletivo, buscando engajar diferentes setores na implementação de ações concretas. A carta também enfatiza a urgência da reforma da arquitetura financeira internacional, sugerindo um modelo digital para facilitar a cooperação entre países em desenvolvimento e ampliar o acesso a recursos financeiros.

COP30: Um Marco na Luta Contra a Crise Climática

O documento destaca que a COP30 será a primeira conferência climática a ocorrer em um contexto inegável de crise climática global. Com 2024 registrado como o ano mais quente da história, e 2025 já apresentando novos recordes de temperatura, o evento chega em um momento de inflexão, onde medidas concretas precisam ser tomadas para evitar impactos irreversíveis.

A carta alerta que, apesar dos avanços políticos e científicos nas últimas décadas, a crise climática deixou de ser uma ameaça futura para se tornar uma realidade que afeta diretamente ecossistemas, cidades e populações ao redor do mundo. O impacto já é visível em eventos extremos como incêndios florestais, ondas de calor, secas e enchentes, que vêm atingindo com maior frequência e intensidade tanto países desenvolvidos quanto nações em desenvolvimento.

Diante desse cenário, o Brasil convoca a comunidade internacional para um novo tipo de aliança global, onde a luta climática não se limita a negociações políticas, mas envolve todos os setores da sociedade – de governos e empresas a comunidades locais e organizações da sociedade civil.

Justiça Climática e Papel do Sul Global

Uma das principais diretrizes apresentadas na carta é a necessidade de reconfigurar o sistema climático global para refletir a realidade do Sul Global. A presidência da COP30 defende que os países historicamente menos responsáveis pelas emissões de carbono são justamente aqueles que mais sofrem com os impactos da crise climática.

Para corrigir essa desigualdade, a presidência propõe um Balanço Ético Global, que não apenas analise metas e compromissos climáticos, mas também leve em consideração a dívida ambiental das nações mais ricas e os desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento na transição para uma economia de baixo carbono.

Nesse sentido, o Brasil também sugere um novo modelo de cooperação internacional, com mecanismos financeiros que facilitem o acesso de países do Sul Global a tecnologias limpas, financiamento climático acessível e parcerias estratégicas para acelerar a transição energética sem comprometer o desenvolvimento econômico.

O Papel dos Povos Indígenas e Comunidades Locais

Outra inovação apresentada pela carta oficial é a criação do Círculo de Liderança Indígena, um espaço institucionalizado para que os povos tradicionais tenham um papel ativo na definição das políticas climáticas globais. A iniciativa busca reconhecer o conhecimento ancestral das comunidades indígenas como essencial para a preservação da biodiversidade e para a construção de soluções eficazes de mitigação e adaptação climática.

A floresta amazônica, que sediará a COP30, é um dos ecossistemas mais críticos do planeta, e sua preservação depende de uma gestão que valorize as populações que nela vivem. O Brasil pretende impulsionar debates sobre a valorização da bioeconomia e dos saberes indígenas como estratégias fundamentais para combater o desmatamento e garantir a recuperação de áreas degradadas.

Financiamento Climático e Novas Estratégias de Cooperação

A presidência da COP30 também destaca a necessidade de reformar a arquitetura financeira internacional, garantindo que os países em desenvolvimento tenham acesso facilitado a recursos para implementação de projetos climáticos. A carta propõe a criação de um modelo digital para conectar nações e viabilizar parcerias financeiras mais ágeis e transparentes.

Além disso, o documento reforça o compromisso com a mobilização de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para apoiar países do Sul Global na transição para economias resilientes ao clima. O financiamento climático, segundo a presidência da COP30, deve ser encarado como um investimento no futuro da humanidade e não como um custo.

Uma Década Decisiva para o Clima

A COP30 marca o início de uma nova década na luta climática global e pode ser um divisor de águas na implementação de ações concretas. O Brasil propõe que o evento seja mais do que um espaço de debate: um momento de mobilização global para alinhar esforços entre governos, empresas, sociedade civil e comunidades locais.

O desafio agora não é apenas definir metas, mas garantir que elas sejam cumpridas de forma justa, eficaz e com a velocidade necessária. O Brasil se posiciona como um mediador global, reunindo diferentes setores e propondo soluções que unam inovação tecnológica, justiça climática e desenvolvimento sustentável.

O caminho até novembro será marcado por novas discussões e ajustes nas diretrizes apresentadas, mas a carta oficial já sinaliza um chamado urgente para ação coletiva, onde o sucesso da COP30 será medido não apenas por acordos assinados, mas pela capacidade real de implementar mudanças estruturais na forma como o mundo enfrenta a crise climática.

NO COMMENTS

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Exit mobile version