La Niña fraca e oscilações oceânicas influenciam padrões climáticos; impacto pode afetar setor elétrico e agronegócio
O mês de fevereiro chegou com condições climáticas desafiadoras para diferentes regiões do Brasil. Enquanto o Norte, Centro-Oeste e Sudeste enfrentarão fortes chuvas e instabilidades, o Sul e o Nordeste terão períodos mais secos e de calor intenso. O cenário climático está sendo impactado por uma combinação de fatores, incluindo a persistência do fenômeno La Niña, oscilações atmosféricas e temperaturas elevadas nos oceanos.
Segundo Maria Clara Sassaki, meteorologista da Tempo OK, as chuvas volumosas devem se concentrar no Norte e Sudeste, podendo ultrapassar os 300 mm em algumas áreas. No Nordeste, a seca deve predominar, afetando diretamente o abastecimento de água e a geração de energia renovável. O Sul, por sua vez, terá um mês de instabilidade, alternando entre períodos chuvosos e secas localizadas.
Com um cenário climático instável, os impactos podem atingir setores estratégicos, como geração de energia, agricultura e infraestrutura urbana. Regiões que dependem da energia eólica e hidrelétrica podem enfrentar desafios na geração elétrica, especialmente no Nordeste, onde a escassez de chuvas pode comprometer o fator de capacidade das usinas.
O que esperar nas diferentes regiões do país?
Norte: chuvas volumosas e temperaturas elevadas
O Norte será uma das regiões mais afetadas pelas fortes precipitações, principalmente no Amazonas, Acre e Rondônia, onde os acumulados podem ultrapassar 300 mm ao longo do mês. No Pará e Amapá, os volumes podem chegar a 400 mm, influenciados pela atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Por outro lado, o estado de Roraima será uma exceção, enfrentando um período seco, com chuvas abaixo dos 20 mm, o que pode intensificar o déficit hídrico local.
Nordeste: seca predomina e ameaça geração de energia
No Nordeste, a chuva ficará concentrada no Maranhão, Ceará e Piauí, com acumulados entre 200 e 250 mm. Já o litoral de Pernambuco, Paraíba e Alagoas terá volumes inferiores a 80 mm, caracterizando um período de estiagem.
A seca prolongada pode impactar a geração de energia eólica, especialmente na Bahia, onde o fator de capacidade das usinas deve cair entre 20% e 35%, afetando o abastecimento do Subsistema Nordeste.
Centro-Oeste: calor intenso e instabilidades isoladas
A temperatura seguirá elevada no Centro-Oeste, com destaque para Goiás e o Distrito Federal, onde as anomalias de temperatura devem ser positivas, ou seja, acima da média. Mato Grosso terá chuvas significativas, com acumulados entre 150 e 300 mm, o que pode gerar alagamentos e dificuldades na infraestrutura urbana.
Sudeste: chuvas intensas e risco de transtornos urbanos
No Sudeste, São Paulo e Minas Gerais enfrentarão variações climáticas extremas. Enquanto o interior de ambos os estados deve registrar calor intenso, algumas áreas terão temperaturas mais amenas, devido à alta umidade.
As chuvas volumosas, acima de 230 mm, devem ocorrer no sul e oeste de Minas Gerais e no litoral paulista, com possibilidade de transtornos como alagamentos e deslizamentos. No Rio de Janeiro e Espírito Santo, os volumes de chuva devem oscilar entre 80 e 160 mm, podendo causar impactos localizados.
Sul: instabilidade e temperaturas abaixo da média
No Sul, as chuvas serão mais concentradas no litoral do Paraná e Santa Catarina, com volumes entre 160 e 230 mm. Já no Rio Grande do Sul, os acumulados serão menores que 160 mm, configurando um período mais seco.
As temperaturas serão ligeiramente mais baixas, principalmente no norte do RS e no centro de Santa Catarina, onde a umidade ajudará a amenizar o calor.
Impacto no setor elétrico e agrícola
Com as chuvas intensas no Sudeste e Centro-Oeste, o Brasil pode ter um aumento temporário na capacidade das usinas hidrelétricas, o que pode ajudar a reduzir o risco de bandeiras tarifárias mais elevadas. No entanto, a seca no Nordeste pode afetar a geração de energia eólica, reduzindo o suprimento do subsistema regional.
No setor agrícola, o excesso de chuvas em algumas regiões pode prejudicar as colheitas, enquanto a estiagem em outras pode comprometer culturas como milho, soja e cana-de-açúcar, que dependem de volumes de chuva mais equilibrados para um desenvolvimento saudável.
O que esperar ao longo do mês
Na primeira semana de fevereiro, um canal de umidade sobre o Sudeste, Centro-Oeste e Norte pode trazer chuvas volumosas e riscos de alagamentos. Em contrapartida, a metade sul do Brasil terá tempo seco e temperaturas elevadas.
Já na segunda semana, a instabilidade climática se deslocará para o Sul e o litoral do Sudeste, trazendo chuvas irregulares intercaladas com períodos de calor intenso.
A partir da segunda quinzena de fevereiro, as chuvas devem se equilibrar no centro-norte do Brasil, aproximando-se dos valores médios esperados para a estação. No Nordeste, a tendência é de tempo seco e temperaturas elevadas, impactando a geração de energia e o abastecimento de água.
Conclusão
O mês de fevereiro será desafiador para o Brasil, com chuvas volumosas em algumas regiões e seca em outras. A persistência do La Niña, embora fraca, combinada com fatores atmosféricos e oceânicos, está moldando um cenário climático de extremos.
Com impactos diretos no setor energético, agrícola e urbano, é fundamental que governos e empresas se preparem para minimizar os efeitos das oscilações climáticas, garantindo segurança no abastecimento de água e energia.