Expansão do consumo industrial evitou queda maior; mercado livre cresce enquanto mercado regulado recua
O consumo nacional de energia elétrica encerrou dezembro de 2024 com 47.138 GWh, registrando uma leve retração de 0,2% em relação ao mesmo período de 2023. Esse resultado interrompe uma sequência de 22 meses consecutivos de crescimento, conforme aponta a mais recente edição da Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica.
A indústria foi o segmento que mais contribuiu para minimizar a queda no consumo geral, apresentando um aumento de 3,8% na comparação anual. Por outro lado, os setores residencial e comercial apresentaram retração, acompanhando um cenário de menor demanda no mercado regulado.
Entre as regiões do país, o Norte liderou o crescimento, com alta de 6,0% no consumo, enquanto o Centro-Oeste teve a maior queda, registrando um recuo de 4,5%. O Sudeste também apresentou retração (-1,8%), refletindo menor demanda em estados-chave para o consumo energético.
Apesar do resultado negativo em dezembro, o consumo total de 2024 fechou em 560.219 GWh, o que representa um aumento de 5,3% em relação a 2023, consolidando o maior consumo anual da história do setor elétrico brasileiro.
No recorte estadual, o Rio Grande do Sul registrou crescimento de 3,6% no consumo de energia elétrica em dezembro, confirmando a retomada das atividades econômicas após as enchentes históricas de maio de 2024. Esse resultado acompanha a tendência positiva observada nos demais estados do Sul, que vêm registrando recuperação consistente há quatro meses consecutivos.
Crescimento do Mercado Livre e Queda no Mercado Regulado
Um dos destaques do relatório foi o avanço expressivo do mercado livre de energia, que atingiu 20.295 GWh em dezembro, correspondendo a 43,1% do consumo nacional. Esse segmento registrou um crescimento de 10,6% no consumo e um expressivo aumento de 55,7% no número de consumidores em relação a dezembro de 2023.
O Nordeste se destacou como a região de maior expansão no mercado livre, com alta de 15,1% no consumo e 80,2% no número de consumidores livres. Esse crescimento reflete a ampliação das migrações para o mercado livre, impulsionada pela Portaria MME 50/2022, que permitiu que todos os consumidores do Grupo A (média e alta tensão) optassem por essa modalidade de contratação.
Em contrapartida, o mercado regulado, responsável por 56,9% do consumo total, apresentou uma queda de 7,1% no consumo em dezembro. Apesar disso, o número de unidades consumidoras nesse segmento aumentou 1,2%, mesmo diante das migrações para o mercado livre.
No mercado regulado, a região Norte foi a única a registrar crescimento no consumo (+0,8%), enquanto o Centro-Oeste teve a maior alta no número de consumidores cativos (+2,2%).
Perspectivas para 2025
Os números de dezembro de 2024 sinalizam um possível ponto de inflexão no consumo de eletricidade, com o mercado livre ganhando cada vez mais participação e a demanda industrial se mantendo como um fator-chave para o equilíbrio do setor.
A expectativa para 2025 é que o consumo de energia continue sendo impactado por variáveis como crescimento econômico, expansão da geração renovável e evolução do mercado livre de energia. Além disso, a regulação da ANEEL e novas políticas setoriais devem continuar impulsionando a migração de consumidores para contratos mais flexíveis e competitivos.
Se a tendência observada em dezembro persistir, o mercado pode caminhar para um cenário de maior estabilidade no consumo total, com uma transição progressiva de clientes do mercado regulado para o mercado livre.
