Projetos abrangem todas as regiões do país e buscam diversificar fontes de produção, como energia solar, eólica, biomassa e etanol
O Brasil deu um passo significativo rumo à transição energética com o recebimento de 70 propostas de projetos para o desenvolvimento de hidrogênio de baixa emissão de carbono. As iniciativas, anunciadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), durante audiência na Câmara dos Deputados na última terça-feira (3), estão alinhadas com as metas do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2) e visam a descarbonização de setores industriais estratégicos, como fertilizantes, cimento, siderurgia e transporte.
Patricia Naccache, coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono e Inovação do MME, destacou que esses projetos representam um esforço conjunto para transformar o Brasil em um dos líderes globais no mercado de hidrogênio verde. “O Brasil precisa seguir o caminho certo para o desenvolvimento do hidrogênio, aproveitando seu grande potencial para descarbonizar a indústria e promover uma economia de baixo carbono”, afirmou.
A Chamada Pública e o Futuro do Hidrogênio no Brasil
Com o objetivo de criar polos regionais de produção e inovação, o MME abriu uma chamada pública que atraiu projetos de todas as regiões do país. Essas propostas utilizam diversas fontes de energia renovável, como solar, eólica, biomassa e etanol, além de conexões ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Os projetos variam em escala, com capacidade de produção de hidrogênio entre 1 mil e 350 mil toneladas anuais, e um custo médio de produção de 4,72 dólares por quilo.
Naccache enfatizou que os hubs de hidrogênio previstos pelo PNH2 até 2035 são essenciais para atender às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa do país e fortalecer a competitividade industrial. “Os custos competitivos e a diversidade de fontes tornam o Brasil um player promissor neste mercado emergente”, destacou.
Metas do PNH2: Resultados Já Atingidos e Novos Desafios
O Programa Nacional de Hidrogênio, lançado com três metas prioritárias até 2025, já alcançou resultados impressionantes. A primeira prioridade, a definição de um marco regulatório, foi concretizada com a aprovação de diretrizes em agosto deste ano. A segunda, que previa a ampliação em sete vezes dos investimentos anuais em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), foi alcançada dois anos antes do previsto. O terceiro objetivo, ampliar o acesso ao financiamento, continua sendo trabalhado em colaboração com instituições financeiras e parceiros internacionais.
Além disso, o MME está desenvolvendo um decreto para regulamentar pontos essenciais da Lei do Hidrogênio, em articulação com outros 10 ministérios e instituições parceiras. “Estamos identificando os pontos que precisam de regulamentação para garantir que o desenvolvimento do setor seja sustentável e seguro”, explicou Naccache.
O Potencial do Hidrogênio Verde no Brasil
O hidrogênio verde é amplamente considerado uma das soluções mais promissoras para descarbonizar setores industriais e de transporte. No Brasil, a combinação de uma matriz energética predominantemente renovável e abundância de recursos naturais oferece uma vantagem competitiva única. Projetos como os apresentados ao MME fortalecem essa posição, permitindo que o país atraia investidores internacionais e desenvolva tecnologias inovadoras.
A descarbonização da indústria brasileira é crucial para que o Brasil alcance suas metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris. Além disso, ao se posicionar como um exportador de hidrogênio verde, o país pode ampliar sua participação em mercados globais que buscam soluções de baixo carbono.
Próximos Passos
Com a apresentação das propostas, o MME e os parceiros do PNH2 darão início à análise técnica e econômica dos projetos para selecionar os hubs que receberão apoio governamental. A expectativa é que esses projetos atraiam investimentos significativos e coloquem o Brasil no centro da revolução do hidrogênio verde.
A trajetória do hidrogênio no Brasil ainda está em seus estágios iniciais, mas os avanços já conquistados indicam um futuro promissor. Com metas claras, apoio regulatório e uma base diversificada de recursos renováveis, o Brasil está prestes a se tornar um líder global no desenvolvimento dessa tecnologia transformadora.