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Alerta Global: Temperatura Acima de 1,5°C por 12 Meses Liga Sinal Vermelho para Governos e Empresas

Climatempo aponta que fenômeno já impacta planejamento de médio e longo prazo e deve influenciar debates na COP30

Pela primeira vez na história, as temperaturas médias globais ultrapassaram 1,5°C acima dos níveis pré-industriais durante 12 meses consecutivos. O dado, que representa um marco climático preocupante, não significa automaticamente que o Acordo de Paris foi descumprido, mas sinaliza um risco iminente de que o limite estabelecido pelo pacto climático possa ter sido ultrapassado antes do esperado.

A Climatempo, uma das principais consultorias meteorológicas da América Latina, alerta que esse cenário já impacta o planejamento de médio e longo prazo de governos e empresas e deve ser um tema central na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que será realizada em Belém, no Brasil, em novembro de 2025.

Limite do Acordo de Paris pode ter sido ultrapassado antes do previsto

Um estudo publicado na Nature Climate Change em fevereiro de 2025, conduzido pelo pesquisador Alex J. Cannon, aponta que esse período de aquecimento extremo sugere que o mundo pode ter ultrapassado o limite de 1,5°C antes do previsto. Em cenários de altas emissões, sequências tão prolongadas de calor extremo geralmente ocorrem quando a temperatura média global já se estabilizou acima desse patamar. Mesmo em cenários com reduções rigorosas de emissões, há uma forte possibilidade de que o planeta já tenha entrado na era do aquecimento acima de 1,5°C.

Outro estudo, também publicado na Nature Climate Change por Emanuele Bevacqua, sugere que 2024 pode marcar o início de um período de 20 anos em que o aquecimento médio global permanecerá acima de 1,5°C. Isso significa que, ainda que haja anos com temperaturas ligeiramente abaixo desse patamar, a tendência de longo prazo indica que a Terra pode já ter atingido esse limiar crítico.

“Se essa tendência se mantiver, estamos vivendo o início do período crítico para o cumprimento das metas climáticas”, alerta Pedro Regoto, gerente técnico da Climatempo e especialista em clima. Para ele, o cenário que marcará a COP30 pode ser ainda mais severo, exigindo não apenas uma reavaliação das metas climáticas, mas também a aceleração de medidas para conter as emissões de gases de efeito estufa.

Eventos extremos e impactos para empresas e governos

O aumento da temperatura global está diretamente associado à intensificação de eventos climáticos extremos. Em 2024, o calor recorde foi acompanhado por ondas de calor sem precedentes, incêndios florestais devastadores, secas severas e chuvas extremas que afetaram milhões de pessoas e impactaram a economia global. Regiões como o sul da Europa, oeste dos Estados Unidos, Austrália e partes da América do Sul enfrentaram incêndios de grandes proporções, enquanto países da Ásia e África sofreram com inundações catastróficas.

Para além dos danos imediatos, os efeitos dessas mudanças climáticas se traduzem em desafios econômicos significativos. O estresse hídrico, a perda de colheitas e a destruição de infraestruturas essenciais aumentam a vulnerabilidade das populações e pressionam setores produtivos. Empresas precisam revisar não apenas seus planejamentos de curto prazo – adaptando produção, logística e estratégias de mercado – mas também suas projeções de longo prazo, considerando a adaptação de infraestrutura e a necessidade de incorporar políticas de resiliência climática.

“As empresas e governos estão cada vez mais preocupados com a necessidade de se preparar para eventos climáticos extremos. O cenário atual reforça a urgência de ações de mitigação e adaptação para reduzir os impactos das mudanças climáticas”, destaca Regoto. “O ano de 2024 não é um sinal de derrota, mas um chamado à ação para acelerar políticas ambientais e proteger as futuras gerações.”

Monitoramento climático como ferramenta estratégica

O aquecimento global também está impactando os oceanos, intensificando ciclones tropicais e provocando o branqueamento de corais, com consequências devastadoras para ecossistemas marinhos e comunidades costeiras. Esses fenômenos aumentam a necessidade de sistemas avançados de monitoramento climático, que já se tornaram ferramentas essenciais para governos e empresas lidarem com riscos meteorológicos cada vez mais imprevisíveis.

A Climatempo vem desenvolvendo soluções tecnológicas como o SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo), além de utilizar radares meteorológicos e análises aprofundadas para auxiliar órgãos da Defesa Civil e setores como energia, mídia, companhias aéreas e infraestrutura.

“O monitoramento climático deixou de ser apenas uma ferramenta de previsão e passou a ser um elemento fundamental na estratégia de resiliência de empresas e governos. Informações precisas e em tempo real são essenciais para minimizar impactos e evitar grandes perdas econômicas e sociais”, conclui Regoto.

Embora um único ano acima de 1,5°C não signifique o fracasso do Acordo de Paris, ele serve como um alerta contundente de que o planeta pode estar se aproximando de um ponto irreversível, onde os impactos das mudanças climáticas se tornarão ainda mais severos e difíceis de mitigar.

Diante desse cenário, a COP30 se torna um evento crucial para discutir não apenas o compromisso com metas ambientais, mas a necessidade de ações imediatas para frear o avanço do aquecimento global e seus impactos irreversíveis para a humanidade e o meio ambiente.

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